O antigo futebolista António Sousa ficou surpreendido com os números da vitória do FC Porto sobre o Bayern Munique (3-1), mas prevê "um dia terrível" na Alemanha, na segunda mão dos quartos de final da Liga dos Campeões.
"Não estávamos à espera de um resultado tão positivo. Olhando ao facto de o Bayern ser uma equipa de 'top', das melhores em termos europeus, não esperávamos que o Porto conseguisse uma vitória com uma margem que lhe desse algum conforto" para o jogo da próxima terça-feira, em Munique, disse à agência Lusa o antigo médio dos 'dragões'.
Campeão europeu em 1987, com a equipa portista que derrotou o Bayern na final, Sousa considera que o triunfo de quarta-feira, no Estádio do Dragão, foi "essencialmente, mérito do FC Porto", mesmo no aproveitar dos erros do adversário, "principalmente nos dois primeiros golos".
"Também é mérito a forma como se faz a leitura e a abordagem do jogo, através de empenho e muita concentração, querendo resolver as coisas e ganhar lances divididos, como aconteceu nesses casos. O facto de isso acontecer traz à tona a personalidade com que o Porto estudou o adversário", afirmou.
O antigo internacional, que também representou o Sporting, entre outros, considera, no entanto, que o jogo na Allianz Arena "vai ser uma missão complicadíssima" para a equipa de Julen Lopetegui e a passagem da eliminatória será mais difícil devido ao golo sofrido.
"Um golo nestas provas pode deitar tudo a perder e, quando se sofre um golo em casa, lá basta o 2-0 para o Bayern, especialmente tendo em conta a qualidade que possui, independentemente de poder jogar este ou aquele, de poderem jogar mais três ou quatro elementos que são cruciais [que não jogaram no Dragão]. O Bayern é uma equipa de 'top', não tenho a menor dúvida em considerá-la a melhor equipa em termos europeus", sublinhou.
Realçando o elevado número de jogadores internacionais dos bávaros, nomeadamente vários campeões do mundo, e a qualidade dos métodos introduzidos pelo treinador Pep Guardiola, Sousa prevê que "o FC Porto, num dia terrível, vai ter muita dificuldade para passar" às meias-finais.
"Espero estar enganado, mas a minha perspetiva em relação a essa possibilidade é muito reduzida", acrescentou.
Para Sousa, a ausência dos defesas laterais habitualmente titulares, ambos suspensos na sequência dos cartões amarelos vistos no Dragão, é um problema acrescido, sobretudo na direita, "pelo facto de o FC Porto não ter um lateral que possa fazer a posição e fazer o que o Danilo está a fazer".
"É um jogador que está a crescer em termos individuais de uma forma espantosa. Do lado esquerdo, [Lopetegui] terá mais facilidade, uma vez que Indi está preparado para essa função, já lá jogou imensas vezes e está completamente adaptado. Do lado contrário, não. Se calhar, será a maior dificuldade do treinador", sublinhou.
Na sua opinião, se o FC Porto ultrapassar todas estas dificuldades e "se conseguir passar [a eliminatória], tem as portas abertas para estar final", à semelhança do que aconteceu em 1987 e 2004, anos em que conquistou o troféu.
Sousa fez parte da equipa que esteve na final de Viena, mas diz que não se pode comparar, porque "são quase 30 anos de diferença, e a personalidade e a mentalidade são outras".
"Os jogadores que estão no Porto, na sua maioria, são estrangeiros. Na altura, quase todos eram portugueses. O que me parece é que há uma equipa inexperiente, com muita juventude, uma juventude com escola, com grande valor e grande qualidade. (...) Agora, não posso fazer uma comparação com uma diferença enorme. Mas se pudesse, penso que a minha era muito melhor", concluiu.
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