Mudar para ficar (quase) tudo na mesma. Podia ser este o lema de Paulo Bento durante a fase de qualificação e os jogos particulares que Portugal disputou no caminho para o Brasil, onde disputará a partir de junho o Mundial 2014. Ao todo foram 48 jogadores convocados durante quase ano e meio, ou seja, aproximadamente dois plantéis ou mais de quatro equipas.

Contudo, a quantidade de opções definidas pelo selecionador nacional nestes 18 encontros não teve tanta expressão em campo, no qual pontificou quase sempre o mesmo ‘onze’. Rui Patrício, João Pereira, Bruno Alves, Pepe, Fábio Coentrão, Miguel Veloso, Raul Meireles, João Moutinho, Nani, Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga mereceram a confiança do técnico na grande maioria dos jogos, deixando a larga distância os restantes elementos. Aliás, destes 48 houve mesmo oito jogadores que nunca chegaram a ser utilizados – o guarda-redes Anthony Lopes, os defesas Cédric, Ruben Ferreira e Nuno André Coelho, os médios André Gomes e Adrien Silva e os avançados Bruno Gama e Bruma.

Nos 12 encontros oficiais realizados pela equipa das quinas – os 10 do grupo F da zona europeia de qualificação e os dois do play-off com a Suécia – Paulo Bento arriscou bastante menos do que nos seis testes particulares entre 2012 e 2013. Com efeito, apesar de apenas três internacionais terem feito o pleno dos jogos “a doer”, nomeadamente Rui Patrício, Miguel Veloso e João Moutinho (o mais utilizado, com 17 desafios em 18 possíveis), o selecionador mudou fundamentalmente por causa de castigos ou lesões.

Raras foram as alterações “estratégicas”, como foi o caso da titularidade de Hugo Almeida na segunda mão do play-off com os suecos, em Solna. De facto, Raul Meireles foi o “menos” utilizado, ao estar presente em oito dos doze encontros oficiais. Uma “folga” que se explica pela lesão que o médio do Fenerbahçe teve no início desta época.

Paralelamente, a lista de 48 candidatos ao Mundial compilada desde o “pós-Euro2012” comprova não só a fidelidade de Paulo Bento aos seus 11 “escudeiros”. Na verdade, essa confiança era quase sempre extensível aos mesmos elementos da segunda linha, onde se destacaram Varela (11 jogos em 18), Hugo Almeida e Rúben Amorim (9), Rúben Micael (8) e Nélson Oliveira (7).

No lote de 23 eleitos continuará, muito provavelmente, a pesar o contingente estrangeiro, uma tendência que se afirmou nas últimas duas décadas e que parece estar para durar, face ao escasso poderio financeiro nacional para segurar os melhores jogadores portugueses. Entre os 48 jogadores chamados por Paulo Bento, 29 alinham atualmente em clubes estrangeiros, contra somente 19 a nível nacional. Em termos relativos, o peso dos jogadores fora de Portugal ascende a 60,4 por cento, enquanto os que jogam no campeonato nacional representam 39,6 por cento das escolhas do selecionador.

À imagem do consulado de Luiz Felipe Scolari na Seleção (2003-2008), também hoje Portugal assenta num grupo coeso e bem delimitado. E salvo algum imprevisto, todos os membros desse grupo estarão presentes no próximo verão, no Brasil, onde medirão forças com a Alemanha, os EUA e o Gana no grupo G. Sem surpresas, mas com a ambição de fazer uma… surpresa no Mundial.

Lista de jogadores utilizados por Paulo Bento na caminhada para o Mundial:

17 jogos: João Moutinho
16: Miguel Veloso
15: Bruno Alves e Fábio Coentrão
14: Cristiano Ronaldo e João Pereira
13: Rui Patrício, Pepe, Hélder Postiga e Nani
11: Raul Meireles e Silvestre Varela
9: Rúben Amorim e Hugo Almeida
8: Rúben Micael
7: Nélson Oliveira
6: Custódio, Éder, Vieirinha e Ricardo Costa
5: Neto
4: Antunes
3: Miguel Lopes, Danny, Josué, Eduardo, Beto e Sílvio
2: André Almeida, Sereno, Carlos Martins, Hugo Viana, Pizzi, Paulo Machado e André Martins
1: William Carvalho, Rolando, Nélson, Hélder Barbosa e Licá
0: Anthony Lopes, Cédric, Nuno André Coelho, Rúben Ferreira, Adrien, André Gomes, Bruno Gama e Bruma