O português Ivo Campos, treinador do Interclube de Angola, elogiou o facto de ter sido decretado há seis dias o estado de emergência pelo governo angolano, devido à pandemia de COVID-19, aconselhando os cidadãos a isolarem-se.
"Acho que estamos a fazer de uma forma correta, as medidas aqui, em Angola, foram feitas com muito tempo de antecedência e penso que isso será a nossa salvação, coisas que na Europa não fizeram", disse hoje à Lusa o treinador de futebol, que está há oito anos em Angola.
Angola, com sete casos confirmados de pessoas infetadas e duas vítimas mortais, entrou hoje para o sexto dos 15 dias prorrogáveis do estado de emergência, que visa conter a propagação do vírus.
A proibição da circulação de pessoas e de viaturas na via pública para evitar aglomerações são algumas das medidas que, no entanto, têm sido violadas constantemente pelos cidadãos, segundo as autoridades.
Para o treinador português, de 39 anos, em isolamento social em casa em companhia da família, "é necessário maior rigidez" para com os cidadãos que em Luanda e em outros pontos de Angola insistem em sair à rua.
Preocupado com a propagação do novo coronavírus na Europa, sobretudo em Portugal, onde residem os pais, e na Alemanha, onde vive a irmã, Ivo Campos conta que, de noite, o seu sono "é leve" e de dia tem mais tempo com a família, para leitura e interação com a equipa.
"Acho que nem chegamos a dormir, porque a preocupação em muito grande e isto [pandemia de COVID-19] foi criado por nós e temos de resolvê-lo", atirou.
Segundo os peritos, sublinha, a melhor forma é a prevenção e "ficar em casa é melhor, por ser um mal ao qual não nos podemos expor".
Ivo Campos orienta desde 2019 a equipa principal de futebol do Interclube, atual oitavo classificado do campeonato angolano de futebol, com 31 pontos, competição que, à entrada da 26ª jornada, regista pausa forçada devido à pandemia.
Além do ‘Girabola’, o Interclube é também semifinalista da Taça de Angola.
Com a competição cancelada, o treinador disse que interage diariamente com a equipa e pela plataforma digital, fiscaliza a execução do plano de treinos dos jogadores, referindo que os atletas enviam comprovativos dos treinos através de pequenos vídeos.
"Em casa, a atenção é para a criança e os deveres de escola, o facto de entrar em pausa escolar temos sempre atividades com ela, mas agora tenho mais tempo com a família, sou treinador há 18 anos e, como adoro ler, passo mais tempo a ler", frisou.
Em relação ao desempenho do Interclube na presente época futebolística, o técnico português refere que a equipa está a criar uma identidade própria, referindo que assumiu o risco de promover jovens atletas, que garantem "solidez" ao grupo.
“Puxamos para a equipa principal atletas dos escalões inferiores e esse é o nosso projeto. Acima de tudo, estamos a preparar a equipa para o próximo ano, porque estamos muito longe, temos de admitir, dos lugares cimeiros", afirmou.
Depois do Mambroa do Huambo, Ivo Campos, que já trabalhou como treinador adjunto na equipa que agora lidera, tem também passagens pelo Benfica de Luanda e Bravos do Maquis.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de COVID-19, já infetou mais de 865 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 165 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, que está em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril, registaram-se 187 mortes e 8.251 casos de infeções confirmadas, segundo o balanço feito na quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
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