O futebol quer ser um exemplo para a sociedade em matéria de acessibilidades e inclusão das pessoas com deficiência aos estádios, garantiu hoje o diretor de Responsabilidade Social da UEFA, que elogiou o trabalho da federação portuguesa nesta área.
“Queremos ser um exemplo para a sociedade civil, mais do que para outros desportos. Somos uma grande ‘montra’ no mundo, com milhões e milhões de adeptos veem os jogos, e nosso trabalho nesta área. Precisamos de ensinar pelo exemplo, de agir e ter ações concretas, melhorando todos os dias”, disse Michele Uva.
O diretor do organismo que tutela o futebol europeu falava na Cidade do Futebol, em Oeiras, durante a apresentação da mais recente versão do Guia de Acessibilidades da UEFA, um documento orientador para federações, clubes e outros agentes de futebol.
Michele Uva reconheceu que o caminho, iniciado há 13 anos, com o primeiro guia, “é longo”, mas assegurou que “há um grande empenho de todos, nomeadamente de federações e clubes, em incluir todos no mundo do futebol”.
“Estamos a trabalhar com Associação Europeia de Clubes (ECA) para, junto dos clubes, perceber e ajudar a melhorar as acessibilidades aos recintos, perceber o que se pode melhorar ao nível de infraestruturas, mas também dos recursos humanos de cada clube”, explicou
Uva destacou a necessidade de “inspirar e acelerar o processo de tornar o futebol acessível a todos”, lembrando que os “clubes, que todas as semanas jogam e acolhem milhares e milhares de pessoas nos seus recintos, têm um papel fundamental no processo”.
“As pessoas com deficiência sentem-se parte deste mundo, desta paixão que é o futebol, temos de fazer este trabalho juntos”, considerou, chamando a atenção para a importância do papel “dos média nesta missão, pois são um meio privilegiado de divulgar a mensagem da inclusão”.
O diretor de Responsabilidade Social da UEFA enalteceu o “plano fantástico” que Federação Portuguesa de Futebol (FPF) tem para esta área, considerando o organismo nacional “como um líder europeu na matéria”.
“A FPF têm feito um trabalho fantástico em matéria de acessibilidades, tem estado sempre na linha da frente. É também por isso, para expressar gratidão que hoje, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, estamos aqui”, referiu.
O secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, também elogiou o trabalho da FPF, considerando que Portugal “tem sido um exemplo” e lembrou que as “regras de acessibilidades estão definidas na lei”.
“O futebol pode também ser uma referência para outras modalidades, é preciso agradecer à UEFA este trabalho tão importante para a família do desporto”, disse Pedro Dias, antigo diretor federativo, desafiando o organismo europeu a apostar nas acessibilidades no futebol de praia e no futsal.
A FPF tem atualmente uma política de inclusão que promove a acessibilidade aos recintos de pessoas com deficiência e neurodivergência.
Ao abrigo dessa política, a FPF disponibiliza, entre outras facilidades, percursos e lugares acessíveis, comentários audidescritivos para pessoas cegas ou com baixa visão, língua gestual para pessoas surdas, em alguns momentos dos jogos.
Para pessoas neurodivergentes, a organismo cria em cada jogo, junto a uma bancada específica, um espaço com uma atmosfera mais clama e tranquila, com o objetivo de criar áreas de descanso e relaxamento.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) existem no mundo cerca de 1,3 mil milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representam 16% da população mundial.
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