A sexta sessão de julgamento da Operação Pretoriano prosseguiu durante a tarde desta terça-feira com mais testemunharas que prestaram depoimento.

Uma das testemunhas foi uma hospedeira que esteve ao serviço na Assembleia Geral do FC Porto, no dia 13 de novembro de 2023. A pessoa em questão confirmou insultos a André Villas-Boas e admitiu que reconheceu Fernando Madureira no auditório. Ao contrário das testemunhas da manhã, a hospedeira não pediu que os arguidos saíssem da sala.

"Quem reconheci no auditório? Só o Fernando Madureira. Se vi crimes? Vi insultos, vi cânticos por Pinto da Costa, quem estava lá era apoiantes dele. Se senti diferença na Arena? Sim, mais ameaças, a dizer para estarem calados, que não podiam falar. Vi o Fernando e a Sandra [Madureira] a entrar na [Dragão] Arena, mas o Fernando ficou de pé. Os cânticos já não se ouvia tanto, ouviu-se ameaças. Recordo-me de ouvir insultos. Foi um ambiente tóxico. Recordo-me das agressões, mas foi mais para o final da AG. Quem foi agredido? Não conheço as pessoas, recordo-me que vi um pontapé na cara a uma senhora que depois rolou pelas escadas", afirmou a hospedeira.

De seguida, voltou a referir-se a Fernando Madureira nas declarações. "Senti que havia alguém contra a atual administração. Recordo-me que havia alturas em que as pessoas tinham de levantar o braço e eles diziam para baixar. Madureira dizia para baixarem os braços, para se calarem, senão fazia ameaças. Não me recordo das palavras exatas."

Para além disso, a testemunha também revelou alguns momentos de tensão em que Henrique Ramos esteve envolvido, mas frisou que não assistiu a agressões por parte do ex-líder dos Super Dragões.

"Ele inicialmente estava a apoiar, depois foi contra alguns tópicos. Depois levantou a camisola e revelou uma tatuagem alusiva ao Pinto da Costa, e todos aplaudiram. Estava apenas contra alguns pontos. Recuou até à bancada e aí foi mais tenso. Vi Fernando Madureira e mais dois elementos a descer e ameaçaram o Henrique Ramos. Se o Madureira estava a ter uma atitude intimidatória? Sim, mas não vi qualquer agressão. Nenhuma, aliás. Ao Madureira vi-o a falar de um varandim para o Henrique Ramos", referiu.

Relativamente ao ambiente da Assembleia Geral, a testemunha garantiu que não sentiu medo, ainda que tenha sentido que "não estava tudo bem". Para além disso, aponta o dedo aos órgãos sociais, alegando que nada fizeram para evitar o conflito.

"A direção nada fez para travar o que estava a acontecer. Quem podia travar? O presidente da mesa da AG podia ter parado após as primeiras ameaças.", concluiu.