José Mourinho concedeu uma entrevista a Fabrizio Romano, especialista no mercado de transferências, na qual voltou a reforçar o desejo de regressar. Algo que poderá acontecer já no verão, diz Mourinho, citado pelo Jornal 'O Jogo'.
"Estou pronto para começar. Às vezes, quando terminas num clube, sentes a necessidade de descansar, mas neste caso estava pronto [para regressar ao ativo] um dia depois de ter saído [da Roma]. Sinto-me bem e estou mesmo pronto, mas não quero fazer a escolha errada e não posso aceitar algo só pelo sentimento e pela paixão de voltar. Estamos em março e algo acontecer agora ou em abril é difícil, mas meu o objetivo é começar [a treinar] no próximo verão".
E será a Arábia Saudita uma opção?
“Acho que o Cristiano abriu a porta em termos de as pessoas acreditarem agora que é possível estar lá, viver lá e desfrutar do desenvolvimento de um país que quer ser diferente, com um futebol apaixonante, apesar de não ser tão desenvolvido. Acho que ele abriu a porta e quando recebi uma proposta de lá recusei porque a Roma e o futebol europeu eram mais importantes para mim na altura, mas no futuro... A experiência ensinou-me a não dizer nunca a nada, mas se me perguntarem porque vou à Arábia hoje em dia, é porque estou a desfrutar de outras coisas, não para assinar contratos, porque estou à espera do final da época para tomar uma decisão”.
O técnico português deixou a Roma na presente temporada e já foi noticiado um possível regresso seu ao Chelsea. Sobre o facto dos adeptos ainda cantarem o seu nome nas bancadas, Mourinho lembra que sempre teve uma boa relação com os adeptos dos clubes por onde passou, fruto também dos títulos conquistados.
"O melhor que o futebol tem são os adeptos, porque eles não fazem dinheiro com o futebol, às vezes gastam dinheiro da família e fazem sacrifícios pelo futebol e pelo seu clube, por isso por norma são justos. Quando não gostam de um jogador ou de um treinador por alguma razão... No meu caso, independentemente dos resultados – felizmente sempre tive a sorte de festejarem algo – acho que eles veem quando estás comprometido e eu estou sempre comprometido com o clube em que estou e com os seus adeptos".
Mourinho recordou também o papel que diz ter assumido na passagem por alguns clubes, nalguns casos não apenas com a função de treinar.
"Eles sabem que dou tudo e por causa da minha personalidade, no final, sou sempre mais do que um treinador. Em alguns clubes, tens de ser o treinador, o diretor técnico, o diretor de comunicação e a imagem que defende o clube e isso é algo que as pessoas reconhecem, mas ao mesmo tempo o treinador não gosta, porque o que eu quero ser é [apenas] treinador. O cenário ideal é quando o clube tem uma estrutura que permita ser treinador. Eu fui treinador no Inter, no Real Madrid, na minha primeira passagem no Chelsea, no FC Porto... Noutros clubes não fui [só] treinador, o que é muito difícil, mas acho que a minha relação com todos os adeptos dos clubes com quem trabalhei é que eles viram que cheguei, vesti a camisola e lutei por eles”.
Na mesma entrevista, 'Mou' abordou o facto de ser o único treinador a ter chegado a duas finais europeias consecutivas.
"O primeiro sentimento que tenho é que parece que não aconteceu, porque as pessoas quando falam de mim normalmente focam-se mais no que aconteceu há 15, 10 anos atrás e isto acontece muito com os treinadores na Europa. Os melhores costumam treinar as equipas com mais possibilidades de chegar a finais. Eu cheguei a três finais nos últimos dois anos, uma no Manchester United e duas na Roma, e se nos focarmos nos últimos dois anos, fui o único que chegou a duas finais. Olho para isso com diversão e orgulho, porque quando fazemos isso com um clube sem história na Europa, percebemos que foi algo realmente especial. Este ano não vou estar numa final, mas na próxima época espero dizer que fui o único a chegar a três finais europeias”.
A aproximação de Mourinho à seleção nacional já foi tema em diversas situações, a última delas aquando da saída de Fernando Santos, disse o treinador luso a Fabrizio Romano.
O meu sentimento com Portugal é que tive duas ou três vezes a porta aberta para vir, o lugar seria meu. A primeira foi quando estava no Real Madrid e o objetivo era ser o selecionador de Portugal em part-time, mas quando o Florentino Pérez disse que não seria possível, aceitei-o. Nesta segunda vez [depois do Mundial’2022], se me arrependo de não ter aceitado, porque depois fui despedido da Roma? Não me arrependo, porque estou feliz com a razão pela qual não aceitei. Treinar uma seleção no futuro é um objetivo, mas não sei se estaria feliz a fazê-lo amanhã. Se me dissessem antes de um Mundial, de um Europeu, de uma Copa América ou de uma CAN, diria que sim, mas esperar dois anos para isso... Não sei, talvez um dia aceite, mas não sei se desfrutaria”.
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