Os responsáveis médicos da UEFA consideraram hoje que dispersar o Euro2020 de futebol pelo território europeu foi “a melhor solução”, de modo a facilitar mudanças caso algum problema sanitário ocorra numa das cidades-sede da prova.
“Se algo acontece num sítio, é mais fácil transferir para outro lugar. Na maior parte dos países europeus, os números estão a descer, à exceção do Reino Unido e de Portugal. Está tudo absolutamente sob controlo”, garantiu o conselheiro médico, Daniel Koch, em conferência de imprensa, na sede do organismo que rege o futebol europeu, sobre as medidas de mitigação da pandemia de covid-19 implementadas durante o evento.
O alemão explicou que analisaram as vantagens e desvantagens de albergar o evento deste modo ou de o concentrar numa zona geográfica mais reduzida, mas realçou que ter adeptos nos recintos desportivos “não faz diferença” na evolução da pandemia.
“É fácil olhar para o vírus e para o evento e dizer que o perigo está lá. É preciso uma grande análise a todas as medidas”, frisou, acrescentando: “Encher os estádios, de forma parcial, é a coisa mais segura a fazer, para além de criar alegria aos adeptos”.
O diretor médico do evento, o croata Zoran Bahtijarevic, vincou que assistir aos jogos nos estádios permite maior segurança e apontou os esforços da UEFA “para controlar as circunstâncias”, numa altura em que a lotação do estádio de Wembley, em Londres, foi aumentada para 60.000 espetadores para os jogos das meias-finais e da final.
“É inocente pensar que, se jogássemos à porta fechada, os adeptos não se iriam juntar da mesma forma noutros lugares. Penso que é melhor que os adeptos estejam num local controlado”, sublinhou, antes de explicar o efeito de ‘bolha’ à volta das comitivas.
Apesar de as medidas de distanciamento nos autocarros e nos balneários serem, regra geral, cumpridas, bem como a inexistência de contactos com pessoas fora das ‘bolhas’, casos pontuais de infeções em jogadores e ‘staff’ foram surgindo, como o escocês Billy Gilmour, após o jogo com a Inglaterra, que colocou em isolamento o defesa Ben Chilwell e o médio Mason Mount por terem-no cumprimentado no final da partida.
“Hoje, ao contrário de há um ano, é muito difícil rastrear como a infeção surgiu. A mensagem que aprendemos é que devemos respeitar a ‘bolha’ a todo o custo”, expressou Bahtijarevic, que acrescentou: “As decisões sobre quem ficaria isolado e por quanto tempo ficam com as autoridades locais. Algumas são mais rigorosas, outras menos, mas cada uma tem o direito e a responsabilidade de tomar certas decisões”.
Questionados sobre a intenção de o Qatar impor vacinação obrigatória aos adeptos que pretendam assistir aos encontros do Mundial2022, que decorrerá nesse país asiático, os responsáveis médicos afirmaram que a vacinação “é essencial para retornar à normalidade”, em todos os parâmetros da sociedade e não só no futebol.
“Não fomos ainda informados pelo Qatar, mas vamos olhar para isso. O mais provável é que, por todo o mundo, a vacinação seja, na maior parte dos casos, necessária para viajar. Será uma coisa muito importante”, ressalvou o conselheiro médico Daniel Koch.
Bahtijarevic revelou ainda que o número de infeções por covid-19 durante o Euro2020 “é muito baixo” e que “a maior parte do ‘staff’ da UEFA foi vacinada”, não tendo sido encontrado “nenhum resultado fora do normal”, o que deixa a situação “controlada”.
O Euro2020, competição em que Portugal defende o título, foi adiado para este ano devido à pandemia de covid-19 e decorre até 11 de julho, em 11 cidades de 11 países diferentes.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.884.538 vítimas mortais em todo o mundo, resultantes de mais de 179 milhões de casos de infeção diagnosticados oficialmente, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 17.077 pessoas e foram confirmados 868.323 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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