O FC Porto ontem tinha o corpo em Aveiro, mas o espírito estava na Liga dos Campeões. Esta simbiose psicossomática deve estar sempre presente em cada jogo. Contudo, frente ao Beira-Mar, os dragões com o pensamento no Málaga, fisicamente moveram-se de forma moderada. Porém o espírito, ao recordar o empate com o Olhanense, e ao constatar que o golo demorava, preocupou-se. Mas não era caso para isso. Era só uma questão de tempo!
O FC Porto mesmo sem ter jogado bem, dominou naturalmente um Beira-Mar, tímido, quase nulo a atacar e frágil a defender. Mesmo com 10 elementos a tentarem desempenhar essa função. O Beira-mar jogou “fechado” no seu meio campo. Fechado não, pois as portas da pressão estavam escancaradas. Os golos do Porto exemplificam a liberdade dada aos marcadores. Atsu tinha quatro opositores a vê-lo executar um excelente golo e Jackson recebeu a bola sem oposição, depois, com uma técnica soberba, assinou mais um golo.
Aconselho as equipas mais fracas a jogarem taco a taco, mesmo com os dois grandes. Por várias razões. Uma delas é, que deveriam respeitar as duas valências do futebol. Defender? Claro, quando não estão na posse de bola. Mas defender de uma forma equilibrada e organizada. O que não acontece por incorreta oposição aos adversários. Outro contra, é convidar as equipas recheadas de ótimos executantes a atacar. É haraquíri.
Mas, se os mais fortes perante a caricata vassalagem dos “pequeninos” vencem como querem, nada impede as equipas menos apetrechadas, incluírem na sua estrutura atacante uma maior participação de jogadores. Uma equipa de elementos menos cotados, bem organizada em termos atacantes, com simplicidade de processos e um ritmo de progressão elevado, pode surpreender, equilibrar, assustar, marcar golos e por vezes até vencer os “gigantes”. Pois mesmo perdendo, ganha a dignidade e o respeito de jogar o jogo pelo jogo!
O FC Porto ao contrário do Benfica quanto aos títulos não tem prioridades. Neste jogo para o campeonato, impôs um ritmo calmo e lento e desta forma poupou-se fisicamente. Mas a intenção de vencer foi demonstrada, pela superioridade imensurável sobre um insignificante Beira-Mar, a qual garantia os três pontos. A prestação apesar de condicionada, e de não ser fulgurante, foi mais que suficiente.
Aproximam-se os oitavos da Liga dos Campeões. Em homenagem aos “ imortais” pintores. Jaime Isidoro natural do Porto e Pablo Picasso que nasceu em Málaga. Espera-se e deseja-se que os artistas do futebol criem também excelentes obras de arte!
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