Está decidido. O Campeonato da Europa de futebol masculino vai mesmo ser adiado para 2021 após decisão saída da reunião desta terça-feira da UEFA. A informação começou por ser avançada pela rádio espanhola 'Cadena Ser' e foi entretanto confirmada pela Federação Norueguesa de Futebol, nas redes sociais.
De acordo com o organismo federativo norueguês, a fase final do torneio continental vai disputar-se entre 11 de junho e 11 de julho de 2021, sem precisar se se manterá o modelo de disputa em 12 cidades de 12 países, como estava previsto para acontecer este ano.
"A UEFA decidiu adiar o Euro para 2021. Será disputado de 11 de junho a 11 de julho do próximo ano", referem os noruegueses no Twitter.
A decisão de adiar o Campeonato da Europa foi tomada numa reunião extraordinária em que participaram todas as federações, clubes, ligas nacionais e sindicatos de jogadores da UEFA.
Recorde-se que organismo de futebol já tinha cancelado as reservas em hotéis de Copenhaga, uma das cidades-sede do Europeu, de acordo com a agência Reuters.
Na segunda-feira, o presidente da Federação Italiana de Futebol (FIGC), Gabriele Gravina, afirmou a intenção de pedir à UEFA o adiamento do Euro2020, devido à pandemia de Covid-19, considerando que é um “ato de responsabilidade”.
"O adiamento do Euro2020 é a ideia a seguir. Na terça-feira vamos pedir à UEFA um ato de responsabilidade e a todas as federações que contribuam para um processo que visa proteger a saúde de atletas, adeptos e de todos os cidadãos", disse Gravina, em entrevista à rádio italiana Rai.
Desta reunião deverá sair ainda a solução para as competições europeias, interrompidas bem antes do término, bem como o parecer da UEFA relativamente aos campeonatos nacionais dos países.
Champions e Liga Europa suspensas até Covid-19 entrar na fase descendente, avança L'Équipe
O jornal francês 'L'Équipe' avança que a UEFA decidiu também suspender Liga dos Campeões e Liga Europa até a pandemia da Covid-19 entrar na fase descendente.
O organismo que tutela o futebol europeu terá ainda anunciado a criação de dois grupos de trabalho: o primeiro, que irá tratar do calendário, com dois representantes da UEFA, dois da Associação Europeia de Clubes e dos das Ligas europeias; o segundo que irá lidar com as consequências económicas das decisões tomadas.
Por sua vez, o jornal espanhol 'Marca' avança que a final da Liga dos Campeões terá lugar a 27 de junho, em Istambul, três dias depois da final da Liga Europa.
Associação das Ligas Europeias alerta para consequências "muito graves"
A Associação das Ligas Europeias alertou para as “consequências desportivas e financeiras muito graves” que a pandemia de Covid-19 trouxe, sublinhando que vai cooperar com a UEFA na busca de soluções.
Através de um comunicado, e depois de uma reunião de emergência com o seu Conselho de Administração, o organismo mostrou-se “unânime” em declarar que “a saúde é a prioridade mais importante e vem sempre em primeiro lugar”.
“Esta crise está a causar consequências desportivas e financeiras muito graves para todas as partes envolvidas no jogo. Estamos prontos para cooperar com a UEFA e outras partes interessadas para encontrar soluções comuns para todos esses problemas de maneira construtiva, incluindo as competições internacionais de clubes e o Euro2020”, pode ler-se na nota divulgada.
A direção da Associação das Ligas Europeias enaltece ainda a reunião organizada pela UEFA para esta terça-feira, 17 de março de 2020, sublinhando ser “essencial que as competições domésticas possam ser concluídas nesta temporada, para limitar o impacto negativo em todo o ecossistema do futebol”.
Veja neste mapa (alguns) dos eventos já afetados pelo Covid-19
Europeu adiado. E agora?
Para já, a prioridade vai para as provas de clubes da UEFA. O organismo que rege o futebol europeu precisa, primeiro, de arranjar espaço no calendário para a realização do play-off, que estava agendado para 26 e 31 de março.
