Em declarações ao SAPO Desporto, o analista Tomás da Cunha comentou a contratação de Roberto Martínez como novo selecionador nacional e que este poderá trazer de novo à equipa das quinas. O comentador considera que ex-técnico da Bélgica poderá marcar a diferença a nível tático e com uma ideia mais ofensiva do que acontecia com Fernando Santos.

Surpreendente esta escolha? "Em primeiro lugar penso que a escolha surpreendeu a maioria das pessoas, senão todas as pessoas. Os nomes que apareciam conotados à Seleção Nacional para além de Abel, Mourinho, Rui Jorge surgiram outros de estrangeiros com o de Luís Enrique, de outro gabarito que o de Roberto Martínez. Não tanto pelo passado, mas mais pela último Mundial que acabou por marcar pela negativa a trajetória na seleção da Bélgica, que teve como ponto alto o Mundial de 2018, uma grande geração. Mas a imagem recente deixa algumas dúvidas, sobre o que Roberto Martínez pode acrescentar à seleção portuguesa."

Roberto Martínez não é um nome consensual: "É verdade que até tem uma experiência larga como selecionador numa das principais equipas do futebol europeu e mundial e essa transição pode ser facilitada, mas pensou-se que a Federação poderia apostar num nome mais consensual e que gerasse outras expetativas. Pensando em Scolari que foi o último selecionador estrangeiro chegou como campeão do Mundo e às portas do Euro 2004, acabou por ser galvanizador na seleção portuguesa e Roberto Martínez não cria altas expetativas à partida. Isso até pode ser um ponto positivo, vamos lá ver se consegue aproveitar isso a seu favor."

Esperam-se alterações táticas na equipa portuguesa com a chegada de Roberto Martínez? "Em termos de sistema tático, é um treinador que pode marcar a diferença para Fernando Santos porque utiliza e utilizou maioritariamente os três centrais na seleção da Bélgica, só que há um problema, é que Portugal não tem muitas opções nos últimos anos para centrais. Por outro lado há alguns nomes jovens que podem úteis como são os casos de Gonçalo Inácio, Diogo Leite, Tiago Djaló, por aí fora. Nomes ainda jovens com pouca experiência de seleção nacional e que podem ser testados por Roberto Martínez, se a ideia for utilizar os três centrais. Mas como disse na conferência de imprensa, está perfeitamente à vontade para mudar o sistema, um treinador adepto da flexibilidade tática e que ao longo da carreira de clubes, quer pelo Everton, que pelo Wigan, jogou muitas vezes em 4-3-3, até com passagens pelo 4-4-2, e por isso é mesmo para ver para se perceber como é que vai ser feito esse caminho tático da seleção nacional."

Podemos esperar uma seleção portuguesa mais protagonista, com maior sentido de baliza e mais dominadora nos jogos?

"Em parte sim, mas creio que não seja uma mudança muito radical. De repente Portugal não vai passar a ser uma Espanha de Luís Enrique para utilizarmos um exemplo mais concreto. Vai ser uma equipa que pode dar um salto qualitativo e Roberto Martínez já provou que consegue em termos de organização defensiva dar soluções à equipa. O que vai fazer a diferença é se Roberto Martínez vai trabalhar a longo prazo e a qualificação permite isso até porque os jogos são maioritariamente acessíveis, o que permite a Roberto Martínez trabalhar já a pensar no Euro 2024, com um modelo estabelecido, com uma ideia mais ofensiva do que acontecia com Fernando Santos e que no fundo valorize os jogadores que Portugal tem neste momento que permitem ganhar ou sonhar com os títulos nas grandes competições. E isso raramente aconteceu com Fernando Santos, até neste Mundial em que se viu uma transformação estilística pareceu que a ideia foi pensada em cima do joelho, às portas da competição. E é aí que Roberto Martínez pode marcar a diferença para Fernando Santos, isto em fatores futebolísticos, a nível de comunicação já se percebeu que pode ser uma figura mais disponível, mais aberta para comunicar com os jornalistas, para passar a mensagem."

Gestão de Cristiano Ronaldo: "Há ainda algumas fantasmas que é preciso perceber como irão ser resolvidos, desde logo Cristiano Ronaldo que foi um tema quente na conferência de imprensa, como não podia deixar de ser e que naturalmente pesa do ponto de vista tática e da gestão de balneário, também questões extra-campo, não é muito claro se Ronaldo vai continuar, se não vai continuar e até que o próprio jogador se retire, parece claro que vai continuar como opção."

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