Numa espécie de balanço, Rafa falou sobre todos os treinadores com que lidou na Luz, mas os principais elogios foram diretamente para Roger Schmidt.

"Espero que continue cá muitos anos, espero que o apreciem como treinador, porque não têm noção da pessoa que está aqui. Foi uma das fortes razões para eu ter continuado no Benfica, numa altura em que as coisas não estavam a fazer o mesmo sentido na minha cabeça. Tivemos uma conversa depois das nossas férias e fez-me ficar cá. Sou muito agradecido pelo que ele fez por mim, por ter percebido a pessoa que eu sou e sabido lidar comigo e gerir o que eu sou. Um treinador é muito importante também quando sabe lidar com as pessoas. Foi muito importante no meu percurso no Benfica nestes últimos dois anos e conseguiu trazer-nos títulos outra vez depois de três anos",

O avançado confirmou as propostas tentadores que teve no passado recente, especialmente na última época, mas explicou o porquê da recusa, mostrando-se indiferente ao dinheiro.

"Eu privilegiei sempre estar cá, não porque fui obrigado, não porque alguém queria que eu cá ficasse. Fui eu sempre que decidi, tivesse mais dinheiro, menos dinheiro, foi sempre uma decisão minha ficar cá porque a minha família estava cá, eu estava cá, eu sentia-me feliz cá. E acho que isso é o mais importante, eu sentir-me bem num sítio. E se eu me sinto bem num sítio, eu vou ficar, porque, para mim, isso vai ser sempre o mais importante, não interessa muito 'Ah, aqui vais ganhar mais, aqui vais ganhar mais'. Não foi isso, nunca, que eu quis na minha vida".

Sobre a saída, Rafa acredita que deixa a Luz com o sentimento de dever cumprido, do ponto de vista pessoal, e no momento certo.

"Saio todo contente porque sei que fiz o meu trabalho e as pessoas que deixo para trás são amigas e que considero muito na minha vida. Teria de sair e iria sair pelo meu pé", disse o antigo internacional português, falando na coincidência de se ter estreado e acabado com o Arouca. "Disse isto num grupo nosso que estava a bater tudo certo. A estreia foi contra o Arouca, em Arouca, e que a despedida fosse contra o Arouca, agora em nossa casa… Acho que foi uma coisa perfeita."

Quanto ao palmarés, Rafa queria mais, mas lembra que no futebol, assim como na vida, ganhar sempre é uma utopia.

[Três campeonatos, três Supertaças e uma Taça de Portugal] "Gostava de ter mais, como é óbvio. Sinto que muitas vezes podíamos ter tido outro desfecho, mas o futebol é assim. Para mim, o futebol e a vida são assim. Não é tudo como queremos, não vamos ganhar sempre, e o sabermos estar, o sabermos estar a perder, também é uma coisa que tive de aprender, e saber lidar, porque não é fácil. As pessoas pensam que nós saímos daqui e está tudo bem, porque ganharam o dinheiro deles e agora vão para casa, vão de férias. As coisas não são assim."

Rafa Silva fez o seu último jogo pelo Benfica no Estádio da Luz. O avançado fez dois golos e foi homenageado por adeptos e companheiros de equipa. Esta sexta, em Vila do Conde, Rafa, assim como Di María, não fizeram parte da convocatória.