“Em agosto do ano passado, fui convidado a regressar a Moçambique. Houve algumas alterações, na forma de jogar da equipa e de algumas metodologias aplicadas, e o balanço desde que regressei é muito positivo. Os resultados, que não são o único barómetro de avaliação do trabalho, mas não deixam de ser importantes, têm sido muito positivos”, destacou, em entrevista à agência Lusa.
Luís Gonçalves já conhecia a seleção, depois de ter sido ajunto de Abel Xavier, entre fevereiro de 2016 e maio de 2018. Seguiu-se um ano nas seleções jovens chinesas e o regresso a Moçambique.
Com quatro vitórias e um empate, os resultados atestam a avaliação do técnico, que ambiciona “modernizar a federação” para que a “representação do futebol moçambicano seja mais forte e mais competitiva”.
O treinador português assinalou o “grande empenhamento” diretivo e destacou o reforço da estrutura, com o diretor técnico Arnaldo Salvado.
“É preciso procurar, encontrar e, depois, desenvolver e é nesta parte do desenvolver que tem de ser feito um investimento maior. Em última análise, as seleções nacionais são o produto do trabalho que é feito nos clubes, que são os principais formadores”, referiu, dizendo alguns aspetos essenciais para o desenvolvimento, como “campos para treinar, uma estrutura organizada e treinadores com formação”.
Luís Gonçalves considera que a federação é o “motor de desenvolvimento” do futebol e tem que dar as orientações aos clubes, num projeto que tem de ser pensado para todo o país, já que Moçambique é “muito grande e tem muita diversidade”.
Ainda assim, alertou para um problema ainda existente, que é a “falta de alimentação adequada”: “Não devemos esquecer que Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, mas o Governo está muito empenhado e temos de tentar ultrapassar em conjunto”.
Em relação à carreira pessoal, “reflexo ou consequência das oportunidades” que têm aparecido, Luís Gonçalves não esconde que gostaria de voltar a Portugal, onde trabalhou na formação do Sporting e do FC Porto, além de ter sido adjunto em clubes como Belenenses e Tondela, mas que o foco está na seleção de Moçambique, com quem tem contrato até 2022.
“Já tenho bastantes anos de futebol, em vários contextos diferentes, quer na formação, quer no futebol profissional. Neste momento, estou muito focado em levar Moçambique à CAN2021 (Taça das Nações Africanas de 2021). Seria um feito muito bom para todos”, salientou.
Moçambique não chega à fase final da CAN desde 2010, mas lidera o Grupo F de qualificação para a edição de 2021, com os mesmos quatro pontos dos Camarões, do também português António Conceição.
Uma concorrência que, segundo Luís Gonçalves, “não faz muito sentido”, uma vez que a seleção camaronesa é a anfitriã da competição e vai disputá-la nesta condição.
Já uma presença inédita num Mundial seria um sonho para todo o país, realçou Luís Gonçalves.
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