Esta terça-feira rebentou um novo escândalo no futebol espanhol, quando vários jogadores foram detidos pelas autoridades por alegada manipulação de resultados no primeiro e segundo escalão do futebol espanhol para obter benefícios em apostas.
Este escândalo fez Espanha recordar o 'caso Cortés', que em 2017 chocou o país quando Cheikh Saad, jogador do Eldense, denunciou o resultado combinado do encontro entre o Barcelona B e o Eldense, em que os catalães marcaram 12 golos.
Cheikh Saad falou ao jornal espanhol 'As' e recordou o mau momento que atravessou depois de denunciar o caso.
Depois do encontro, que terminou com 12-0 no marcador, Cheikh Saad contou tudo às autoridades espanholas. "Eu ia jogar nesse jogo, mas de repente disseram-me que era melhor não o fazer. Percebi que algo se passava, ouvem-se comentários e vêem-se reações lamentáveis. Claro que tive medo, mas há que ser honesto. Não me arrependo de contar o que aconteceu, mas se fosse hoje tê-lo-ia feito sob anonimato porque sofri muito depois disso", explicou.
O facto de ser o denunciante de um caso desta natureza, trouxe problemas a Saad a nível profissional. "Não queriam contratar-me com medo que os meios de comunicação social denunciassem os arranjos das suas equipas", lamentou o jogador.
"Andava na rua com escolta policial devido às milhares de ameaças de morte que recebi. Tive de mudar o número do telemóvel, que nunca parava de tocar. Sofri pela minha família, não conseguia explicar-lhes como se chega a este ponto, por que queriam matar-me", contou ainda o jogador.
Algum tempo depois, uma proposta do Ascó, da terceira divisão espanhola, evitou que Saad terminasse precocemente a carreira de futebolista. Atualmente, o avançado de 28 anos representa o Hospitalet, também da terceira divisão.
"Acho uma vergonha que jogadores que ganham milhões façam isto quando são um exemplo para muita gente, principalmente para as crianças. Há seguramente muitos futebolistas que sabem de outros casos mas que não os denunciam por medo. Dá-me raiva saber que isto voltou a acontecer porque não há nenhuma necessidade de os futebolistas transgredirem a lei", lamentou.
Para concluir, Cheikh Saad referiu que "os jogadores que fazem isto não devem estar descansados porque qualquer chamada pode acabar-lhes com a carreira. Eu sou feliz no futebol modesto. Não quero mais dinheiro nem quero fazer coisas ilegais para o conseguir".
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