Um duelo de campeões! Esta noite, a partir das 20h00, em Budapeste, vão estar frente a frente o campeão europeu, Portugal, e a campeã do mundo, França. Em jogo, desta vez, o acesso aos oitavos de final do Euro2020.
E o último embate entre as duas seleções em fases finais do EURO - aquele que jamais esqueceremos, conseguido com aquele golo de Éder no prolongamento da final do EURO2016 - valerá certametne por todos os outros, mas o facto é que foi uma exceção num histórico nada positivo da seleção de Portugal ante a sua congénere francesa, durante muito tempo uma das suas 'bestas negras'. E um cenário que não mudou depois dessa final de tão boa memória para as cores lusas, com um embate e uma derrota nos dois confrontos que se seguiram depois de 2016, ambos a contar para a Liga das Nações.
Muitas derrotas, só dois empates e poucas vitórias
Ao todo, Portugal e França já mediram forças por 27 vezes. E o registo dos gauleses é bem mais melhor. Desses 27 embates, os gauleses ganharam nada mais, nada menos do que 19. Uma percentagem de 70 por cento de vitórias para o lado francês. Portugal, por seu lado, venceu apenas 6 (22 por cento), havendo registo de apenas dois empates entre as duas seleções, um logo ao terceiro frente a frente, no longínquo ano de 1927, e outro já em outubro de 2020, no único nulo até à data entre Portugal e França.
E, como não poderia deixar de ser perante este registo, o saldo de golos também não é nada agradável para as cores nacionais: 29 golos marcados, 50 sofridos...
Em campo neutro, como será jogado o embate desta noite, em Budapeste, a história também nãoé famosa: dois jogos, duas derrotas. A primeira nas meias-finais do EURO2000 (aquela do penálti por mão do Abel Xavier), em Inglaterra, e a segunda também numas meias-finais, mas do Mundial de 2006, na Alemanha (numa derrota também ditada por uma grande penalidade).
E os resultados mais desnivelados?
Curiosamente, a maior vitória alguma vez alcançada por Portugal sobre a França é exatamente igual à maior vitória alcançada pela França sobre Portugal. Os 'Les Bleus' bateram a 'Equipa das Quinas' por 4-0 num amigável jogado também no Stade de France, a 25de abril de 2001. Orientada por António Oliveira e mesmo com nomes como Figo, Fernando Couto ou Sérgio Conceição em campo, a Seleção nacional foi incapaz de resistir a uma França, então campeã em título da Europa e, como agora, do Mundo, que marcou por Henry, Wiltord, Silvestre e Djorkaeff.
Foi uma espécie de desforra daquela que tinha sido a maior goleada entre as duas seleções até aí. Em 1927, Portugal tinha batido a França por iguais 4-0 logo ao segundo frente a frente. O jogo foi disputado no Lumiar.
Para além dessas duas goleadas, uma para cada lado, merecem ainda destaque mais duas vitórias da França, por 3-0: a primeira em solo gaulês, em 1952, a segunda em solo luso, em 1983.
Uma série verdadeiramente negra interrompida por...Éder
Quando se apontava a França como um dos 'papões' de Portugal em termos de seleções, não era à toa. Portugal passou por uma série de dez derrotas consecutivas em embates com os franceses. Mas valeu a pena a espera por nova vitória...
Entre 1978 e 2015, a 'Equipa das Quinas' jogou dez jogos contra a França e perdeu...10! Sete desses desaires foram em partidas amigáveis, três foram em meias-finais de grandes competições. É verdade, por três vezes Portugal bateu à porta da final de uma grande competição e esbarrou na França: foi assim no EURO1984, jogado em França, no EURO2000, disputado na Holanda e na Bélgica, e no Mundial de 2006, que decorreu na Alemanha. Derrotas pela margem mínima (3-2, 2-1 e 1-0), duas delas após prolongamento, mas derrotas.
Até que ao 11º jogo, a 10 de julho de 2016, depois dessa série de 10 derrotas seguidas, a vingança chegou. E não podia ter sido mais saborosa. No país do adversário, também após prolongamento e numa final, Portugal voltava aos triunfos sobre França e conquistava o seu primeiro grande troféu de seleções. Desde então, não mais os dois países se voltaram a encontrar.
Esse 10 de julho de 2016 foi mítico, mas houve outros embates memoráveis
O golo de Éder e esse triunfo histórico ficarão para sempre na memória de todos as que a ele assistiram. Mas outros Portugal-França também são difíceis de esquecer para quem os viu. As referidas meias-finais que terminaram com derrotas lusas têm igualmente, todas elas, uma história para contar.
No Campeonato da Europa de 1984, jogado em França, Portugal disputava pela primeira vez a fase final de um EURO e surpreendeu na caminhada até às meias-finais. Aí, perante a anfitriã, liderada pelo astro Michel Platini, esteve perto de voltar a surpreender. Começou a perder, mas Jordão empatou e levou a decisão para um prolongamento no qual bisou, virando o resultado. Mas, quando Portugal já estava com um pé na final, a França empatou e, depois, chegou ao 3-2 por Platini, a um minuto dos 120. A França acabaria por erguer o troféu.
Avançamos no tempo e chegamos a 2000. Portugal, então já uma seleção mais respeitada, mas ainda assim apenas na sua terceira fase final de um EURO, estava a realizar mas uma campanha notável e a surpreender. Era a 'geração de ouro', com Fernando Couto, Figo, Rui Costa e João Pinto, entre outros, no seu melhor. E outros jogadores a aparecerem, como Nuno Gomes, que nessa semi-final com a França, em Bruxelas, abriu o ativo. Mas a França era, como agora, campeã do mundo em título. E tinha jogadores como Henry, que empatou a partida a abrir o segundo tempo. Ou como Zidane, que no prolongamento converteu aquele polémico penálti cometido por Abel Xavier para, com um 'golo de ouro' fixar o resultado em 2-1 e selar a passagem dos gauleses à final, rumo à conquista do EURO2000.
Chegamos a 2006 e a mais uma meia-final. O jogo foi em Munique e Portugal ainda tinha Figo, mas já tinha Cristiano Ronaldo. A França, por seu lado, continuava a ter Henry e Zidane. O segundo converteu uma grande penalidade a castigar falta sobre o primeiro e não houve mais golos. 1-0 para a França e mais uma derrota amarga para Portugal.
O doce sabor da vitória chegaria, então, 10 anos depois, em pleno Stade de France. E que saboroso que foi...
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