
Cabo Verde está muito perto de se apurar para o Mundial de Futebol de 2026. Se o conseguir, será a primeira vez na história que logrará tal feito.
Neste momento lidera o Grupo D da Qualificação Africana para o próximo Campeonato do Mundo e se esta quarta-feira vencer na Líbia concretiza desde já o sonho que há muito persegue.
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A campanha até agora
A seleção orientada por Pedro Brito, conhecido por Bubista, soma neste momento 19 pontos, mais quatro do que Camarões, que está no segundo lugar e era apontado como o principal favorito a garantir o apuramento direto neste agrupamento. A Líbia, próxima adversária de Cabo Verde, esta quarta-feira, é terceira classificada, com menos cinco pontos dos que os cabo-verdianos. As três seleções ainda têm hipóteses matemáticas de chegar ao apuramento direto.
O vencedor do grupo apura-se diretamente, enquanto os quatro melhores segundos classificados entre os nove grupos de qualificação passam a um play-off que ditará o representante africano no play-off de qualificação intercontinental que ditará a derradeira vaga no Mundial 2026. Angola, que com dez pontos está no quarto lugar, ainda tem hipóteses matemáticas de ser segunda, enquanto Maurícias (cinco pontos) e Essuatíni (dois) já não podem qualificar-se.
A campanha de qualificação de Cabo Verde nem começou lá muito bem. Um empate caseiro, frente a Angola, no primeiro jogo, há quase dois anos, estava longe de abrir as melhores perspectivas. Seguiu-se um triunfo tranquilo, por 2-0, sobre a modesta seleção do Essuatíni, mas uma derrota por 4-1 na visita aos sempre poderosos Camarões em junho de 2024 não fazia prever que pouco mais de um ano depois Cabo Verde estaria à beira do feito histórico da qualificação.
Mas a verdade é que está. É que depois dessa derrota seguiram-se cinco vitórias noutros tantos jogos: 1-0 em casa frente a Líbia e Maurícias, 2-1 em Angola, 2-0 fora sobre as Maurícias e 1-0 em casa frente a Camarões, com Dailon Livramento, jogador do Casa Pia, a marcar o golo que levou levar os 'tubarões azuis' à loucura na Cidade da Praia.
Assim, contas feitas, Cabo Verde precisa de ganhar um dos dois jogos que lhe faltam disputar e o apuramento parece agora, surpreendentemente, uma formalidade. É que mesmo que não vença, esta quarta-feira, na Líbia e o Camarões batam à mesma hora as Maurícias, bastará a Cabo Verde vencer, em casa, Essuatíni na derradeira jornada, na segunda-feira, dia 13, para cumprir o sonho.
Quem podem ser os heróis
Para o encontro desta quarta-feira, que pode ser histórico para o futebol cabo-verdiano, Bubista chamou 25 jogadores, dos quais seis atuam em Portugal.
- Guarda-redes: Bruno Varela (Al-Hazm, Ara), Josimar Dias 'Vozinha' (Desportivo Chaves) e Márcio da Rosa (Montana, Bul).
- Defesas: Edilson Borges (Al Bataeh, EAU), Ianique Tavares (Torrense), Kelvin Pires (SJK, Fin), João Paulo Fernandes (FC Otelul, Rom), Roberto Lopes (Shamrock Rovers, Irl), Sidny Cabral (Estrela da Amadora), Steven Moreira (Columbus Crew, EUA) e Wagner Pina (Trabzonspor, Tur).
- Médios: Aílson Tavares (Beitar Jerusalém, Isr), Deroy Duarte (Ludogorets, Bul), Jair Semedo (Farense), Heriberto Tavares (Maccabi Netanya, Isr), Jamiro Monteiro, (Zwolle, Hol), Laros Duarte (Puskás FC, Bul), Kevin Pina (Krasnodar, Rus) e Telmo Arcanjo (Vitória de Guimarães).
- Avançados: Dailon Livramento (Casa Pia), Garry Rodrigues (Limassol, Chp), Hélio Varela (Gent, Bel), Nuno da Costa (Basaksehir, Tur), Ryan Mendes (Kocaelispor, Tur) e Willy Semedo (Omonia, Chp)
Herói do triunfo sobre Camarões, Dailon Livramento é o melhor marcador de Cabo Verde nesta campanha de qualificação, com três golos. Seguem-se Diney Borges e Janiro Monteiro, ambos com dois.
Um sonho adiado...até agora?
Cabo Verde, um país com menos de 600 mil habitantes, nunca esteve tão perto de alcançar uma qualificação para um campeonato do mundo.
Por duas vezes no passado, no apuramento para os Mundiais de 2022 e 2014, tinha ficado em segundo do seu grupo, atrás de Nigéria e Tunísia, respetivamente, embora nessa altura o vencedor de cada grupo ainda tivesse, depois, de jogar um play-off de apuramento.
Os sinais de crescimento da seleção cabo-verdiano pareciam estar lá há algum tempo, como o demonstrava por exemplo a presença nos quartos de final da Taça de África das Nações de 2023 (igualando a sua melhor campanha de sempre, que datava de 2013), onde caiu de forma inglória aos pés da África do Sul num amargo desempate por penáltis.
O apuramento falhado para a fase final da próxima Taça de África das Nações, que se disputa no início do próximo ano, gerou críticas, mas tudo será esquecido caso o sonho do apuramento para a fase final de um Mundial seja, enfim, concretizado.
Replicar o feito de Angola em 2006
Caso concretize mesmo esse sonho, Cabo Verde torna-se no segundo país dos PALOP (países africanos de língua oficial portuguesa) a marcar presença em fases finais de Campeonatos do Mundo. O primeiro, e único até agora, foi Angola, que esteve no Mundial 2006, na Alemanha.
Angola deu, aí, excelente conta de si, começando por perder por 1-0 com Portugal na estreia, antes de empatar com México e Irão, acabando por não ultrapassar a fase de grupos.
Para além de Cabo Verde, que só depende de si para carimbar o passaporte para a América do Norte, onde se jogará a fase final do Mundial 2026, também Angola (no mesmo grupo de Cabo Verde) e Moçambique, no Grupo G da Qualificação Africana, ainda têm hipóteses matemáticas de chegar ao apuramento, embora dependam do resultado de terceiros para lá chegarem.
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