Um grupo de dirigentes de futebol da Guiné-Bissau questionou hoje o que considera ser a passividade da FIFA perante aquilo que dizem ser uma "gestão danosa" dos fundos que o organismo deu à federação do país.
Serifo Sow disse à agência Lusa que o grupo se encontrou hoje com o secretário de Estado do Desporto, Florentino Dias, para lhe explicar "as inúmeras irregularidades com as contas da Federação" e ainda pedir uma intervenção das autoridades.
O grupo pretende que o Governo retire estatuto de utilidade pública à federação de futebol, tal como fez com a federação do atletismo.
Em relação à FIFA, um dos principais financiadores do futebol guineense, o grupo de dirigentes "estranha a passividade" e ainda questiona como é que é possível que o organismo valide as contas "sem, ao mínimo mandar uma inspeção", verificar a execução no terreno.
O porta-voz do grupo acusou a federação guineense de futebol de ter funcionado durante três anos sem orçamento e plano anual, "com duodécimos" e ainda de estar a contrair dívidas com pessoas singulares com uma taxa de juro de 35%, o que disse ser "muito grave".
Sow explicou que este grupo quer que a FIFA mande uma inspeção ao terreno e que fale com o Governo e entidades ligadas ao futebol, para saber se os fundos enviados para o país são bem utilizados ou não.
"Estamos preocupados com o silêncio da FIFA que tem enviado tantos fundos para Guiné-Bissau", observou Serifo Sow, que foi diretor-geral do Benfica de Bissau, até se demitir em desacordo pelo facto de o clube ter apoiado a federação num congresso.
O dirigente acrescentou que a FIFA "deve abrir os olhos" em relação à Guiné-Bissau, lembrando que o organismo dá o mesmo dinheiro a Cabo Verde, Gâmbia, Senegal e outros países vizinhos e estes têm construído infraestruturas o que, diz, não acontecer no caso guineense.
"Até hoje só temos um único campo com relva sintética, quando outros países têm muitos, tudo construído com verbas da FIFA", sublinhou Serifo Sow.
O dirigente não sabe se a "FIFA tem informações credíveis ou se está a negligenciar as suas responsabilidades" em relação aos fundos que entrega à Guiné-Bissau.
Serifo Sow disse que fala em nome dos 14 clubes - entre os da primeira e segunda divisão - que não participaram no último campeonato de futebol, devido às divergências com a federação, da qual a agência Lusa tentou obter uma reação da federação, mas sem sucesso.
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