A UEFA confirmou aquilo que já era esperado: a edição desta época da Liga dos Campeões vai ser completa em Lisboa, entre o Estádio da Luz e o Estádio José Alvalade, com a final a decorrer no dia 23 de agosto, no Estádio do Sport Lisboa e Benfica.
A capital portuguesa vai receber uma 'final eight' que consiste na realização dos jogos a uma só mão a partir dos quartos de final da prova entre os dois estádios lisboetas entre o dia 12 e 23 de agosto.
Também os jogos em falta da 2.ª mão dos oitavos de final poderão ser realizados em Portugal: Juventus-Lyon, Manchester City-Real Madrid, Bayern Munique-Chelsea e Barcelona-Nápoles podem disputar-se no Norte do país nos dias 7 e 8 de agosto.
Contudo ainda não é certo que não possam ser realizados nos estádios inicialmente planeados. Só nesse caso, o Estádio do Dragão e o D. Afonso Henriques juntam-se ao Estádio de Alvalade e da Luz na receção à Liga dos Campeões, com a UEFA a deixar a decisão final para as próximas semanas.
Os quartos de final jogam-se entre 12 e 15 de agosto, as meias-finais a 18 e 19 de agosto e a final a 23 de agosto.
Segundo o Canal 11, já estão reservados oito unidades hoteleiras para as oito equipas finalistas e os centros de treinos estarão disponíveis para as primeiras equipas a chegar.
De Istambul e Lisboa: a história de uma final adiada e alterada pela COVID-19
Puxando atrás a cassete ate setembro, a final da Champions estava muito longe de Lisboa, mas precisamente a mais de 4000 km de distância. O jogo da final da prova estava marcado para 30 de maio no Estádio Olímpico Atatürk na Turquia.
Portugal ficava sem o único representante na Champions em novembro e em março as noites europeias ficavam fora do país depois da eliminação das quatro equipas portuguesas na Liga Europa nos dezasseis-avos de final da competição.
As competições continuavam, já com a COVID-19 presente em alguns países europeus - o que mais tarde levou a que alguns jogos fossem apelidados de 'bombas biológicas'. O Valência-Atalanta e o PSG-Dortmund, da segunda mão dos oitavos, realizavam-se à porta fechada, enquanto que o Liverpool-Atlético contou com o Estádio de Anfield lotado.
Dias mais tarde, a 13 de março a UEFA suspendia todas as competições europeias e, à semelhança do que acontecia com as restantes ligas europeias, ficava com o seu futuro em suspenso. A conclusão dos oitavos-de-final, fcava parada no tempo, faltando realizar-se a 2.ª mão das partidas Juventus-Lyon, Manchester City-Real Madrid, Bayern Munique-Chelsea e Barcelona-Nápoles - Atalanta, Leipzig, Atlético de Madrid e PSG já têm lugar garantido nos 'quartos'.
10 dias depois a UEFA anunciava que as finais europeias ficavam suspensas indefinitivamente, já depois do Euro2020 ter sido adiado para 2021.
Desde logo, e à medida que as semanas foram passando, muitos foram os cenários avançados como possíveis para o desenlace da prova, com a UEFA a adiar sempre a decisão para uma altura em que a situação referente à COVID-19 já estivesse mais definida.
Em meados de maio, o jornal espanhol 'AS' foi primeiro a avançar que estava a ser estudada uma 'Champions express', com jogos a uma só mão e uma 'final four'. De acordo com aquele jornal, o grupo de trabalho composto pela UEFA, pela Associação de Clubes Europeus e pelas Ligas Europeias, estaria a olhar para tal cenário como a melhor forma de conseguir levar a prova milionária uma conclusão, mas sem referências à capital portuguesa.
Mas eis que de repente, na noite de 28 de maio, vêm rumores interessantes de Espanha para Portugal: a rádio espanhola 'Cadena COPE', avançou que o Estádio Ataturk, na Turquia, que deveria receber a final, fez saber à UEFA que com o jogo à porta fechada não conseguirá recuperar o investimento realizado para a realização do jogo, obrigando o organismo europeu a ter de escolher outro palco para a final. E Lisboa era a hipótese mais bem posicionada para ser esse palco.
A partir daí os rumores foram crescendo e passando de órgão de comunicação para órgão de comunicação, de país para país, sempre com mais pormenores sobre a (cada vez) mais forte hipótese de Lisboa voltar a acolher uma decisão da mais importante prova europeia de clubes. O cenário ganhava contornos cada vez mais reais e a possibilidade ganhava força.
O próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aumentou a expectativa em relação à realização da prova em Portugal, quando a 2 de junho, à entrada para um espetáculo em Lisboa afirmou que tinha "uma vaga sensação de que ainda poderemos ter em agosto uma boa notícia em termos de futebol internacional em Portugal".