Uma das grandes implicações será a nível financeiro. As 55 federações da UEFA já fizeram os respetivos orçamentos anuais, onde estão incluídas as verbas a receber do organismo que tutela o futebol europeu (patrocínios, direitos de televisão, prémios de participação, etc). Sem essa verba, cada federação terá de se reajustar e, muito provavelmente, cortar no orçamento, já que terá menos margem de manobra. A não realização da prova implicará também menos gastos mas é o impacto maior estará nas verbas que não vão entrar nos cofres de cada federação.
A UEFA também terá de se reajustar. Aleksander Ceferin e companhia serão obrigados a renegociar os contratos de direitos de televisão, assim como de patrocínio. Renegociação essa que terá de ser feita por valores mais baixos, tendo em conta o impacto do Covid-19 na economia mundial. Mesmo com a prova adiada por um ano, haverá sempre alguma desconfiança nos consumidores, sem contar que que haverá menos capacidade financeira, em caso de receção da economia mundial como já se prevê.
Tudo vai depender da evolução do surto de Covid-19 nos vários países da Europa mas a decisão do organismo liderado por Aleksander Ceferin de adiar o Euro2020 por um ano, irá acarretar problemas de calendário.
É que no verão de 2021 já está agendado o Mundial de Clubes da FIFA, prova que foi remodelada e que terá 24 clubes pela primeira vez. Além disso, nesse mesmo período teremos a fase final da Liga das Nações: ambos os títulos, Europeu e Liga das Nações estão nas mãos de Portugal.
O Europeu de futebol será disputado durante um mês. Está previsto para ser jogado de 12 de junho a 12 de julho, com 24 equipas em 12 países, num total de 51 jogos. Pelo que mudar esta prova para o próximo verão, implicaria mexer no calendário da Liga das Nações, já que ambas não podem coincidir.
As hipóteses lançadas na última semana: de um Euro natalício ao adiamento de um ano confirmado
No dia 12 de março, o jornal francês 'L´Equipe' avançava que, da reunião de hoje sairia a decisão de adiar o Euro2020 por um ano, devido ao surto de Covid-19 que assola a Europa. Além da decisão sobre o Europeu de futebol, a ser disputado em 12 cidades diferentes pela primeira vez, o organismo que rege o futebol europeu deverá avançar para a suspensão da Liga dos Campeões e Liga Europa. Também será decidido o que fazer sobre as competições de seleções jovens, futsal e futebol feminino, algo que ainda não foi feito.
Mas as hipóteses iam surgindo de dia para dia e acordo com o jornal britânico 'The Telegraph', do passado sábado, o organismo que comanda o futebol europeu considerava em mexer o Europeu para o mês de dezembro, de forma a dar tempo a que as ligas recuperem o tempo perdido e completem as respetivas jornadas.
Mas no mesmo dia, Evelina Christillin, membro do comité da FIFA e da UEFA, em declarações ao jornal italiano Il Mattino, afirmou que a organização se encontra a analisar a hipótese de passar o Euro para 2021.
"Eu não posso falar pelos outros, mas eu acredito que é oportuno deixar tempo para que as ligas nacionais se concluam, adiando o Euro por um ano", afirmou.
Com várias provas de futebol suspensas em toda a Europa, com Ligas paradas e com a grande incógnita sobre a evolução da pandemia nos vários países, nesta altura nada se pode avançar e são mais as dúvidas que certezas. É preciso ter em consideração que algumas ligas podem não terminar em junho.
Neste momento há também uma grande incógnita nas provas da UEFA. Alguns jogos da Liga Europa foram adiados, outros da Liga dos Campeões.
FIFA ainda nada disse mas... há um lucrativo Mundial de Clubes em 2021
A FIFA, para já, ainda não tomou qualquer posição mas poderá ser chamada a pronunciar-se já que, com o adiamento, o Euro2021 vai chocar com o lucrativo e novo Mundial de Clubes.
Além disso, no próximo verão, a UEFA irá organizar o Europeu de futebol feminino, agendado para ser jogado de 07 de julho a 1 de agosto, em Londres. A final está agendada para o Estádio de Wembley, palco que também irá receber as meias finais e a final do Euro de futebol masculino.
Também em 2021 haverá a fase final do Europeu de sub-21, a ter lugar em junho na Hungria e na Eslovénia.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com quase 60 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos, o que levou vários países a adotarem medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal há 448 pessoas infetadas, segundo o mais recente boletim diário da Direção-Geral da Saúde, tendo-se registado na segunda-feira a primeira morte.
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