Portugal apresentou-se em Copenhaga com ambições elevadas, mas o que se viu em campo foi uma equipa sem identidade, sem intensidade e, acima de tudo, sem soluções. Num jogo em que era essencial impor qualidade e domínio, a Seleção Nacional acabou por ser uma sombra de si mesma, permitindo à Dinamarca ditar o ritmo e controlar os momentos decisivos da partida.

A promessa de um meio-campo dinâmico e criativo, com Vitinha e João Neves, rapidamente se esfumou. A posse de bola revelou-se estéril, sem progressão e sem capacidade de criar desequilíbrios.

Bruno Fernandes, que deveria ser o maestro da equipa, ficou preso numa teia de passes laterais e pouca influência real no jogo ofensivo. Na frente, Rafael Leão e Cristiano Ronaldo foram espectadores forçados, isolados e sem serviço de qualidade.

Jogo: Mal em todos os flancos

A falta de intensidade foi evidente em todos os setores. Defensivamente, Portugal revelou dificuldades na reação à perda da bola e na organização sem ela, deixando espaços que os dinamarqueses exploraram com facilidade.

A pressão alta, quando existiu, foi desconexa e pouco eficaz, permitindo que o adversário saísse com qualidade e instalasse o seu jogo no meio-campo português.

Mas mais do que os erros técnicos e táticos, o que mais preocupou foi a apatia geral da equipa. Não houve agressividade, não houve iniciativa e, acima de tudo, não houve uma resposta à altura das dificuldades impostas pela Dinamarca. O resultado acabou por ser o menor dos males, mas a exibição deixou muitas dúvidas sobre a capacidade de Portugal em lidar com desafios de maior exigência.

Agora, resta a segunda mão em Alvalade. O talento individual existe, mas será suficiente sem uma mudança de atitude? Portugal precisa de muito mais do que nomes sonantes no papel. Precisa de intensidade, de compromisso e de uma identidade coletiva clara. Caso contrário, o desfecho poderá ser tão desinspirado quanto a exibição em Copenhaga.

O momento: golo de Ronaldo da Dinamarca

O golo da Dinamarca foi, sem dúvida, o momento-chave do encontro. Num jogo em que Portugal nunca conseguiu impor-se, foi este lance que selou a superioridade dinamarquesa e castigou a apatia da Seleção Nacional. A jogada foi construída com precisão, com Hjulmand, Eriksen e Skov Olsen a combinarem antes de a bola chegar a Hojlund, que, com um simples toque, colocou-a no fundo das redes. O avançado dinamarquês nem hesitou no festejo, imitando Cristiano Ronaldo junto à bandeirola de canto, num gesto que simbolizou o domínio e a confiança da sua equipa. Foi um golpe duro para Portugal, que nunca mostrou capacidade de resposta.

O melhor: defesas de Diogo Costa (não só o penálti)

Num jogo em que Portugal esteve irreconhecível, Diogo Costa foi a grande exceção. O guarda-redes português voltou a mostrar por que é um dos melhores da sua geração, com intervenções decisivas que impediram um desfecho ainda mais negativo. Desde a defesa ao penálti de Eriksen até às múltiplas intervenções seguras ao longo da partida, Diogo Costa foi o único elemento verdadeiramente à altura do desafio. Se a Seleção Nacional ainda está viva na eliminatória, muito se deve ao seu guardião, que segurou a equipa num dos seus piores desempenhos recentes.

O pior: a falta de intensidade lusa aliada à apatia geral

O pior do jogo não foi o resultado nem sequer o golo sofrido, mas sim a apatia de Portugal. A Seleção Nacional entrou sem intensidade, sem agressividade e sem ideias, deixando-se levar pelo ritmo imposto pela Dinamarca. Houve falta de reação à perda de bola, pouca ligação entre setores e uma evidente dificuldade em criar perigo. O talento individual, por si só, não foi suficiente para disfarçar a falta de dinâmica coletiva. Portugal não perdeu apenas no marcador, perdeu sobretudo na atitude, e isso é o mais preocupante para o que resta da eliminatória.

Reações

Roberto Martínez, selecionador de Portugal

Brian Riemer, selecionador da Dinamarca