Religiosas católicas alertaram hoje para um possível aumento dos casos de exploração laboral e sexual durante o campeonato mundial de futebol do Brasil, durante a apresentação no Vaticano da campanha "Joga a favor da vida".
A campanha, que também se realizou durante os mundiais de futebol anteriores, na Alemanha e na África do Sul, promove a rede internacional da vida consagrada contra o tráfico de pessoas Talitha Kum, cujo objetivo é sensibilizar a sociedade para o problema do tráfico de seres humanos em grandes eventos.
Numa conferência de imprensa no Vaticano, a maltesa Carmen Sammut, presidente da União Internacional de Superioras Gerais (UISG), alertou para "os enormes lucros" gerados pelo tráfico de mulheres e crianças vendidos como escravos e para a necessidade de que as pessoas estejam conscientes "do que acontece à margem de grandes eventos, como o mundial de futebol, e do sofrimento daqueles que são traficados".
"Sem esta consciência, sem atuar em conjunto pela defesa da dignidade humana, o campeonato do mundo pode chegar a ser uma vergonha terrível, em vez de uma festa para a humanidade", acrescentou.
A religiosa Estrella Castalone, que cooredena a rede Talitha Kum, explicou que eventos como este atraem muitas pessoas à procura de trabalho, muitas das quais "acabam por ser enganadas e transformam-se em vítimas de diferentes formas de exploração".
"Conhecedoras deste cenário, queremos comprometer-nos a impedir o tráfico de pessoas durante o evento do campeonato mundial de futebol do Brasil", de 12 de junho a 13 de julho, acrescentou.
Na campanha de informação e sensibilização, que começou a 08 deste mês, colaboram mais de 250 religiosas d um grande grupo de laicos, informou.
A religiosas italiana Gabriella Bottani explicou que no Brasil o trabalho consiste em "dar instrumentos para reconhecer, identificar e denunciar várias situações de exploração.
Bottani afirmou que o Brasil é um país onde coexistem todas as fases do trajeto das vítimas de exploração, já que é um país de origem, trânsito e destino de pessoas exploradas, destacando que a maioria são mulheres jovens, de famílias pobres e com baixos níveis de escolaridade.
"O Brasil é um país com uma elevada percentagem de turismo sexual e isto aumenta significativamente o fenómeno da prostituição, especialmente de menores, e abre as portas ao tráfico interno e internacional", acrescentou.
As religiosas sublinharam que, durante os mundiais da Alemanha e África do Sul, o fenómeno da exploração sexual aumentou entre 30 e 40%.
Além da campanha de prevenção, grupos de religiosos e laicos vão estar presentes nas 12 cidades brasileiras, onde se vão realizar jogos do mundial.
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