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Pedro Gomes dá a sua opinião sobre a derrota do Benfica em Paris.
Já aqui escrevi que o Benfica pode ter o melhor plantel dos últimos trinta anos. Mas, coletivamente, é a pior equipa da era Jesus. As exibições no campeonato é o que se tem visto. Frente ao PSG, o Benfica mostrou fragilidades de organização inadmissíveis para uma equipa que tem como objetivo vencer todas as provas que disputa.
O treinador e a equipa técnica são os mesmos elementos, os jogadores, na sua maioria, continuam no clube. As aquisições deveriam ser mais-valias para qualitativamente valorizar a equipa. Porém, ainda não demonstraram serem melhores do que os colegas que substituíram.
Ontem o Benfica defendeu mal. Não pressionou, atuou à zona a olhar, a ver jogar os franceses e a permitir que evoluíssem para o ataque praticamente sem oposição. Não defendeu em bloco, nem pressionou o detentor da bola, nem dificultou os possíveis recetores. Por mau posicionamento e abordagem aos lances, sofreu dois golos oriundos de pontapés de canto.
Defendeu mal, dado que o sincronismo não funcionou. Defender em 4x4x2 exige, para além do que os jogadores devem saber fazer, nas várias zonas do campo, uma inteligente articulação de entre ajuda entre os setores para superarem situações inabituais como foi o caso dos recuos alternados de Ibrahimovic e Cavani.
Para que funcione basta os jogadores cumprirem. Os médios alas devem evitar o avanço dos laterais opositores, mas Van der Wille e Maxwell foram autênticos extremos. Para ter superioridade e ganhar o meio-campo, os dois alas deveriam recuar e juntar-se aos médios centro. Não o fizeram e o trio intermédio francês, perante o duo do Benfica, elaborou o jogo como quis.
Atacou pior, porque o caudal de jogo pelos corredores laterais dos anos anteriores já não é tão líquido, nem tão fluído. Quando essas saídas para o ataque não funcionam, os dois arietes ficam órfãos de cruzamentos. Também quando solicitados pelo corredor falta-lhes várias movimentações combinadas para ludibriar a defesa adversária. Mesmo com estas limitações a dupla Cardoso- Lima é a mais rentável.
Jesus já realizou no Benfica o que poucos conseguiram. Nada indicia que perdeu faculdades. Ao invés tem capacidade para recolocar o Benfica a jogar ao nível do passado recente. Mas ele e a equipa técnica têm, urgentemente, de refletir para encontrar as razões e as soluções para superar esta má realidade futebolista. Têm de explicar, ensaiar e praticar com os jogadores, para que eles saibam o que devem fazer e exigir-lhes que o façam!
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