Paris, habitualmente uma capital com forte presença policial, tem hoje como ruído de fundo sirenes e apitos da polícia, em dia de jogo França-Israel e de uma manifestação pró-Palestina que se receia poder degenerar em confrontos.
Horas antes do início do jogo, marcado para as 21:00 horas locais (20:00 em Lisboa), a zona envolvente do Estádio de França (Stade de France) na região norte de Paris em Saint-Denis, era sobrevoada por um helicóptero e estava cercada de polícias a pé, em dezenas de carrinhas e a cavalo.
As autoridades de Paris estão em alerta máximo, com o chefe da polícia francesa, Laurent Nuñez, a mobilizar 4.000 polícias e pessoal de segurança à volta do estádio e mais 1.500 polícias nos transportes públicos.
Nas imediações do estádio, só entram pessoas acreditadas e revistadas e até a saída dos transportes públicos pode implicar uma revista por parte das forças de segurança.
Contudo, as pessoas deslocam-se pelas ruas sem grande aparato de apoio à França, sem bandeiras ou camisolas, e podia ser difícil de imaginar que hoje acontece um jogo da seleção francesa, não fossem as luzes do estádio.
Para Nesrine, de 34 anos, o aparelho policial montado para o jogo torna o ambiente para todos “mais seguro”, e deverá ser uma noite pacífica, apesar de “com o público israelita ou francês", poder sempre ser "como em Amsterdão", onde na semana passada se registaram violentos confrontos após um jogo de futebol de uma equipa israelita, da qual vários adeptos tiveram de ser hospitalizados.
"Seria melhor se não houvesse público no estádio”, afirmou à Lusa a jovem, que recusa que exista um clima de antissemitismo e que as manifestações de apoio ao povo palestiniano devem continuar a acontecer em França.
“Nós apoiamos o povo. É um povo que é bombardeado todos os dias. 24 horas por 24 horas. É difícil, sobretudo com crianças e mães e não é justificado. São apenas civis. Se fosse realmente para [atacar] quem faz parte do Hamas... mas eles vão mais longe. E acho que não é normal, há um ano que isto dura”, acrescentou sobre o conflito em Gaza.
Apenas 20.000 dos 80.000 bilhetes foram vendidos e cerca de 150 apoiantes de Israel estarão presentes, escoltados pela polícia.
O baixo número de adeptos visitantes surge depois de o Conselho de Segurança Nacional de Israel ter avisado os cidadãos estrangeiros para evitarem eventos desportivos e culturais, nomeadamente o jogo em Paris.
Estarão presentes no estádio o Presidente francês, Emmanuel Macron, o ministro do Interior, Bruno Retailleau, e os antigos Presidentes François Hollande e Nicolas Sarkozy.
A caminho do Stade de France, Patrice, apoiante da seleção francesa de 59 anos, aprova a grande quantidade de agentes de polícia nas ruas por significar "menos risco de confrontos", acha pouco prováveis.
“Eu acho que o jogo será pacífico, mas eu não sabia que havia uma manifestação (pró-Palestina). Na verdade, eu não me interesso por política, venho ver um jogo”, afirmou Patrice.
Titi, de 21 anos, aprova a "prevenção", mas considera que a quantidade de polícia e a manifestação são “um pouco exageradas”.
“As pessoas devem estar tranquilas e não ter medo, mas têm medo, pensam que haverá confrontos. Não estou certo do que vai acontecer”, afirmou Titi, referindo que no fim das contas “é só um jogo”.
Para a jovem, o jogo teria de ter público para não ser “discriminatório”. “Quando é Israel que joga é proibido que as pessoas venham ver? Só porque outras pessoas têm opiniões sobre a Israel?”, questionou Titi.
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