O treinador do Manchester City, Pep Guardiola, afirmou hoje que os futebolistas de equipas inglesas “talvez tenham de avançar para uma greve”, de forma a preservar o bem-estar e saúde deles próprios, face ao denso calendário de jogos.
“Se calhar, os jogadores e os treinadores devem unir-se e fazer uma greve ou algo do género, porque já se percebeu que nada se vai resolver só com palavras”, afirmou o técnico dos ‘citizens’, em conferência de imprensa, criticando o vasto número de jogos que as equipas têm de disputar em Inglaterra e o pouco tempo de descanso de que beneficiam os atletas.
Apesar de os campeões ingleses terem três jogos agendados em apenas seis dias, Guardiola considerou que o ‘boxing day’ é um período “tradicional e importante” em Inglaterra, e salientou que o principal problema são as muitas competições que se realizam ao longo da temporada e que, inclusive, impedem que os jogadores tenham mais do que duas semanas de férias num ano: “Isto é demais.”
“A UEFA, a FIFA, a Premier League, os detentores de direitos de transmissão televisiva e o negócio parecem ser mais importantes do que o bem-estar dos jogadores. No início desta temporada, eu não tinha jogadores disponíveis para jogar [devido à realização do Euro2020]. Tinha somente 10 jogadores. Isto desvirtua a competição, não é justo. No entanto, os jogadores precisam de férias, de descansar duas ou três semanas”, disse Pep Guardiola.
De resto, o técnico espanhol recordou, por exemplo, que em Inglaterra apenas se podem efetuar três substituições por jogo, quando nos restantes campeonatos se mantiveram as cinco alterações permitidas, face ao condensado calendário competitivo.
“Em todo o mundo é permitido fazer cinco substituições, mas aqui mantêm-se as três. Isto é defender o bem-estar dos jogadores?”, questionou.
Da mesma forma, o treinador do Everton, Rafa Benítez, revelou-se hoje surpreso pelo facto de a Premier League não ter adiado o jogo com o Burnley, tendo em conta que, entre jogadores infetados com o coronavírus e lesionados, os ‘toffees’ têm somente nove atletas de campo e três guarda-redes disponíveis para a partida de domingo, isto numa altura em que o Reino Unido regista cerca de 100.000 casos diários de infeção.
“Estou muito surpreendido por termos de disputar este jogo. O risco de infeção é bastante elevado. Quem irá responsabilizar-se caso aconteça alguma coisa?”, criticou Benítez.
Já hoje, foram adiados o Liverpool-Leeds e o Wolverhampton-Watford, dois dos jogos da Liga inglesa previstos para domingo, no ‘boxing’day’, devido a vários casos de jogadores infetados com o coronavírus, que provoca a doença covid-19.
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