Perante o crescimento do setor, “é importantíssima a intervenção do governo” na regulamentação e prevenção, disse à Lusa o diretor da E2 Tech, uma das maiores empresas do país de organização de eventos e produção em esports.
“É importantíssima a intervenção do Governo, e a nível europeu e mundial [essa intervenção] está a começar a acontecer. Os esports são mesmo um desporto, e vieram para ficar, por isso é preciso olhar para este novo desporto, é preciso regulamentação, prevenção... é precisa tanta coisa que é realmente necessário que o Instituto Português do Desporto e Juventude e o Governo olhem para isto”, declara Pedro Silveira, em entrevista à Lusa.
Questionado sobre a importância de um reconhecimento estatal, o fundador da E2 Tech, que organiza, entre outras coisas, a Master League Portugal, de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), explica que o Governo “tem de pensar como ajudar este fenómeno”.
“É muito importante levar o fenómeno de forma muito séria, porque a coisa está a acontecer, está a acontecer em força, e veio para ficar. Há aqui muito do que os nossos jovens vêm, e é preciso perceber que isto não é passageiro, muitos são profissionais e ganham dinheiro com isto”, acrescenta.
É necessária “a regulamentação de tudo”, de “contratos a torneios”, para se poder “chegar a algo muito parecido ao que existe noutros desportos”, porque os esports “mexem com uma indústria muito grande, existem verbas de empresas de periféricos, de materiais, os próprios videojogos”, entre outros.
Pegando no exemplo da E2 Tech, Pedro Silveira lembra que um evento como o Moche XL Esports envolve um custo de “meio milhão de euros”, verba que a empresa tenta baixar “com parcerias” e outros contratos.
Por outro lado, o rendimento trazido por eventos físicos “pode andar, variando muito, entre os 50 a 300 mil euros, por exemplo”, com a pandemia de covid-19 a trazer um ‘rombo’ à realização deste tipo de iniciativas.
Com 10 trabalhadores e outro colaborador independente, Silveira admite que “parte da equipa está em ‘lay off’”, num ano “completamente atípico em que se está a tentar sobreviver”.
O último grande evento realizado pela E2 Tech, o Moche XL Games World, foi em novembro de 2019, e encontravam-se a preparar o Europarque Gaming Experience, em Santa Maria da Feira, bem como “cerca de 30 Game Days”, organizados em parceria com municípios.
Tudo isso foi cancelado ou adiado, razão pela qual algumas competições passaram a decorrer ‘online’.
Foi lançado um outro evento, a XL Party Online, e criaram depois parcerias com canais desportivos “para fazer torneios e iniciativas”, como o JogaEmCasa, com futebolistas e figuras públicas.
“Virámos um bocadinho a nossa atuação para o ‘online’, porque era o que podíamos fazer na altura. Para uma empresa como a E2 Tech, que quer fazer três grandes eventos anuais, não é a mesma coisa. [Também] a aposta dos parceiros é completamente diferente”, completa.
Com uma “atenção muito maior para os esports” dada durante o confinamento, devido à paragem dos desportos ditos tradicionais, como principal fator positivo deste ano, “até surgiram mais competições” e este momento serviu, afirma, para comprovar o apelo e a capacidade do setor de “sobreviver” neste tipo de condições.
“Os esports, na minha opinião, são claramente o entretenimento preferencial das novas gerações, e vão continuar a ganhar e a crescer”, atira.
Outra aposta crescente da empresa é na produção de conteúdos e na produção de eventos e iniciativas dentro dos esports, também devido à “aposta crescente por parte dos grandes grupos de ‘media’”, que já perceberam que “há público, muito público, que hoje está na Twitch ou no YouTube a ver esports”.
Para Pedro Silveira, o setor é “uma pescadinha de rabo na boca, quanto mais se fizer no setor, mais ele vai crescer”, e o homem forte da E2 Tech pede mais aposta no mercado, mais profissionalização para as organizações e equipas e “mais apoios”, que levarão “com toda a certeza a mais resultados”, algo que já se vê no nível competitivo crescente, por exemplo, em CS:GO.
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