No futebol, costuma-se dizer que em jogos grandes, normalmente, a equipa em pior forma vence. Neste caso, como estão as duas de rastos, obviamente que deu empate.

O Benfica foi a Milão para virar o resultado, mas o melhor que conseguiu foi um empate já no último suspiro do jogo, evitando deste modo a quarta derrota consecutiva. Parece mentira mas é verdade. O Benfica, que há uns tempos parecia um cilindro das obras, a esmagar tudo e todos à sua passagem, é, neste momento, uma Zundapp com rateres, fazendo barulho para obter alguma atenção.

Falando do jogo, taticamente, não foi dos melhores, mas teve golos e, para mim, um jogo com seis golos será sempre um grande jogo. Um adepto paga bilhete para isso, para ver golos, para festejar, sentir emoção. Ninguém gosta de um zero a zero. Às vezes ouço pseudo especialistas de futebol dizerem: "ah e tal, um jogo sem golos, mas muito interessante do ponto de vista tático com as equipas anularam-se mutuamente".

Tudo treta, se querem pagar para ver táticas vão assistir a um jogo de xadrez. Nunca vi ninguém a festejar, amarrado a um desconhecido como se não houvesse amanhã, pelo Kasparov ter comido a torre ou o bispo a alguém. Imaginam um campeonato de xadrez com roulotes de bifanas e cachorros, tochas, cânticos e emoção? Claro que não, fiquem lá com as táticas, eu quero é ver golos!

Este jogo não apurou o Benfica para as meias e também não ajudou lá muito a TVI na credibilidade dos seus comentadores. Se Roger Schmidt arriscou no intervalo ao colocar Neres no lugar do Gilberto, já a TVI juntou no mesmo painel Paulo Futre e Rui Santos. Juntar um beto de boas maneiras do Colégio Militar ao arruaceiro do Montijo é como estar a fumar num armazém de pólvora: Rui Santos não o faria, já o Paulo Futre chamaria a isso uma tarde normal.

Foram 90 minutos de pura risota. A TVI conseguiu inovar mais uma vez, transformando um jogo de futebol num programa de comédia. O Paulo Futre por jogo, manda mais abraços e beijinhos lá para casa do que os velhotes nos programas de domingo à tarde para os seus parentes emigrados na França ou na Suíça. Aposto que ao saírem do estúdio, o Paulo Futre, discretamente terá colocado no blazer do Rui Santos uma caixinha de libidium fast, como quem: "Com essa cara de grávida de 5 meses, está-se mesmo a ver que estás a seco há meses, toma lá um destes e põe o motor a trabalhar".

Para terminar, falar um pouco de João Mário: um jogador de classe e coerente. Nunca foi feliz em Milão e assim continuará.

Lá de cima Bella Guttman estará a rir-se com a sua maldição e a dizer aos benfiquistas que para o ano haverá mais!