O governo britânico classificou hoje de “completamente deslocado” o facto de os adeptos do Chelsea gritarem constantemente o nome do proprietário do clube, Roman Abramovich, nos momentos da Liga inglesa de futebol de homenagem à Ucrânia.
Em causa, o minuto de apoio à Ucrânia a anteceder os jogos da 'Premier League', face à invasão militar da Rússia: os adeptos dos ‘blues’ não têm respeitado o momento, entoando o nome de Abramovich antes do início dos desafios.
O dono do clube inglês é um dos vários oligarcas russos visados por sanções inglesas face à proximidade do dirigente com o presidente russo Vlamidir Putin.
No final do encontro com o Burnley, disputado em 05 de março, o treinador alemão Thomas Tuchel demarcou-se desse gesto: “Não era o momento de fazer isso. Se queremos mostrar a nossa solidariedade, fazemo-lo todos juntos.”
Entretanto, alheios à opinião do treinador que deu o título europeu e mundial de clubes à equipa, os adeptos repetiram o gesto na visita ao Norwich e em casa com o Newcastle.
"Estamos bem cientes da força dos sentimentos que cercam um clube popular, mas isso não justifica uma atitude totalmente inadequada no momento atual”, sublinhou um porta-voz do primeiro-ministro inglês Boris Johnson.
Segundo este representante, “as pessoas podem mostrar a sua paixão e apoio sem recorrer a esse género de escolhas”.
Abramovich comprou o clube em 2003, conseguindo torná-lo num dos mais fortes do novo milénio, com um total de 19 troféus nacionais e internacionais, conquistados graças a investimentos multimilionários na equipa, facto que o tornou popular entre os adeptos.
A guerra desencadeada pela Rússia na Ucrânia levou a que muitos países decretassem um conjunto de sanções, incluindo financeiras, aos vários oligarcas próximos de Vladimir Putin, com o congelamento dos seus bens.
Esse facto também afetou o Chelsea, mergulhado assim em grave crise financeira, o que levou Abramovic a tentar vendê-lo, num processo que fortaleceu o vínculo dos adeptos ao russo.
Os londrinos, que agora só podem socorrer-se às suas contas, têm despesas salariais mensais com futebolistas superiores a 30 milhões de euros, pelo que o clube corre o sério risco de estrangulamento financeiro a breve prazo.
O governo voltou a indicar que não se opõe à venda do clube, que Abramovic alegadamente pretenderá fazer com a brevidade possível, numa operação que será “sujeita a condições”.
"Estamos abertos a uma venda do clube. Estaríamos dispostos a estudar um pedido de alteração da licença (ao abrigo da qual o clube foi autorizado a continuar as suas atividades), que permitiria a sua realização, se as circunstâncias o permitirem", indicou o porta-voz, sem detalhar.
No entanto, especificou, o clube ainda não fez qualquer pedido nesse sentido.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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