Não me lembro de ver, pelo menos nos últimos anos e no que ao futebol português diz respeito, um jogador despedir-se de um clube como Luís Neto e António Adán tiveram a oportunidade de fazer no Sporting: com o estádio cheio, os adeptos a cantarem os seus nomes e a prestarem a devida homenagem a uma dupla que conquistou dois campeonatos em quatro anos, coisa rara nas últimas décadas da história leonina. Verdade seja dita, depois da última temporada, o Sporting vive um estado de graça tal que se torna propício a momentos como esses.
Paulinho não teve direito a dizer adeus a Alvalade como Neto e Adán, é certo. Deixa, no entanto, o Sporting com um estatuto que nem sempre teve de leão ao peito, pelo menos na perspetiva dos adeptos: o de que é, efetivamente, um jogador de qualidade, útil e, quando inserido no contexto correto, capaz de fazer a diferença.
Depois de ver Paulinho realizar a sua melhor época no clube, mesmo tendo perdido a condição de titular na equipa de Rúben Amorim, o mais fácil para o Sporting seria agir com o coração e mantê-lo no plantel para 2024/25, ou até apresentar-lhe uma proposta de renovação para premiar o rendimento que teve ao longo da última temporada. Esse não foi, contudo, o caminho escolhido pelos leões, que optaram por olhar para o lado racional da situação. E bem, a meu ver.
Há que ter em conta que Paulinho está a poucos meses de celebrar o 32.º aniversário e, mesmo assim, vai render quase 8 milhões de euros aos cofres do Sporting com a transferência para o Toluca. Um valor que fica aquém dos 16 milhões de euros investidos na sua contratação, em 2021, mas que é considerável para um jogador da sua idade. O Sporting, diga-se, nunca tinha vendido um jogador com mais de 30 anos por um valor tão alto.
Ao negociar o seu passe nesta altura, o Sporting permite ainda que Paulinho não só assine o maior contrato da sua carreira, numa das últimas oportunidades que teria para fazê-lo, como lhe dá a possibilidade de deixar Alvalade pela porta grande. Se Paulinho tivesse saído do Sporting há um ano, por exemplo, não iria deixar muitas saudades entre os adeptos leoninos. Ao ser transferido depois de uma temporada em que marcou 21 golos e na qual celebrou a conquista de mais um campeonato, o caso muda de figura: Paulinho vai ser recordado como um dos obreiros do título e um jogador decisivo. É por estas e por outras que, no futebol, há que saber fechar ciclos.
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