O Benfica disse 'au revoir' à Liga Europa na última noite ao ser eliminado pelo Marselha. Os franceses conseguiram empatar a eliminatória, que apenas foi decidida através do desempate por grandes penalidades, acabando por ser mais competentes da marca dos onze metros, garantindo assim a passagem às meias-finais da Liga Europa.
Pelo caminho fica um Benfica que, no computo das duas mãos (210 minutos), mostrou ascendente e domínio sobre o adversário a maior parte do tempo (provavelmente por ser superior em termos individuais e coletivos), mas acabou por não ter capacidade para 'matar' a eliminatória, quer na Luz, quer no Vélodrome...e teve muitas oportunidades para tal.
E, como se tal não fosse suficiente, os encarnados voltaram a ter (mais uma vez) em Roger Schmidt um treinador que ontem não fez a melhor leitura do encontro, tirando jogadores que até estavam em bom plano e, mais grave ainda, deixando em campo outros que simplesmente não pareciam lá estar...e o resultado está à vista.
O jogo
Depois de uma autêntica revolução no jogo com o Moreirense, o Benfica regressou ao onze mais habitual nos últimos jogos, perante um Marselha que não tinha jogado no fim-de-semana e que promoveu três mudanças relativamente ao jogo da primeira-mão.
Apesar de estar em vantagem na eliminatória, os encarnados entraram no jogo como se os papéis estivessem invertidos; a equipa pressionava bem alto e não permitia aos franceses saírem a jogar desde a sua defesa, obrigando mesmo o guarda-redes Pau López a juntar-se ao momento de construção, apenas para ganhar vantagem numérica.
O ímpeto das águias culminou mesmo com o primeiro lance de perigo do jogo quando Neres serviu Rafa na área, mas o remate do avançado saiu por cima.
Contudo, a entrada atrevida da equipa portuguesa foi sol de pouca dura. A partir do quarto de hora o Marselha assumiu a iniciativa de jogo perante um Benfica agora menos estendido no relvado e a procurar fechar os espaços entre linhas.
Apesar de ter mais bola e mais ataques, os marselheses não conseguiam incomodar Trubin que, depois de uma boa defesa nos primeiros minutos, teve a preciosa ajuda da sua linha defensiva para afastar todas e quaisquer ameaças do adversário. Ao intervalo o Benfica parecia sólido e confortável, dando a ideia de que, com uma ligeira aceleração de processos, poderia ferir o adversário.
Perante a inoperância ofensiva da sua equipa na primeira parte, Jean-Louis Gasset colocou Murillo no lugar de Mbemba para a lateral direita, uma alteração que permitiu aos gauleses mais acutilância no corredor. A equipa da casa entrou com outra atitude e mais urgência na segunda parte e empurrou os encarnados para o seu meio-campo.
Para tentar conter o ímpeto francês, Roger Schmidt tirou Tengstedt e David Neres, um dos principais desequilibradores dos encarnados, e fez entrar João Mário e Kokçu. Em campo ficavam os desgastados e cada vez mais apagados Rafa Silva e Di María. Colocar Rafa como homem mais avançado foi uma estratégia que nunca deu resultado, contudo, Schmidt voltou a insistir; o plano era este e não havia nada que o levasse a mudar de ideias.
Ora foi pior a emenda que o soneto. Entre os 60 e os 70 minutos, o Marselha apertou as águias, agora sim criando verdadeiras oportunidades de golo, mas que contaram com a boa oposição do guarda-redes Trubin, com especial destaque para a defesa ao remate de Kondogbia dentro da área.
No meio da avalanche ofensiva do adversário, o Benfica conseguiu finalmente chegar com perigo junto da baliza do Marselha, mas Rafa primeiro, e Di María logo a seguir, permitiram duas boas defesas a Pau López.
Mas quando parecia que o pior já tinha passado, e que o Marselha estava prestes a entrar em fase de desespero ofensivo, eis que surge o mal-fadado golo francês. Aubameyang surge na esquerda e cruza para o coração da área onde surge Moumbagna de cabeça a inaugurar o marcador por entre as pernas de Trubin.
Mérito para as águias que responderam de pronto ao golo sofrido, procurando evitar o prolongamento, mas falhando na hora de finalizar; exemplo disso é o cabeceamento de Di María, sozinho na área, que saiu à figura.
O prolongamento foi praticamente de sentido único. O Benfica estava melhor e sabia que era melhor, mas não conseguia traduzir essa superioridade em oportunidades, muito menos em golos. Como não poderia deixar de ser, Schmidt também contribuiu para este cenário, fazendo entrar Arthur Cabral para o lugar do esgotado Rafa no tempo-extra.
Nas grandes penalidades não haverá muito a analisar, um momento que mistura competência com uma pitada de instinto (por vezes chamado de 'sorte'), e que mais uma vez esta esta época trouxe dissabores para o clube da Luz. Di María, que terá ficado em campo provavelmente apenas para marcar um dos penáltis, e António Silva falharam os respetivos remates, permitindo ao Marselha, totalmente eficaz neste capítulo, chegar às meias-finais da Liga Europa.
O momento: De 'Auba' para 'Moumba'
Corria o minuto 79 e o Marselha continuava em busca do golo que empatasse a eliminatória, se bem que agora com menor fulgor. Aubameyang escapou-se pela esquerda e cruzou para o coração da área onde surgiu Moumbagna a antecipar-se a Aursnes e a cabecear por entre as pernas de Trubin para o 1-0, levando ao delírio o Vélodrome.
O melhor
Muito se pode dizer do desempenho do Benfica quando o principal destaque, pela positiva, vai para a dupla de centrais. Em bom período da primeira parte e durante praticamente todo o segundo tempo, Otamendi e António Silva foram os pilares da equipa encarnada, afastando grande parte das ameaças do adversário, uma tarefa que se mostrou cada vez mais complicada à medida que o Marselha ia apertando cada vez mais.
Contudo os dois centrais limparam tudo o que puderam, também ajudados pela dupla Neves/Florentino, e foram evitando o golo dos franceses até onde foi possível. Perante uma sólida exibição, António Silva certamente não merecia ter falhado uma das grandes penalidades.
O pior: Rafa em curva descendente... e com ajuda de Schmidt
Regressado à titularidade, Rafa Silva entrou bem na partida, assim como o resto da equipa, tendo mesmo beneficiado da primeira oportunidade de golo. Contudo, à medida que o jogo foi evoluindo, o avançado encarnado foi-se apagando cada vez mais, incapaz de ajudar a equipa nas habituais rápidas transições ofensivas.
O eclipse total deu-se quando Roger Schmidt tirou Tengsted e fez entrar Kokçu, empurrando Rafa para a posição de homem mais avançado. A partir daí pouco ou nada se viu do internacional português, que acabou por ser substituído já no prolongamento por Arthur Cabral.
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