
Foram cinco, mas podiam ter sido muitos mais. O Sporting 'atropelou' o Boavista no Estádio do Bessa por 0-5, num jogo de sentido único e onde Gyokeres, para não variar, voltou a ser a figura.
Aquando da sua apresentação, Stuart Baxter disse que ia colocar vários autocarros à frente da baliza para travar o sueco, uma estratégia condenada ao fracasso logo à nascença...é que não é com autocarros que se trava um Fórmula 1.
Gyokeres e a restante equipa do Sporting dominaram o jogo de princípio ao fim, nunca permitindo ao Boavista entrar no jogo, remetendo-o quase sempre para o seu último terço. Perante a inoperância ofensiva e o desacerto defensivo, valeu aos axadrezados a exibição de Vaclík, que impediu um punhado de golos que transformariam a goleada numa humilhação.
O jogo: Leão lançou o rei e fez 'xeque-mate'
Rui Borges fez alterações nas alas, fazendo entrar Catamo e Maxi para os lugares de Matheus Reis e Fresneda, isto enquanto Pedro Gonçalves mantinha o seu lugar no trio de ataque. Do lado do Boavista, Stuart Baxter foi forçado a deixar de fora o castigado Seba Pérez, fazendo entrar Moussa Koné.
Desde o apito inicial que o jogo teve apenas o sentido da baliza do Boavista; Trincão deu o aviso logo aos dois minutos, rematando para boa defesa de Vaclík, o prenúncio para o que aconteceria quatro minutos depois.
Jogada de insistência de Maxi Araújo na esquerda com o uruguaio a recuperar a bola dentro da área e a cruzar rasteiro ao primeiro poste, onde apareceu Gyokeres a abrir as hostilidades.
Os axadrezados quiseram responder de pronto e tiveram a sua melhor (e única) oportunidade quando, após canto na direita, Miguel Reisinho cabeceou sozinho ao segundo poste, fazendo a bola roçar a barra da baliza de Rui Silva.
Com maior ou menor fulgor, os leões iam controlando a partida, acumulando oportunidades para aumentar a vantagem, que acabavam por falhar o alvo ou esbarrar na muralha defensiva axadrezada.
Depois de meia-hora entrincheirado na sua área, o Boavista começou a subir o bloco e a pressionar o adversário logo à saída da sua grande área. Atitude positiva, mas que acabou por custar caro à equipa da casa. É que o espaço deixado nas costas de uma defesa é o parque de diversões de Viktor Gyokeres e o sueco fez questão de o demonstrar.
No primeiro minuto de compensação o '9' dos leões é lançado pela esquerda...a partir daqui toda a gente sabe o que vai acontecer, mas a verdade é que ninguém o consegue parar. Gyokeres veio para dentro, tirou Abascal do caminho e fuzilou as redes boavisteiras, levando o Sporting para o intervalo com dois golos de vantagem.
Ao intervalo Baxter lançou Bozeník e Ariyibi para tentar a reação, mas a verdade é que o filme do jogo não mudou e transformou-se numa longa e dura metragem para os axadrezados.
Logo aos 50 minutos, uma excelente combinação do ataque verde e branco lançou Gyokeres pela direita; o sueco entrou dentro da área, não se fez rogado, e assinou o 'hat-trick', golo que transformou o avançado no maior goleador estrangeiro de origem europeia do clube de Alvalade, ultrapassando Bas Dost.
Mais sete minutos e, com a defesa boavisteira feita em frangalhos, Gyokeres partiu rumo à baliza adversária, desta feita o '9' verde a branco não conseguiu bater Vaclík, mas eis que surgiu Maxi Araújo na recarga para fazer tranquilamente o 0-4 de cabeça.
Com o jogo no bolso, o Sporting limitou-se a gerir tranquilamente as operações, perante um Boavista que tentava deixar uma melhor imagem e recuperar índices anímicos para o jogo da próxima semana com o AVS.
Restava apenas saber por quantos golos se materializaria o domínio dos campeões nacionais, uma questão que Gyokeres fez questão de responder já nos descontos; ataque pela esquerda com o recém-entrado Harder, a fugir ao comportamento habitual e a servir Gyokeres que fez o golo mais fácil da noite, consumando o 'poker' que o deixa na liderança da corrida à Bota de Ouro.
O passeio do leão pelo Bessa valeu mais três pontos fundamentais na luta pelo título, isto quando há apenas três jornadas para disputar. Já o Boavista continua a sua luta pela manutenção que, realisticamente, se resumirá ao lugar de 'playoff'.
O momento: Meia centena
Nos minutos finais da primeira parte, o Boavista estava a conseguir subir mais no terreno e ter mais bola, pressionando o Sporting na sua zona defensiva. Contudo, aos 46 minutos, tal postura acabou por se revelar fatal.
Transição rápida dos leões a lançarem Gyokeres pela esquerda para a sua tradicional diagonal rumo à baliza, flexão para o interior e remate forte para o 0-2; golo clássico do sueco, naquele que foi o seu 50º da temporada.
O melhor: Há muito que faltam palavras
Para não variar muito, Viktor Gyokeres voltou a ser a figura do jogo. Adjetivos e definições há muito que se esgotaram para classificar o desempenho do avançado sueco, que brindou os adeptos que se deslocaram ao estádio do Bessa com quatro golos, sendo que outros tantos terão ficado por marcar, tal o domínio dos leões.
Para demonstrar a superioridade de um elemento sobre os demais, costuma dizer-se que este joga xadrez enquanto os outros jogam damas. Neste caso, e perante o estilo de jogo do avançado, dir-se-á que Gyokeres joga bowling, enquanto todos os outros ainda estão no chinquilho.
O pior: O reflexo de uma época
Com cinco golos sofridos, números que até poderiam ter sido superiores, é difícil isolar um elemento do Boavista como o mais apagado em campo. Neste caso específico, o 'prémio' vai para a linha defensiva dos axadrezados, que nunca se mostrou capaz de conter a avalanche ofensiva do Sporting, mostrando apenas alguma solidez quando apoiada pela linha média junto à sua área.
No final da primeira parte, e quando a equipa tentava subir, a defesa não foi capaz de conter as transições leoninas, sofrendo o importante segundo golo em cima do intervalo.
Chegados ao segundo tempo manteve-se a desordem, que só foi aumentando à medida que os golos foram entrando na sua baliza. Apenas Vaclík evitou que o descalabro fosse ainda maior.
O que disseram os treinadores:
Stuart Baxter, treinador do Boavista
Rui Borges, treinador do Sporting
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