O Benfica inicia hoje o ataque às meias-finais da Liga dos Campeões, recebendo na Luz o Inter Milão, num duelo de máxima importância não só pela dimensão da prova em si, mas também como tentativa de resposta dos encarnados à derrota no clássico, a segunda da época (e a primeira em casa).
Ao 46.º embate da temporada, os encarnados perderam por 2-1 na receção ao FC Porto - curiosamente a equipa que caiu face aos italianos nos oitavos de final da Champions (1-0 em Itália e 0-0 no Dragão). O desaire não retirou o Benfica da liderança da I Liga, mas foi um verdadeiro ‘match point’ falhado, já que em vez de ficar com 13 pontos de vantagem, passou a contar sete, perdendo, claramente, tranquilidade e confiança para a Liga dos Campeões.
Além disso, Roger Schmidt também chega a este jogo com outras dores de cabeça. Bah saiu lesionado do jogo contra o FC Porto e Grimaldo, que apresentou queixas físicas no clássico, falhou o treino na véspera, mas já foi dado como apto por Roger Schmidt. Significa isto que o Benfica irá jogar sem metade do quarteto defensivo titular, uma vez que Otamendi está castigado, após ter visto o cartão amarelo na segunda mão da eliminatória frente ao Club Brugge.
Não obstante estes obstáculos, o Benfica deve concentrar-se na possibilidade de alcançar algo inédito, uma vez que nunca atingiu as meias-finais na era Champions: falhou esse objetivo em 1994/95, 2005/06, 2011/12, 2015/16 e 2021/22. A última vez que as águias marcaram presença nas meias-finais da principal competição europeia foi há 33 anos, em 1989/90, na antiga Taça dos Campeões Europeus.
Desta vez, contudo, o Benfica parece estar melhor posicionado para atingir as meias-finais, após um imaculado percurso na prova, com 10 vitórias, incluindo duas com a Juventus, e dois empates, ambos diante do PSG, que lhe permitiram terminar a fase de grupos no primeiro lugar. Nos oitavos, os encarnados não tiveram problemas em afastar o Club Brugge - triunfos por 2-0 na Bélgica e 5-1 em casa.
Já o Inter chega à Luz depois de seis jogos sem ganhar, sendo um deles o tal empate a zero no Dragão que valeu a presença nos quartos de final. Sem triunfos há mais de um mês, desde o 2-0 ao Lecce, no dia 05 de março, a equipa milanesa segue no quinto lugar da Serie A, a 23 pontos do líder Nápoles. Na última jornada, os 'nerazzurri' empataram 1-1 na visita à Salernitana de Paulo Sousa.
Os comandados de Simone Inzaghi têm acumulado maus resultados, mas também têm dado mostras de qualidade no plano defensivo. Por outro lado, não faltam opções para resolver na frente: Inzaghi pode escolher entre Lukaku, Lautaro Martínez e Edin Dzeko. De fora para o duelo da Luz estão o defesa Skriniar e o médio Çalhanoglu, ambos lesionados.
Histórico de confrontos
O Benfica guarda recordações amargas do Inter Milão, já que, perante os italianos, perdeu a final da Taça dos Campeões Europeus de 1963/64 e tombou nos ‘oitavos’ da Taça UEFA de 2003/04. O duelo desta noite será, portanto, a terceira vez em que as duas equipas se defrontam.
O primeiro confronto aconteceu em 1963/64, na decisão da 10.ª edição da principal prova europeia de clubes, e terminou com a vitória do Inter por 1-0, graças a um golo do brasileiro Jair da Costa, aos 42 minutos, com a ‘conivência’ de um grande ‘frango’ de Costa Pereira, que ainda se viu obrigado a deixar o jogo, lesionado, numa altura em que os encontros não contemplavam substituições.
Com 33 minutos para jogar, e em desvantagem no resultado, o Benfica teve, assim, de jogar com 10 unidades e com o central Germano na baliza, não conseguindo, nestes condições, dar a volta ao resultado ou, pelo menos, chegar à igualdade.
Depois deste primeiro confronto, o Benfica só reencontrou o Inter Milão quatro décadas volvidas, em 2003/04, nos oitavos de final da Taça UEFA. O duelo começou no Estádio da Luz, a 11 de março de 2004, onde o nulo se manteve até ao fim, adiando tudo para o jogo de San Siro, disputado duas semanas depois.
Ao contrário do que aconteceu em Portugal, o jogo de Milão foi frenético e foi o Benfica que marcou primeiro, aos 36 minutos, por Nuno Gomes, que, pouco depois, acertou no poste direito. No entanto, em cima do intervalo, Obafemi Martins empatou o jogo, ao encostar uma grande jogada do grego Karagounis, que viria a jogar no Benfica (2005/07).
Os encarnados ainda ficaram na frente da eliminatória, face ao golo fora, que então prevalecia em caso de igualdade, mas deixaram de estar com os tentos de Álvaro Recoba, aos 60 minutos, e Christian Vieri, aos 64.
A formação comandada por José Antonio Camacho reentrou no jogo com o ‘bis’ de Nuno Gomes, aos 67 minutos, e voltou à batalha uma segunda vez, quando Tiago marcou, aos 77, já depois do ‘bis’ de Obafemi Martins, aos 70.
A polémica aconteceu pouco depois do 4-3, quando, após um centro para a área do Inter, o guarda-redes Toldo atingiu Sokota com o pé, numa falta que o árbitro francês Alain Sars não viu - nesta altura ainda não havia VAR.
O que dizem os treinadores
Roger Schmidt (Benfica): "Num jogo de quartos de final temos de esperar que o adversário esteja no seu topo de forma. Ambas as equipas gastaram muita energia e foco para chegar a esta eliminatória. Esperamos uma equipa muito concentrada do Inter, tal como espero isso da nossa equipa. É uma equipa muito boa, com muita qualidade individual, com muitas opções, tanto na defesa, como no meio-campo e ataque. O Benfica vai precisar de uma grande exibição."
Simone Inzaghi (Inter): "O Benfica é uma ótima equipa e está a fazer um percurso fantástico na Champions. Ocupam muito bem os espaços com posse de bola e têm um jogo muito compacto, de equipa, com muita entreajuda."
O árbitro
A UEFA nomeou o inglês Michael Oliver para dirigir o encontro no Estádio da Luz. Oliver será assistido pelos compatriotas Stuart Burt e Simon Bennett, estando a função de quarto árbitro atribuída a John Brooks. As funções de VAR estarão a cargo do neerlandês Pol van Boekel.
O Benfica-Inter está marcado para as 20h00 desta terça-feira e pode ser acompanhado, ao minuto, no SAPO Desporto. O jogo da segunda mão, em Milão, realiza-se no dia 19 de abril.
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