À quarta foi de vez. Depois de no passado recente o FC Porto ter tido enormes dificuldades nas visitas ao António Coimbra da Mota, os dragões voltaram a sair do Estoril com uma vitória.

A tarefa adivinhava-se difícil e mais complicada ficou quando os estorilistas se adiantaram no marcador. Contudo, estes dragões não estavam dispostos a reviver traumáticas recordações da casa amarela e conseguiram dar a volta ao marcador para alcançar o triunfo.

Para levantar a 'maldição' foi preciso um momento de magia de Rodrigo Mora, isto depois de Samu ter empatado de grande penalidade, para dar ao FC Porto três importantes pontos que permitem aos azuis e brancos regressar ao terceiro lugar, e olhar para o clássico de domingo com outros olhos.

O jogo: Enguiço quebra-se com feitiço

Para esta partida, os dois treinadores resolveram repetir os onzes com que começaram os respetivos jogos da última jornada. No Estoril, Cathro continuava a não poder contar com o guarda-redes Robles, enquanto que no FC Porto, Eustáquio mantinha-se na linha de três centrais, ao lado de Marcano e Nehuén Pérez.

Os dragões entraram fortes na partida, mostrando que tinham o adversário muito bem estudado. É que a postura ambiciosa do Estoril, que subia linhas e pressionava alto, deixava as costas da sua defesa permeável a lançamentos longos e combinações que abriam muitos espaços na zona mais recuada.

O FC Porto procurava ao máximo explorar este 'filão', ameaçando chegar ao golo. Todavia, quem o fez acabou por ser o Estoril. Aos 15 minutos, e na primeira vez que chegou à área azul e branca, os canarinhos beneficiaram de uma mão de Maracano dentro da área para beneficiarem de uma grande penalidade que Begraoui não desperdiçou.

Os portistas acusaram o golo sofrido contra a corrente do jogo e mostraram muitas dificuldades em chegar perto da área estorilista, algo que acontecia quase sempre através de iniciativas de Fábio Vieira ou Rodrigo Mora. Foi dos pés do '86' que nasceu a primeira grande oportunidade para empatar, apenas aos 38 minutos, negada por Chamorro.

Todavia, a partir daí o FC Porto conseguiu assustar mais frequentemente a defensiva do Estoril, e acabou por ser recompensado em cima do intervalo. Após um pontapé de canto, Jordan Holsgrove toca com o braço na bola; penálti assinalado e devidamente convertido por Samu no golo do empate.

Na segunda parte o Estoril procurou dar outra imagem; Cathro desfez o trio de centrais e lançou Alejandro Marqués para o ataque. Os canarinhos entraram mais afoitos no ataque, e Guitane obrigou Diogo Costa a aplicar-se com um tiro de fora da área logo nos primeiros minutos.

Mas acabou por ser sol de pouca dura, uma vez que, gradualmente, o FC Porto adaptou-se ao novo sistema do adversário e voltou a tomar conta das operações. Novamente com um adversário mais subido no terreno, os dragões voltaram a ter espaço para desenhar jogadas de perigo.

Aos 63 foi Nehuén Pérez a ameaçar, com um remate à entrada da área que tirou tinta do poste da baliza estorilista, era apenas o prenúncio do que aconteceria pouco depois.

Apenas dois minutos volvidos e aquilo que parecia um potencial lance de transição ofensiva do Estoril acabou por transformar-se no exato oposto. João Carvalho definiu mal e a bola sobrou para Rodrigo Mora; o feiticeiro de Custóias combinou com Francisco Moura e depois decidiu partir sozinho rumo ao golo, tirando dois do caminho antes de fuzilar a baliza estorilista.

O mais difícil estava feito e os dragões conseguiram gerir a vantagem até final sem grandes sobressaltos de maior, isto apesar da vontade da equipa da casa, vontade esta que nunca contou com a ajuda do discernimento e energia para que se materializasse numa verdadeira reação.

Três visitas depois, o FC Porto volta a sair do António Coimbra da Mota com uma vitória. Os dragões voltaram ao terceiro lugar e já terão as atenções viradas para o importante clássico com o Benfica da próxima ronda.

O momento: Já lá Mora

Corria o minuto 65, o FC Porto estava por cima, após boa entrada do Estoril na segunda parte, mas as oportunidades eram poucas. Após uma má tentativa de João Carvalho para sair em transição, a bola sobrou para Rodrigo Mora na esquerda.

Ao seu jeito, o jovem avançado portista partiu para cima do defesa, mas viu Francisco Moura a chegar e serviu o colega que, amavelmente, devolveu-lhe o favor. Aí todo o talento e virtuosismo de Mora veio ao de cima, tirando dois adversários do caminho para um belo golo.

O melhor: Menor de idade, maior de talento

Apesar de ter apenas 17 anos, Rodrigo Mora já muito futebol nos pés. Contudo, e como na maioria dos maiores talentos, o seu futebol passa também muito pela cabeça. O '86' dos azuis e brancos voltou a ser o mais irreverente e aquele com maior capacidade para inventar jogadas de perigo.

Foi de Mora que saíram os principais lances do FC Porto, especialmente na segunda metade da primeira parte, onde os portistas mostravam muitas dificuldades em criar oportunidades.

Na segunda parte, o jovem avançado decidiu resolver ele próprio o jogo, ao desenhar, quase em exclusivo, o lance do segundo golo dos portistas, registando o segundo jogo consecutivo a marcar.

O pior: Um '10' que não o foi

Jordan Holsgrove fez dupla com Xeka no eixo do meio-campo do Estoril. Com uma estratégia que pressupunha pressão alta, seria necessário uma boa cobertura no setor intermediário que equilibrasse a equipa na hora de defender.

Contudo, a verdade é que Holsgrove nunca conseguiu ser esse 'tampão', o que permitiu aos dragões fazer muitas transições ofensivas com perigo, mostrando também muita ineficácia na hora de construir.

Na luta de meio-campo, o escocês não conseguiu levar a melhor nos duelos, vendo a sua tarefa ainda mais complicada quando Eustáquio saía da zona defensiva para juntar-se a Varela e Fábio Vieira. A juntar a tudo isto, foi o braço do médio estorilista que permitiu o golo do empate ao FC Porto.

O que disseram os treinadores

Ian Cathro, treinador do Estoril

Martín Anselmi, treinador do FC Porto

O resumo