
A presença inabitual de adeptas, num palanque reservado para elas no estádio Azadi, não foi suficiente para galvanizar a equipa local do FC Persepolis, que perdeu no Japão por 2-0 e empatou em casa, deixando escapar o título para a equipa japonesa Kashima Antlers.
"As mulheres ganharam o jogo da Liberdade", titulou em manchete o diário reformador Etemad, enquanto o jornal Sazandegi optou pelo título "Vitória das mulheres iranianas na final asiática".
Segundo o Sazandegi, a maioria das mulheres que esteve no estádio foi "escolhida a dedo" entre as famílias dos jogadores do FC Persepolis ou entre as jogadoras de futebol ou futsal.
A Confederação Asiática de Futebol agradeceu hoje oficialmente às autoridades iranianas "terem permitido (que mulheres) testemunhassem um acontecimento excecional".
Desde a revolução islâmica em 1979, as mulheres não podem deslocar-se aos estádios no Irão para ver homens a jogar futebol, oficialmente para as proteger da grosseria masculina.
A medida é regularmente criticada mesmo no seio do sistema político iraniano e o presidente Hassan Rohani, considerado moderado, exprimiu por diversas vezes a sua vontade de ver as mulheres acederem aos estádios, mas o projeto conta com a oposição dos ultraconservadores.
A 17 de outubro, depois das autoridades locais terem autorizado na véspera uma centena de mulheres a assistirem a um jogo amigável entre o 11 iraniano e o da Bolívia, o procurador-geral do país advertiu que não permitiria que se repetisse a situação, suscetível, segundo ele, de levar "ao pecado".
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