Cristiano Ronaldo foi o porta-voz da seleção nacional antes da sessão que marca o arranque da preparação para os primeiros desafios da Liga das Nações.
Descontraído e sem fugir às questões, por outras palavras 'à patrão', CR7 revelou nunca ter ponderado deixar a seleção e garantiu não ter problemas em ser suplentes desde que os treinadores cumpram a "ética profissional". "Quando não acontece...", leia-se, como não aconteceu, no seu entender, com Fernando Santos ou Ten Hag, fica a dúvida, "poderá haver controvérsias".
Mais em tom de piada, o capitão falou sobre a timidez dos mais novos perante a sua presença, como aconteceu com o "envergonhado" Quenda, em estreia absoluta na seleção nacional.
Leias todas as respostas do capitão da seleção portuguesa, Cristiano Ronaldo.
Hipótese de deixar a seleção após o Euro 2024
"Isso é tudo da imprensa. Nunca me passou pela cabeça. Antes pelo contrário, deu-me mais motivação para continuar".
Motivação de representar a seleção
"Motivação é vir para ganhar a Liga das Nações. Preparar os treinos e encarar esta prova para ganhar. Não penso a longo prazo, sempre a curto prazo"
Chamada de jogadores mais jovens à seleção
"Acho que faz parte. A seleção sempre foi assim. Chegam novos jogadores, são integrados, é uma situação normal. A integração dos jogadores mais novos acontece de forma natural. O meu papel é sempre o mesmo. Ajudar quem chega. Acho que muitos jogadores o têm feito. É um misto importante para o presente e para o futuro da seleção. Vejo com bons olhos estas experiências que o mister tem feito"
Como um pai na seleção nacional e o envergonhado Quenda
"Muitos deles têm vergonha de falar comigo. Estava a subir ao quarto e vi o Quenda. Fui ter com ele. Disse-lhe 'Então jogador, estás recuperado do jogo?'. Estava envergonhado. Para quem me conhece bem, sabe que na seleção sou sempre, não digo um pai, mas um irmão mais velho. Um pai pode ser para alguns. É sempre tentar ajudá-los. Já passei pelo mesmo que eles. Sempre fui recebido muito bem na seleção. Isto é uma família. Agora é pensar nesta competição que Portugal quer ganhar".
Análise à participação no Euro 2024
"A vida de um futebolista é isto. Há momentos bons e menos bons. É bom que aconteça. Quando as coisas vão bem é difícil evoluir. Há sempre ilações a tirar. Não só no futebol, mas na vida em si. Temos de ter a capacidade para enfrentar os momentos menos bons com otimismo, leveza e tranquilidade. A expectativa que meteram à volta da seleção foi demasiado alta. As pessoas acabam por se perder nos pensamentos. Se tivéssemos ganho nos penáltis, estávamos nas meias-finais. Já ficavam todas contentes. Encarávamos a Espanha a seguir. A meu ver não foi uma desilusão. Foi parte de um processo de crescimento de seleção, com novos jogadores, nova estrutura e um selecionador a colocar a equipa a jogar à sua maneira. Foi positivo. Ninguém gosta de perder, mas volto a repetir. Para mim, não foi um fracasso. Temos de estar orgulhosos".
A possibilidade de estar na seleção como suplente: "Quando foge da ética profissional, sim, poderá haver controvérsias"
"Sempre terei, até ao final da minha carreira, o pensamento de que serei titular. Respeitarei sempre as decisões, não só do selecionador, mas como dos clubes em que joguei. Uma ou outra vez (risos). Também se portaram mal comigo. Agora falando a sério, há uma ética profissional e respeito sempre. Quando foge da ética profissional, sim, poderá haver controvérsias. Isso é outra conversa. Aquilo que eu sinto, também pelas palavras do mister, é que continuo a ser uma mais-valia para a seleção. Quando eu sentir que não sou mais-valia, serei o primeiro a ir embora. É a vida. Vou de consciência tranquila, como sempre. Sei o que sou, o que posso fazer, o que faço e o que vou continuar a fazer. Para mim, o mais importante no futebol é encarar cada ciclo. Sinto-me feliz. Quando chegar esse momento, mais tarde ou mais cedo, não sei, serei o primeiro a dar esse passo. É escusado as pessoas falarem ou opinarem. Não vale a pena. É uma decisão própria, das pessoas que mandam também. Será uma decisão natural. Temos o exemplo do Pepe, que fez uma grande carreira na seleção e saiu pela porta grande. Todos os jogadores têm de pensar que sairão sempre pela porta grande. É a minha maneira de ver, não com tristeza. Pelo contrário, com alegria."
As críticas
"A crítica é ótima. Se não houver crítica, não há evolução. Sempre foi assim. Não vai ser agora que vai mudar. Tento ajudar a minha seleção e o meu clube da minha maneira. Não só com golos e assistências, mas com profissionalismo, disciplina e exemplo. O futebol vai muito além de jogar bem, de marcar um golo ou de fazer uma assistência. As pessoas não entendem. Nunca estiveram dentro daquele balneário. Às vezes até me rio. É o mesmo que falarem da Fórmula 1. Como é que vou opinar se nunca estive num carro? Bem, já estive (risos). Mas não conduzi. Não posso opinar. Não sei o peso do carro, se anda mais com o depósito cheio. A crítica, para mim, é boa. Não tem problema nenhum. Continuem."
1000 golos
"Depois de chegar a uma meta de 899 golos, acham que estou preocupado com o golo 900, 901 ou 902? O que me move, não só agora, mas nos últimos anos, é a alegria de ir para o treino, para o jogo, para a competição. Sentir tudo isto... Há sempre jogos em que não vais marcar. Isso não é problema. Fazer estes números parece fácil, mas não é. Antes de chegar aos 1000, tenho de chegar aos 900. Espero fazê-lo num destes dois jogos. Não vivo obcecado com o golo. Vai acontecer naturalmente. É viver o presente."
Momento de forma e o Mundial 2026
"Não fiz a pré-época, mas consegui marcar nos primeiros quatro jogos do Al Nassr. Sinto-me bem, quase em forma. Não posso responder sobre o Mundial'2026. Vivo o presente. O momento é bom. Vamos disputar agora a Liga das Nações e estou muito feliz por estar aqui novamente. Espero o estádio cheio novamente. Para 2026 há muita história no meio. Não sei o que vai acontecer".
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