O treinador português André Villas-Boas, técnico do Marselha, mostrou-se hoje preocupado com a “estabilidade financeira dos clubes”, após o anúncio da rescisão do contrato entre a Liga Francesa de Futebol (LFP) e o grupo Mediapro.
“Em primeiro lugar, dirijo o meu apoio a todos os jornalistas e funcionários do canal. Uma palavra de coragem e apoio para eles”, disse André Villas-Boas, durante a conferência prévia ao jogo de sábado com o Mónaco, da 14.ª jornada da liga gaulesa.
Em causa está a anunciada rescisão do contrato entre a LFP e o grupo audiovisual sino-espanhol Mediapro, após dois meses de conflito sobre os direitos de transmissão televisiva do campeonato francês e as verbas que ficaram por liquidar.
“Mas também há uma preocupação com a estabilidade financeira dos clubes. Até agora, nós, no Marselha, temos a sorte de ter um proprietário que investe para pagar salários e administrar o clube”, considerou o treinador português.
Alegando que a crise motivada pela pandemia de covid-19 reduziu o valor real do campeonato, a Mediapro pretendia renegociar o contrato para a temporada 2020/21, inicialmente pedindo um desconto, ao recusar-se pagar o contrato em outubro e dezembro, por um montante de aproximadamente 325 milhões de euros no total.
“Agora, temos de confiar na Liga e no seu presidente para chegarmos a um novo acordo”, disse o treinador do Marselha, que segue no quarto lugar do campeonato, com 24 pontos, a quatro do líder Paris Saint-Germain, mas com menos dois jogos.
A rescisão com a Mediapro, que, em dificuldades financeiras, falhou o pagamento dos compromissos assumidos, ainda precisa de ser validada pelo Tribunal Comercial de Nanterre, mas a LFP deve recuperar os direitos de transmissão até 21 de dezembro.
O diferendo em torno dos direitos de transmissão televisiva do campeonato francês poderá levar a uma queda acentuada de receitas dos já enfraquecidos clubes, que continuam com os estádios vazios, devido às restrições impostas pelo combate à pandemia de covid-19.
A solução poderá passar pelo Canal+, que detém o direito exclusivo de transmissão de dois jogos por dia até à época 2023/24, mas a emissora histórica do campeonato francês mantém-se discreta sobre o assunto e já indicou, por meio do ‘patrão’ Maxime Saada, que não reinvestirá “com prejuízo” no futebol.
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