A árbitra Lília Martins ambiciona chegar à I Liga feminina de futebol, num percurso em que tem Andreia Sousa, Catarina Campos e Bárbara Domingues como referências e num país que, a seu ver, integra bem os ‘juízes’ estrangeiros.
Árbitra desde 2012, Lília Martins ascendeu à terceira categoria da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) no início da época 2023/24 e quer continuar a escalar ‘degraus’ para concretizar, pelo menos, a ambição de dirigir jogos no principal campeonato nacional feminino.
“Todos os árbitros querem ascender o máximo possível. Estou na terceira categoria. O primeiro passo é chegar à segunda, depois à primeira. Apitar um jogo da I Liga feminina já era ótimo, porque é uma liga que evoluiu muito, que já tem videoárbitro, que exige muito. Chegar à I Liga feminina e a internacional era espetacular”, refere, em declarações à Lusa.
Natural de Val d’Oise, nos arredores de Paris, em França, a ‘juiz’ de 27 anos mudou-se para Viana do Castelo aos seis anos e fixou-se em Bragança em 2018, passando a integrar os quadros da respetiva associação de futebol, em representação da qual espera seguir as ‘pisadas’ da internacional Catarina Campos, de Andreia Sousa, assistente em vários jogos masculinos, ou de Bárbara Domingues, árbitra com a qual trabalhou no Alto Minho.
“Tenho várias referências: a Catarina Campos e a Andreia Sousa, que é mãe de dois filhos e tem a carreira incrível que tem. A nível mais próximo, tenho a Bárbara Domingues. Sempre me apoiou. Foi minha chefe de equipa. Após ter tido uma criança, três meses depois já estava a prestar provas e a arbitrar. São exemplos de superação”, vinca.
Ligada desde criança ao desporto, Lília Martins jogou voleibol no Areosense, clube de Viana do Castelo, e futebol numa equipa mista do Monserrate, emblema do mesmo concelho, antes de optar pelo curso de arbitragem aos 14 anos para continuar ligada à modalidade.
Concluído o curso no Núcleo de Árbitros de Futebol do Distrito de Viana do Castelo, num grupo em que era uma das duas mulheres entre 60 elementos, a ‘juiz’ cumpriu o seu primeiro jogo oficial em 14 de abril de 2012, como assistente, nos escalões de formação, e admite que, ao princípio, foi difícil impor autoridade nos encontros masculinos de seniores.
“Encontrava pessoas que tinham quase idade para ser meus pais e não aceitavam muito bem o facto de uma miúda daquela idade dirigir o jogo. Atualmente, não sinto essa diferença. Estou agora numa associação em que sou a única árbitra feminina no escalão sénior”, recorda, num momento em que há 100 árbitras inscritas na FPF.
Radicada no nordeste transmontano na sequência da licenciatura em ciências biomédicas laboratoriais no Instituto Politécnico de Bragança, Lília Martins conjuga o trabalho num ginásio com a arbitragem, atividade que a ocupa praticamente todos os dias, entre três e quatro horas, em treinos, planeamento dos jogos ou formações.
Lília Martins tem acompanhado, em Bragança, a integração de árbitros brasileiros, nomeadamente Eduardo Nunes e Laís Serafini, e crê que o processo “corre bem”.
“Todos eles se deram bem na arbitragem. Foi fácil ambientarem-se ao futebol e às pessoas. Houve uma colega, a Laís, que teve de desistir do futebol por motivos profissionais, mas sempre se ambientou bem e nunca teve qualquer tipo de discriminação”, esclarece.
A FPF contabiliza 25 árbitros estrangeiros na presente temporada, o maior número até agora registado, com o Brasil a aparecer em maioria, com oito, à frente da Suíça, com cinco, da Venezuela, com três, e da França, com dois.
Os restantes estrangeiros são provenientes de Roménia, África do Sul, Argentina, Cabo Verde, Canadá, Guiné-Bissau e Ucrânia.
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