Vários clubes desportivos venezuelanos estão em risco de falência técnica, devido à crise na Venezuela e aos efeitos da pandemia da covid-19 no país, alertou o lusodescendente António da Silva.
“Há alguns clubes perto da falência técnica e vão ter que fechar as portas de facto, outros vão ser vendidos a outros proprietários”, disse à agência Lusa.
Produtor do programa “3.º tempo” no canal desportivo Meridiano Televisão, António da Silva insistiu que a pandemia da covid-19 “tem afetado, de maneira forte, importante” a atividade desportiva no país, em particular a amadora, que está paralisada.
“As atividades das academias de jovens, os campeonatos de categoria juvenis, o futsal, o futebol feminino. Todas as modalidades desportivas estão sem atividade, com todas as consequências económicas que isso ocasiona para treinadores e fornecedores”, explicou.
“os próprios atletas, no seu desenvolvimento, sobretudo quando falamos de categorias jovens, que viram interrompido esse processo formativo. Isso é grave e vai trazer consequências no futuro”.
“A nível profissional, o futebol, o basquete, o basebol que são os desportos de maior importância e atividade no país, conseguiram, através de modalidades de ‘borbulha’ avançar nos seus compromissos, mas (…)há muitos clubes a sentir o ‘rigor’ de não ter acesso aos ingressos dos bilhetes das entradas aos estádios, a fornecedores e à publicidade de patrocinantes”, disse.
António da Silva, jornalista desportivo e promotor do futsal na Venezuela, indicou existir um outro problema, a escassez local de combustível, que gera ainda mais apreensão.
“Neste momento, a distribuição do combustível a nível de todos os organismos no país, é complicada e isso afeta o deslocamento das equipas, num formato tradicional, o viajar às outras cidades, ser visitado ou visitar”, afirmou.
Para este lusodescendente, a Venezuela já “estava em crise, prévia” à pandemia da covid-19 e “é um país muito polarizado" politicamente, “em que os extremos têm a voz mais forte”.
“A esperança é que ao longo de 2021 a vacina possa conter um pouco a propagação da pandemia. Há incerteza, mas esperança, mesmo sabendo que vai ser impossível voltar ao que era antes da covid-19”, disse, insistindo que “é importante e é preciso que os espetadores voltem aos estádios”, mesmo com condicionamentos.
“A covid-19 não nos tem afetado da mesma maneira”, acrescentou o produtor televisivo, ao comparar a situação na Venezuela com a de outros países da América Latina.
O Governo venezuelano “tem conseguido controlar a propagação da doença” num país, com “outros problemas, a distribuição do combustível e a crise económica severa, que configuram um quadro que para o desporto já era um desafio, prévio à covid-19 e que a pandemia veio complicar”, insistiu.
Sobre os clubes portugueses locais, António da Silva afirmou que são fundamentais e com grande protagonismo.
“A atividade geral social de um clube português, aqui na Venezuela, é o desporto. É o futebol, o futsal, dependendo obviamente do clube. Têm também outras modalidades desportivas também e estão inseridos nas competições nacionais e regionais, em representação da comunidade e da cidade onde fazem vida”, salientou.
No entanto, “com a quarentena, com a proibição das reuniões e da atividade social, deixaram de ter atividade e não há maneira de contornar” a situação.
“Agora há um esquema flexível de 7+7, sete dias de quarentena radical seguidos de sete dias de quarentena flexível. Os clubes portugueses vão ter que elaborar um calendário de atividades ajustadas a isso (…) mas se a propagação da doença aumentar teremos que voltar a um confinamento mais radical e estrito”, explicou.
Promotor do futsal, António da Silva explicou ainda que “há três anos que trabalha, em coadjuvação com a Federação Venezuela de Futebol (FVF), o organismo que gere a atividade e a organização dos campeonatos profissional e juvenis, masculinos e feminino” no país.
Também que tem um relacionamento próximo com uma das listas de candidatos que procuram chegar a dirigir a FVF, e desde aí impulsar o futsal na Venezuela, na componente profissional e de formação com um programa para o período 2021 a 2024.
“Para relançar uma modalidade que no nosso país chegou a ter muito boa aceitação, com um campeonato profissional que tinha transmissões ao vivo tanto pela televisão aberta como por cabo”, frisou.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.325.744 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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