A equipa principal de futebol do FC Porto continua a navegar em águas turbulentas. Depois de uma noite de tempestade para a Liga dos Campeões frente ao Club Brugge, os dragões deslocaram-se ao Estoril numa tarde sol e calor que convidava a uma ida às praias da Linha, mas a maré não mudou para a turma de Sérgio Conceição.
É certo que, a muito custo (com um - polémico - penálti ao cair do pano), os dragões escaparam a nova derrota, mas no António Coimbra da Mota os dragões deixaram dois pontos e uma certeza: há muito para melhorar se quiserem revalidar o título.
Sérgio Conceição mexeu no 'onze' inicial, depois dos 0-4 de quarta-feira na receção aos campeões belgas, mas foi por demais evidente que faltam (muitas) soluções aos azuis e brancos em comparação com a equipa que se sagrou campeã na temporada passada. O Estoril, com uma exibição personalizada, soube explorar essas lacunas e tirar partido das inseguranças que, por estes dias, se vivem na equipa do FC Porto e podia muito bem ter saído do encontro com os três pontos.
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O jogo: três bolas nos ferros, polémica e um golo para cada lado
Com Rodrigo Conceição e o ex-Estoril André Franco titulares pela primeira vez, Fábio Cardoso a fazer dupla com David Carmo no centro da defesa (Pepe ficou na bancada) e Taremi de regresso ao ataque, o FC Porto tomou conta do encontro nos minutos iniciais, mas a verdade é que nos primeiros 45 minutos os dois únicos lances de real perigo que criou acabaram com a bola no fundo da baliza do Estoril, só que em fora de jogo.
O Estoril aproveitou esse domínio infrutífero do adversário para, ele sim, criar perigo por três vezes (enviando mesmo uma bola ao poste num desses lances) antes de abrir o marcador, à beira do intervalo, num excelente lance finalizado por Tiago Gouveia, jovem atacante cedido pelo Benfica aos canarinhos.
A segunda parte começou sem alterações nas duas equipas, mas com o FC Porto mais incisivo e a começar, enfim, a criar oportunidades de golo, enviando mesmo uma bola à trave aos 51 minutos, num espetacular remate de Taremi. O Estoril, em contra-ataque, também podia ter dilatado a vantagem, por Francisco Geraldes, valendo Diogo Costa aos visitantes e apesar dos lances de perigo os minutos iam passando sem que o marcador voltasse a mexer. Só que aos 77 minutos os anfitriões ficaram reduzidos a dez, por expulsão de Ndiaye e logo a seguir o FC Porto enviou nova bola aos ferros, desta feita por Veron.
E, num jogo com tantas incidências, não podia faltar a polémica, nos descontos, no lance que acabaria por ditar o empate. Grande penalidade a beneficiar os dragões já nos descontos, a punir mão (evidente) de Joãozinho na bola na área do Estoril, mas num lance que começou por ser marcado fora de jogo ao ataque azul e branco. Taremi não vacilou na conversão do castigo máximo e tudo acabou empatado.
O momento: Penálti nos descontos dita empate
Corte de Joãozinho com o braço dentro da área. Luís Godinho assinala, inicialmente, fora de jogo ao ataque do FC Porto mas, alertado pelo VAR, vai ele ver as imagens e avaliar se há mesmo posição irregular com interferência no lance antes do toque com o braço do capitão do Estoril. Depois de uma longa análise, o árbitro aponta mesmo para a marca dos 11 metros, de onde Taremi restabeleceu a igualdade, fixando o resultado final.
O melhor: Estoril de bom nível, FC Porto a lutar até ao fim
O Estoril realizou uma exibição de bom nível. A formação de Nélson Veríssimo foi crescendo na primeira parte até chegar ao golo que fez por merecer, com o seu autor, Tiago Gouveia, entre os jogadores em maior destaque, ao lado de um Francisco Geraldes também em bom plano. O FC Porto reagiu na segunda parte e, à falta de alguma inspiração, mostrou vontade de lutar até ao fim por outro desfecho, acabando por ser premiado com o empate, assinado por Taremi, que foi dos mais inconformados dos dragões. Mas para um FC Porto melhor no segundo tempo também contribuíram homens que saltaram do banco, como Galeno ou Veron.
O pior: o que se passou nas bancadas...
Se dentro das quatro linhas os jogadores proporcionaram um espetáculo que teve emoção até ao fim, nas bancadas passou-se algo de lamentável. Depois de tanto se falar, ao longo da semana, do jovem que teve de despir a camisola do Benfica por se encontrar numa bancada destinada a sócios do Famalicão, agora, no António Coimbra da Mota, alguns adeptos do FC Porto ainda festejavam um golo - que viria a ser invalidado - numa bancada junto àquela onde estava a claque do Estoril. Alguns elementos da claque revoltaram-se pelo facto de naquele local do estádio estarem adeptos equipados com camisolas da equipa visitante a festejarem o pretenso golo e os ânimos exaltaram-se, com um pai a sair da referida zona com uma menina ao colo, havendo relatos de que terão sido cuspidos por alguns adeptos canarinhos.
As reações
- Veríssimo diz que empate "tem um sabor amargo", Geraldes critica tempo para decidir penálti
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