No final da partida, e já em conferência de imprensa, Ruben Amorim disse o que lhe ia na alma no adeus em glória ao Sporting e antes de rumar ao enorme desafio chamado Manchester United.

O que disse aos jogadores ao intervalo, e obrigado pela postura que demonstrou.

"Antes de mais, agradeço os elogios e volto a dizer que sempre me trataram também com bastante respeito e isso também é muito importante. Foi um prazer lidar convosco. Foi recíproco. O que aconteceu é que há coisas que não se explicam. Se calhar entrou em campo o Vitorino, o Coates, o Neto. Parece que entraram em campo na 2.ª parte e foi especial. Muito melhor do que na terça-feira. Foi isso que aconteceu. Toda a gente que passou aqui nos últimos quatro anos entrou em campo e não havia maneira de perder este jogo. Já fui campeão pelo clube do meu coração, mas este momento foi inacreditável. Melhor do que terça-feira. Teve um significado muito especial para mim. Entramos todos em campo. O Vitorino, o Matheus Nunes. Tinha de ser assim".

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O que disseram os seus olhos nestes quatro anos e meio: "É difícil resumir isso neste momento. Agradeço as palavras. Foi uma aventura incrível. Sempre pareceu que tinha as certezas todas, mas em muitas fases tive algumas dúvidas. Muita gente me ajudou. Vivi um contexto muito especial. Difícil, quando chegámos, mas especial. Sei que será difícil reproduzir noutro sítio o que tenho aqui, mas há outros sítios com outra exposição e pressão. O que posso dizer aos sportinguistas é obrigado. Eu é que digo obrigado. Foi uma aventura fantástica. Fiz o que pude. Cometi alguns erros, teimosias, mas foi sempre a pensar na equipa. Posso dizer isso de consciência tranquila, a equipa esteve sempre em 1.º lugar. Desta vez, tirando o erro do fim da época passada, esta foi a única vez em que pensei em mim. Tive de o fazer. Portanto, obrigado. Desculpem esta decisão a meio da época, mas senti que era a minha hora e o meu caminho. E nesse caso, preciso de estar de corpo e alma. Agradeço o apoio, mas há que continuar. Na próxima jornada podemos bater o melhor arranque de sempre e há muito a fazer".

Reviravolta: "Sem dúvida. Senti que se marcássemos um golo, a equipa estava mais fresca. Sabia que, assim que marcássemos, podíamos conseguir a reviravolta. Mas até ao primeiro golo, senti que estávamos muito estagnados. Com falta de emoção, velocidade, talvez paixão. Estas semanas foram complicadas. Os jogadores deram muito na terça-feira. Mas assim que marcámos um golo, acreditei que conseguiríamos dar a volta ao resultado. Foi aqui que me apresentei, não sabia bem o que dizer, onde colocar as mãos. O mister Carvalhal foi muito importante. Queria também agradecer ao presidente António Salvador, acho que nunca o fiz. Ao presidente do Sporting acho que já agradeci. O presidente António Salvador fez uma aposta muito arriscada. Ao Vieira, que trabalhou aqui SC Braga na formação. Acho que correu tudo bem. É a sorte que tenho e tinha de ser assim. Vou muito feliz. Senti o jogo difícil, senti que poderíamos não dar a volta, mas quando marcámos o 2-1, acreditei que podíamos vencer".

Saudades de Hjulmand e a estrela para João Pereira: "O sucessor vamos ver, não sei quando o clube vai informar. Trouxe muita coisa, mas não trouxe tudo. Deixei lá algumas coisas que depois serão entregues. Tenho confiança porque acredito nos jogadores. Eu sei qual é o próximo treinador e acredito nele, disse-o aos jogadores. Que há coisinhas que vão ser diferentes, mas que a pessoa que vai estar no meu lugar tem a mesma essência. Isto já estava a ser planeado, foi é mais cedo. Nem toda a gente tem a sorte que tenho. Os jogadores têm de ser muito humildes, vão passar por dificuldades, têm de se agarrar uns aos outros. Jogadores como o Quaresma, que às vezes não treina tão bem, mas às vezes consigo manipular para que não se perca. O Geny, as pessoas também sabem isso. Partilhámos informação com toda a gente. Se o grupo se mantiver assim, o treinador que vem tem as características para guiar a equipa ao Marquês".

Momento mais marcante: "Houve as festas todas, mas este momento é dos mais marcantes, senão o mais marcante. Foi o contar a história de todos em 90 minutos e, no fim, acabou por correr bem. Não esperávamos dois extremos a jogar ao mesmo tempo, foi uma aposta do mister Carvalhal. A frescura fez diferença neste jogo. Estivemos quase sempre por cima. O Sp. Braga fechou os espaços. Via-se que o Vitor Carvalho estava a fechar o espaço do Pote, o Moutinho preocupado com o espaço do Trincão, que não conseguiu arrancar. Os extremos são fortes e rápidos como os nossos, bateram-se bem. Diria que foi a preparação do jogo do Sp. Braga. Esperou por nós. Apesar de não termos sofrido muitas transições, acho que podíamos evitar os dois golos. Faltou-nos velocidade a voltar para trás. Se olharmos para o resto do jogo, acho que fomos justos vencedores".

Mais um a torcer: "Não. Vou torcer, mas haverá outro treinador. Eu vou ter o meu trabalho e os meus jogadores. A partir de amanhã, vou vestir outra camisola e vou ser a mesma pessoa com outro grupo. Vou criar uma ligação com eles, tentar conhecer os meus jogadores e estar muito focado no meu trabalho. Simplesmente vou torcer pelo grupo de trabalho. Este grupo está muito bem orientado, não precisa da minha ajuda. Sou mais um a torcer que cheguem ao Marquês. Porque também ganho o campeonato...".