No início de junho o 'Mundo Deportivo' dava conta disso mesmo, escrevendo que a UEFA estava a estudar o retomar da 'Champions' no princípio de agosto, com a realização dos jogos dos oitavos-de-final ainda em falta, seguindo depois para uma 'final eight' (final a oito) na capital portuguesa, acrescentando contudo que também as cidades de Madrid, em Espanha, e Munique, na Alemanha, eram vistas como tendo boas condições para acolher tal formato.
Dias depois foi o 'Bild', da Alemanha, a dizer que a final deveria ser mesmo em Lisboa e no tal formato 'a oito', antes de o 'Sky Italia' reforçar a notícia que tinha anteriormente avançado, acrescentando agora que os encontros iriam ser divididos entre o Estádio da Luz e o Estádio de Alvalade.
Até que chegamos ao dia de hoje, 17 de junho, a data marcada para a reunião do Comité Executivo da UEFA. Durante a manhã a RTP avançou que a decisão já estaria tomada e antecipou mesmo o calendário da prova, a ser jogada em Lisboa a partir de meio de agosto. E agora, por fim, está confirmado: a Champions joga-se em Lisboa.
DGS garante a segurança e deseja "ardentemente" a realização da Champions
Já durante o dia de hoje, a Direção-Geral de Saúde dava conta da total segurança que as autoridades portugueses garantiam à UEFA para a realização da prova em Portugal.
"Dizer que será uma boa decisão trazer para Portugal a Champions. Com segurança, como tem sido a retoma do campeonato. Com circuitos bem definidos, com testagens, com toda a metodologia que a DGS tem implementado e que continuará com o trabalho da FPF e organismos internacionais", afirmou.
Palavras realçadas por Graça Freitas, diretora-geral da saúde, que confirmou que apesar do aumento de casos em Lisboa e Vale do Tejo Portugal "é um pais seguro".
"O que eu desejo ardentemente é que Portugal seja escolhido para receber a Champions. Se corre bem para o nosso campeonato, tambem poderá correr bem para as outras competições."
"Lisboa e Vale do Tejo tem esta situação porque estamos a procurá-la ativamente mas continua a ser uma região segura e temos o exemplo da campeonato que tem acontecido com segurança, para as equipas técnicas, jogadores e publico em geral. O modelo tem resultado com o campeonato português e o que eu desejo ardentemente é que Portugal seja escolhido para receber a Champions. Se corre bem para o nosso campeonato, tambem poderá correr bem para as outras competições", concluiu.
No passado dia 16, a Direção Geral de Saúde deixava mais um indício de que o cenário poderá mesmo vir a ser real, ao assegurar que Portugal tem "todas as condições" para acolher a referida competição.
“A DGS está envolvida no apoio à candidatura portuguesa à organização da ‘final a oito’ da Liga dos Campeões”, disse em comunicado, afirmando “confiar na existência de todas as condições para receber este evento desportivo em Portugal”.
No mesmo comunicado pôde ler-se ainda que "a DGS considera que, fruto do trabalho que tem sido desenvolvido com a FPF e a Liga [de clubes] e da experiência do desenrolar da principal competição de futebol nacional, se encontram reunidas todas as condições para o acolhimento do referido evento em Portugal".
Portugal e as finais europeias
Será a terceira vez que Portugal recebe a final da Champions: a primeira vez foi em 1967, no Estádio Nacional.
Na altura a prova chamava-se Taça dos Campeões Europeus e foi levantada pelo Celtic depois de bater o Inter de Milão por 2-1, a única 'Champions' levantada pelo clube escocês.
Em 2014, Lisboa e o Estádio da Luz recebeu a final 100% madridlena, entre Atlético de Madrid e Real Madrid que terminou com a equipa que contava com Fábio Coentrão e Cristiano Ronaldo a levantar a 'La Decima' dos 'merengues'.
Além da Liga dos Campeões, na sua atual e antiga designação, o antigo Estádio da Luz recebeu em 1992 a final da Taça das Taças, entre Werder Bremen e Mónaco, com os alemães a vencerem os monegascos por 2-0.
Também o Estádio de Alvalade, que irá receber jogos da 'final eight' da Liga dos Campeões 2019/2020, já recebeu uma final europeia em 2005, um jogo de má memória para o Sporting que foi derrotado em casa por 3-1 pelo CSKA de Moscovo.
Colocando as competições de clubes de lado, Portugal já organizou duas grandes competições de seleções: o Euro 2004, há 16 anos, recebendo 16 equipas e 31 jogos que terminou com um sabor amargo para a seleção das quinas que viu a Grécia levantar o troféu em sua casa.
De melhor memória e mais recentemente, Porto e Guimarães receberam a fase final da Liga das Nações em 2019. Inglaterra, Holanda, Suiça e Portugal disputaram o troféu na zona norte do país e a Avenida dos Aliados, no Porto, recebeu a festa lusa, depois da vencer a final no Estádio do Dragão por 1-0 contra a Holanda.
*Artigo atualizado às 15h04
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