O futebolista internacional português Cristiano Ronaldo enalteceu hoje a mentalidade de Diogo Dalot, companheiro de equipa nos ingleses do Manchester United e na seleção nacional, distinguindo-a do padrão das novas gerações.
“Quem mais admiro a nível de força mental? É uma questão difícil. Por exemplo, se me perguntar pelo que vejo no Manchester United, menciono provavelmente Diogo Dalot. É jovem, mas é inteligente e muito profissional. Não duvido de que vai ter longevidade no futebol. Temos mais alguns como o [Lisandro] Martínez, o Casemiro, que está nos 30 anos, mas digo Diogo Dalot”, confidenciou o capitão da seleção portuguesa, cuja primeira parte da entrevista concedida a um canal televisivo britânico foi hoje divulgada.
Na conversa com o jornalista inglês Piers Morgan, que teve diversos excertos divulgados desde domingo, o avançado, de 37 anos, considerou que os jovens atletas “vivem numa era diferente”, fazendo com que “aquilo que ouvem entre num ouvido e saia pelo outro”.
“Vejo pelo meu filho de 12 anos. A mentalidade já não é a mesma. A diferença? Está na fome. Tudo chega mais facilmente para eles. Não sofrem e não querem saber, mas não os podemos culpar. Faz parte da vida, das novas gerações e das novas tecnologias que os distraem. Não me espanta, mas envergonha-me, quando têm exemplos ao lado”, atirou.
Cristiano Ronaldo lembrou a sua primeira passagem por Manchester, entre 2003 e 2009, para frisar que “queria aos 18/19 anos aprender com os melhores”, tais como Ruud van Nistelrooy, Rio Ferdinand, Roy Keane e Ryan Giggs, para ter “sucesso e longevidade”.
“[Os jovens] não querem saber. Alguns sim, mas a maioria não. Eles não terão carreiras tão longas. É impossível. Por exemplo, há atletas na minha geração que chegam aos 36, 37 ou 38 anos a alto nível. Penso que nesta geração contaremos pelos dedos de uma só mão quantos vão chegar a esse nível. Os anos de preparação ajudaram muito”, ilustrou.
Querendo “liderar pelo exemplo”, o vencedor de cinco Bolas de Ouro (2008, 2013, 2014, 2016 e 2017) segue “orgulhoso” por ser a figura pública mais seguida nas redes sociais, comparando-se, em jeito de brincadeira, a “uma fruta que as pessoas querem trincar”.
“Significa muito, pois as pessoas gostam de mim. Para ser honesto, não apenas porque jogo bem futebol, mas o resto é relevante. Tens de ser carismático, encontrar uma boa conexão e ter boa aparência ajuda [risos]. Não sei a real razão, mas penso que sou uma fruta apetitosa, que as pessoas querem trincar. Vamos dizer morango [risos]”, gracejou.
Cristiano Ronaldo advertiu, porém, “ter de lidar com muitos obstáculos” durante as duas décadas vividas no futebol profissional, sobretudo “quando estava na maré de baixo”, defendendo que a “imprensa é lixo, não diz a verdade e está constantemente a mentir”.
“É fácil criticar-me quando queres camuflar outras coisas. A imprensa queria colocar-me na primeira página, porque sabia que ia vender mais. Habituei-me a viver assim. Quando estás na crista da onda não te apercebes de algumas coisas. É por isso que aprecio ter maus momentos para ver as pessoas que estão do teu lado ou quem te critica”, reiterou.
O dianteiro sentiu recentemente essa “negatividade” de antigos colegas de equipa, como Gary Neville ou Wayne Rooney, face ao início atribulado de temporada no Manchester United, três golos em 16 partidas, 10 das quais como titular, num total de 1.050 minutos.
“Nos últimos quatro ou cinco meses, a imprensa criticava-me ainda mais. Às vezes, não percebia o porquê. Até a imprensa portuguesa me criticava muito. Acredito que a inveja fará parte disso. Agora, quero saber das pessoas que gostam de mim e não perco tempo com quem não gosta. Gosto de estar rodeado pelas pessoas que me adoram”, agregou.
Em sentido inverso, Cristiano Ronaldo costumou ter ao lado Rio Ferdinand e Roy Keane, referindo que o ex-defesa inglês o “ajudou sempre”, enquanto o antigo médio irlandês foi “o melhor capitão de sempre”, mas sem querer elogiar ambos “porque falam bem” de si.
“É fácil criticar se não estás lá dentro. Quando estás a trabalhar numa televisão, tens de criticar para ser mais famoso. Eles tiram vantagem, porque não são estúpidos. É difícil e duro quando vês quem esteve contigo no balneário a criticar-te deste modo, mas não vou dormir mal por causa das críticas. Isso não é bom. É um pouco desapontante”, concluiu.
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