Num jogo que podia ser decisivo para as contas do título já nesta jornada, o Benfica venceu o Braga numa reviravolta consumada na 2.ª parte. Aursnes, Rafa e Neres regressaram ao onze do Benfica, enquanto o treinador do Braga promoveu a entrada de Zalazar e Cher Ndour na equipa.

O Benfica até começou por estar por cima e revelou facilidade em aproximar-se da baliza adversária. As combinações entre Aursnes e Neres, bem como os cruzamentos de Di María (quase serviu Cabral para o primeiro do jogo aos 9 minutos) foram o motor do Benfica no último terço perante um Braga que, ainda assim, tentava pressionar o Benfica desde a sua construção.

Com as equipas nos sistemas habituais, vemos na imagem o Benfica na sua construção a 4 (ou 2+2), com Banza a pressionar de forma circular os centrais do Benfica, promovendo duelos individuais directos no resto dos espaços: os extremos na pressão aos laterais, os dois médios interiores do Braga na ocupação do espaço dos médios do Benfica, e um dos médios a sobrar para a marcação a Rafa.

Alexandre Costa, Análise
Alexandre Costa, Análise
Alexandre Costa, Análise
Alexandre Costa, Análise

O Braga, também construindo a 4 (2+2), criou alguns problemas ao Benfica. Ainda que a pressão de Rafa e Cabral tenha sido muitas vezes efectiva, a possibilidade dessa pressão ser batida foi, algumas vezes, um problema para o Benfica. Juntando a solução de ligação aos médios bracarenses, em superioridade numérica com os médios benfiquistas, surgia muitas vezes Horta por dentro, criando uma espécie de 4x2 em zonas interiores, como na imagem.

Alexandre Costa, Análise
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O golo do Braga é o corolário de um conjunto de erros individuais que entregaram de bandeja a Ricardo Horta a possibilidade de inaugurar o marcador na Luz. Vejam-se os apoios de Aursnes, mal colocado para defender, veja-se a precipitação de Otamendi, com uma confiança deslocada nas suas próprias capacidades para interceptar um lance notoriamente fora de tempo, e veja-se Trubin, também mal batido.

Talvez este tenha sido o pior período do Benfica no jogo. Aliás, o Benfica conseguiu apenas recuperar o ascendente na segunda parte. Desta vez, o muito criticado pela forma como mexe na equipa, Roger Schmidt, resgatou Marcos Leonardo e Kökçü ao banco de suplentes e foi capaz de, assim, fazer a diferença. Também a troca de flanco entre Neres e Di María fez a diferença, tornando o ataque do Benfica muito mais dinâmico.

O argentino talvez tenha feito, aliás, dos melhores jogos da época. Contudo, isto é também um sintoma das dificuldades encarnadas em tirar partido do jogo interior, estando muitas vezes dependentes das iniciativas individuais dos extremos. Kökçü foi capaz de trazer alguma desta dinâmica na segunda parte, mas na primeira parte a produção ofensiva da equipa benfiquista esteve altamente dependente da inspiração individual pelos corredores laterais, muito à imagem do que tem sido a época encarnada. Especialmente quando Rafa se mostra mais apagado, como foi o caso ontem.

Na segunda parte o Benfica acelerou a circulação e tornou-se mais forte nos duelos individuais. A entrada de Marcos Leonardo foi decisiva, voltando a destacar-se com mais dois golos, e talvez demonstrando que merece a titularidade. Também Carreras, entrando para o lugar do lesionado Bah, voltou a oferecer largura à equipa e a dar boas indicações.

 Ainda que esta análise seja maioritariamente ao jogo, não parece ser uma coincidência que o período de maior quebra no rendimento encarnado tenha sido após os protestos que marcaram a interrupção do jogo, com o lançamento de tochas para o relvado. É inevitável que os jogadores sintam este tipo de eventos e se deixem afectar por eles. De louvar, contudo, a capacidade de resposta da equipa na segunda parte.