Este Domingo decorre a final mais aguardada do ano. Não, não é a do Big Brother, mas sim do Super Bowl, a final da NFL. Sim, aquele desporto que não se joga nem com o “foot” nem com uma “ball”. Aquele que nos filmes, o “Quarterback” namora a “Cheerleader” e depois apercebe-se que afinal gosta da miúda do coro e juntos vivem um amor impossível porque ele é popular no “high school” e ela quer ir para o “college”.
Aquele em que homens adultos tentam apanhar um “supositório” castanho e se atropelam e sodomizam mutuamente através de placagens que culminarão seguramente com demências antes dos 50 anos. Aquele que joga o namorado da Taylor Swift. Esse mesmo!
Bem, se calhar devia ter começado por aqui. Antes de mais importa dar contexto. Embora não seja nenhum Tom Brady, eu já gostava de futebol americano antes de ser “cool”. Já sabia o que era um “touchdown” antes da “Love Story” da Taylor Swift e do Travis Kelce. Por isso deixem-me que vos explique.
Este ano a competição opõe os Philadelphia Eagles e a equipa do namorado da Taylor. Eu sei que se chama Kansas City Chiefs e que está a caminho do inédito tricampeonato - o primeiro de sempre. Também sei que têm sido a equipa mais dominante na última década. Mas se esta é a primeira crónica de futebol americano que está a ler, provavelmente é um dado irrelevante.
A “Swiftização” da modalidade é estrondosa. É como se alguém começasse a interessar-se por “soccer” porque a Georgina da Netflix namora o Ronaldo. Aumentaram as views dos jogos, as vendas de merchandising, a procura e preço dos bilhetes, até o SAPO me convidou para escrever um artigo. Se isto não está tudo louco, então eu não sei.
E também sei que posso chocar muitos leitores, mas há mais no Super Bowl do que este namorico entre o ativo mais importante da NFL e o Travis Kelce: os intervalos. Ao passo que no “nosso” futebol cada paragem é encarada como “perda de tempo”, no Super Bowl, cada pausa é um momento de celebração.
Seja um “react”, uma “kisscam”, uma entrevista a um famoso, um close up na Taylor Swift ou até os icónicos anúncios, em que cada 30 segundos chegam a custar mais de sete milhões de dólares e em que as marcas lutam pela melhor #pub da noite. É como se na final da Champions League se resumisse a “quem esteve melhor? A Carlsberg ou a Castrol?”
O ano passado a Uber Eats fez um anúncio que contou com estrelas como Jennifer Anniston e David Beckham. Não admira que as taxas de entrega estejam tão altas, haja dinheiro para pagar a esta gente. Aliás, há tanto dinheiro envolvido na final, que os jogadores que lá andam a placar-se parecem-me ser os mais mal pagos.
E depois vem o tão aclamado “Halftime Show”, onde no futebol muitos se levantam para encher os
copos e esvaziar as bexigas, este é para muitos o clímax da partida. Este ano a honra ficará a cargo
do rapper Kendrick Lamar, que esta semana venceu cinco Grammys e um “beef”.
A expectativa é enorme e, para muitos, o único motivo válido para estar acordado às 2 da manhã num domingo
quando o despertador toca antes das 7h. Quem não deve estar tão entusiasmado é o Drake, ou pelo menos, “Not like us”.
É também o evento televisivo do ano nos Estados Unidos. As bancadas estarão repletas de estrelas de Hollywood, do Youtube como iShow Speed, Desporto como Lebron James até estrelas do “nosso” futebol, como Lionel Messi. Já não se via tanto famoso junto desde as festas do Puff Daddy.
E com tantos artistas potencialmente titulares que até se dão ao luxo de ter a Taylor Swift na
bancada. No fundo, o futebol americano são 11 contra 11, e no final, ganha o espetáculo.
(*) João Nuno Gonçalo é um humorista de 28 anos, diagnosticado com Açorianite Aguda. É médico, mas defende que rir não é o melhor remédio. No que toca a Antecedentes Pessoais destacam-se o facto de ser músico, e ainda comediante assumido desde 2019, sendo que a par do Stand Up Comedy é membro do grupo de sketches "Os Cavaleiros da Távola de Queijos", guionista, criador do Podcast "Fala Agora" e lança vídeos semanais que ultrapassam já os milhões de visualizações no Instagram e Tiktok.
No YouTube pode encontrar os seus espetáculos a solo Nome Próprio (2022) um espetáculo muito autocentrado no seu próprio nome e origem familiar e Herói da Pandemia (2023) onde aborda o papel fulcral que teve em derrotar a COVID19, bem como outros espetáculos.
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