O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) desvalorizou hoje a distância geográfica entre a Península Ibérica e a Ucrânia, que aderiu à candidatura conjunta de Portugal e Espanha à organização do Mundial2030.
“Estamos inseridos na Europa, somos países europeus e a candidatura é europeia. Há cerca de um ano tivemos um Europeu de 2020 que se disputou entre Londres e Baku. Estamos na Europa e temos de falar dela”, lembrou Fernando Gomes, numa conferência de imprensa decorrida na sede do regulador do futebol europeu, em Nyon, na Suíça.
O dirigente luso falava ao lado dos presidentes da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e da Associação Ucraniana de Futebol (UAF), Luis Rubiales e Andrii Pavelko, respetivamente, ‘selando’ a inclusão daquele país do leste europeu na proposta ibérica.
“Quando decidimos avançar com esta candidatura, era claramente para vencer. Demos agora este passo tendo em consciência plena o momento histórico em que o mundo vive. Estão criadas as condições para termos uma candidatura pela paz em termos de bem-estar e aproximação dos povos, mas que é claramente ganhadora”, frisou o líder da FPF.
Em pleno conflito militar com a Rússia, a Ucrânia vem redimensionar a única candidatura europeia para a organização da principal competição mundial de seleções em 2030, cujo protocolo de colaboração entre FPF e RFEF já tinha sido assinado em outubro de 2020.
“Todos nós desejamos que em 2030 a guerra tenha terminado. A ideia [de incorporar a Ucrânia] partiu das pessoas que em 2018 iniciaram um processo que tem conduzido a candidatura ibérica. Obviamente, não somos indiferentes àquilo que se está a passar no mundo e sempre abordamos na perspetiva de uma candidatura europeia unir os povos e Europa num bem mais comum. Depois de acertarmos posições, perguntámos à UEFA se a ideia fazia sentido e recebemos claramente um sinal positivo”, notou Fernando Gomes.
A proposta foi apresentada em junho de 2021 e recebeu o apoio da UEFA, enfrentando a concorrência, pelo menos, de um projeto sul-americano (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai), um africano (Marrocos) e um intercontinental (Arábia Saudita, Egito e Grécia).
“Estamos em 2022 e são oito anos que queremos que passem depressa no sentido da aproximação dos povos. Nessa perspetiva, estamos perfeitamente convencidos de que serão encontrados os mecanismos para haver paz na Europa e em 2030 a Ucrânia tenha condições para organizar partidas do Campeonato do Mundo”, terminou o dirigente luso.
A comissão coordenadora do Mundial2030, liderada por António Laranjo, vai passar a incluir representantes da delegação ucraniana, chefiada pelo presidente da UAF, Andrii Pavelko, cuja adesão vai ter os seus termos “discutidos e definidos no devido tempo”.
“Esta candidatura tem muitas coisas para vencer, como história, estádios maravilhosos, gastronomia, turismo e muitas coisas que estão à volta do futebol, mas hoje damos um passo em frente. Juntos representamos o poder de transformação que o futebol tem na sociedade. Palavras como transformação, reconstrução, integração e esperança estarão intimamente ligadas às questões técnicas que já estávamos a desenvolver. Acreditamos, por isso, que esta candidatura é muito melhor”, manifestou, por sua vez, Luis Rubiales.
O presidente da RFEF, que já apresentou os 15 estádios candidatos em Espanha, numa lista que será reduzida a 11 e deve conjugar três recintos portugueses, confirmou que Madrid continua como sede desportiva do evento e Lisboa enquanto sede administrativa.
O Qatar acolherá a 22.ª edição do campeonato do mundo este ano, de 20 de novembro a 18 de dezembro, seguindo-se uma inédita coorganização entre três países (Canadá, Estados Unidos e México), em 2026, e a celebração do centenário da prova, em 2030.
A escolha dos países organizadores do Mundial2030 está prevista para o 74.º congresso da FIFA, em 2024, após Portugal ter recebido o Euro2004 e a Espanha o Euro1964 e o Mundial1982, ao passo que a Ucrânia albergou o Euro2012, em conjunto com a Polónia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com a ONU, que encara esta crise de refugiados como a pior em plena Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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