O Canadá não é um país conhecido pelo seu futebol, mas os adeptos que se deslocarem àquele país no próximo ano para assistirem ao Mundial descobrirão um país onde o desporto mais popular do mundo está a prosperar cada vez mais.

A primeira partida no Canadá do maior evento maior evento de 'soccer' (como a modalidade é conhecida no continente norte-americano) do planeta, organizado em conjunto com Estados Unidos e México, será disputada em 12 de junho de 2026, em Toronto.

A cidade é frequentemente citada como uma das mais multiculturais do mundo, onde a imigração impulsionou a popularidade do futebol.

Juntamente com Montreal e Vancouver, é também uma das três cidades anadianas a ter uma equipa na Major League Soccer, a Liga Profissional Norte-americana.

"Ao longo dos anos, vimos uma explosão de diversidade", diz Majied Ali, que administra uma liga para jovens muçulmanos no bairro de Scarborough, a leste de Toronto, que tem uma longa história de acolhimento de imigrantes.

A sua liga tinha 34 crianças quando foi criada em 1996, explicou à AFP o homem que emigrou de Trinidad e Tobago em 1986. Atualmente, conta com cerca de 1.500 jogadores, incluindo uma lista de espera.

Atribui esse crescimento às ondas de imigração em comunidades muçulmanas, com a chegada de refugiados da Somália e do Kosovo na década de 1990, seguidos por aqueles que fugiam de conflitos no Afeganistão e na Síria.

Hóquei no gelo em declínio

De acordo com um relatório divulgado no ano passado pela Fundação Jumpstart, que monitoriza a participação desportiva de jovens em todo o Canadá, "o futebol é consistentemente o desporto mais popular" em todos os grupos demográficos, com exceção de jovens com deficiência.

No geral, 62% dos jovens canadianos jogaram futebol mais de uma vez nos últimos três anos, enquanto a natação ocupa o segundo lugar, com 44%.

A ascensão do futebol também coincidiu com o declínio da participação de jovens no hóquei no gelo, reconhecido como o desporto nacional.

"O futebol é mais barato que o hóquei, com menos equipamentos", explica Dave Cooper, professor de educação física da Universidade de Toronto.

O número de jovens canadianos que jogam hóquei no gelo caiu drasticamente - em 33% - nos últimos 15 anos, de acordo com o relatório da Jumpstart.

"É onde está a energia"

Erik Wexler, que administra um programa desportivo para famílias de baixos rendimentos, especialmente novos imigrantes, concentra-se no futebol e no basquetebl porque "é o que as pessoas procuram".

"Não escolhemos um desporto arbitrariamente", enfatiza. "Sabemos que é onde está a energia".

Na sua opinião, o futebol é a forma ideal para os imigrantes desenvolverem um sentimento de pertença a uma comunidade num novo país.

O Mundial de 2026 é uma oportunidade para fazer crescer ainda mais esse impulso futebolístico no país, afirma.

O interesse dos canadianos pelo Campeonato do Mundo de futebol cresceu nos últimos tempos, com pessoas a torcerem por selecções com os quais têm laços familiares ou, em 2022, torcendo diretamente para o Canadá.

Naquele ano, a seleção nacional e seu astro, o lateral Alphonso Davies, do Bayern de Munique, apuraram-se para o Mundial do Qatar após 36 anos de ausência da maior competição do futebol do planeta.

E apesar de os 'Canucks' estarem apenas em 30º lugar no ranking da FIFA, a seleção feminina é muito mais bem-sucedida, tendo já conquistado o ouro olímpico em 2021, após duas medalhas de bronze (2012 e 2016).

O próximo verão marcará um momento sem precedentes para o país, diz Erik Wexler, porque "nunca sediamos nada parecido antes".