Não há duas sem três, diz o ditado. Mas na noite de sábado o Sporting contrariou a sabedoria popular e, depois de duas amargas derrotas ante o FC Porto, que custaram dois troféus, desforrou-se e bateu o rival para somar a sua quarta vitória em quatro jogos na presente edição da I Liga. Conseguiu-o em Alvalade, nos últimos (já largos) tempos uma verdadeira fortaleza para a turma de Rúben Amorim, que aí não perde para o campeonato desde fevereiro de 2023, derrotada então pelo...FC Porto.

Muito mudou desde então. Se na altura os dragões eram campeões em título e tinham Sérgio Conceição como treinador, agora os campeões são os leões. Se, na altura, os leões passavam por um momento complicado (iriam acabar esse campeonato no 4.º lugar), agora respiram saúde (apesar das derrotas na final da Taça e na Supertaça). E se, na altura, o ponta de lança titular do Sporting foi Youssef Chermiti, esta noite foi um tal de Viktor Gyokeres.

O sueco continua em Alvalade, fechado que está o mercado de transferências nas principais Ligas europeias, e continua em grande, a fazer a diferença, tanto como fazia na temporada passada. Este Sporting está longe de ser apenas Gyokeres. Houve outros jogadores a exibirem-se a um excelente nível, casos de Pedro Gonçalves, Morita, Catamo ou Diomande (para referir apenas alguns), mas foi uma vez mais o potentíssimo avançado sueco a desamarrar o jogo.

Já lá vão sete golos em cinco jogos esta temporada (mais três assistências) e vestígios da lesão no joelho que o levou a ser operado, nem vê-los. Desta vez, foi de uma arrancada à sua imagem que nasceu a grande penalidade que originou o 1-0, por ele sofrida e convertida, abrindo caminho a um triunfo merecido, selado à beira do fim por Geny Catamo, que confirmou ser homem para os jogos grandes em Alvalade: depois dos golos ao Benfica no dérbi da temporada passada, mais um golo a um rival direto.

Quanto ao FC Porto, ainda no início de uma nova era, agora com Vítor Bruno ao leme, tentou tudo para dar boa conta de si em Alvalade e também teve os seus momentos (até podia ter marcado primeiro) mas (pelo menos para já e apesar do incrível triunfo do início do mês na Supertaça) não está ainda capaz de fazer frente a um Sporting tão seguro de si, sobretudo em Alvalade, onde os leões já vão em 19 vitórias seguidas para o campeonato.

Veja as imagens que contam a história do encontro

O jogo: domínio crescente do Sporting ditou desfecho natural

As duas equipas entraram em campo só com vitórias na I Liga e lado a lado no topo da tabela. Na memória de todos estava ainda, claro, a vitória do FC Porto sobre o Sporting em Aveiro, na Supertaça. E os dragões até entraram melhor no jogo, tendo mais tempo a bola em seu poder no meio-campo adversário, ainda que sem criarem grande perigo. A exceção foi um remate de ressaca de Vasco Sousa que saiu ligeiramente ao lado.

Esse foi o mote para o Sporting começar a tomar, pouco a pouco, conta das operações, construindo progressivamente várias oportunidades para marcar. Na primeira valeu Otávio a negar o golo a Pedro Gonçalves, já com Diogo Costa fora do lance, depois Trincão errou por duas vezzes o alvo, Gyokeres atirou às malhas laterais e Pedrgo Gonçalves voltou a ameaçar, de calcanhar. Do outro lado, apenas Galeno ficou perto do golo, já à beira do intervalo, com Kovacevic a defender.

A segunda parte começou com uma oportunidade para cada lado (Alan Varela cortou em cima da linha de golo um desvio de Gyokeres e Kovacevic voltou a ter de se aplicar para defender novo remate de Galeno), mas uma vez mais o Sporting foi crescendo e acabou, enfim, por marcar. Hjulmand encontrou Gyokeres na direita com um passe longo e o sueco arrancou de perto da linha de meio campo, deixando para trás Otávio, que só conseguiu parar o adversário em falta, já bem dentro da grande área azul e branca. Gyokeres não perdoou na conversão do consequente castigo máximo e fez mesmo o 1-0.

Depois, o FC Porto tentou reagir, Vítor Bruno fez várias mexidas e até lançou um dos reforços recém-chegados (Samu), mas sem ameaçar verdadeiramente o empate e foi o Sporting quem chegou ao 2-0, já nos descontos, num excelente lance individual de Geny Catamo, que entretanto já havia passado da ala esquerda para a ala direita, habitat ao qual está mais habituado.

O momento: Gyokeres arranca e deixa Otávio 'nas covas'

Minuto 69: o encontro até parecia estar numa fase mais adormecida, mas Gyokeres, já se sabe, está sempre ligado à corrente. O sueco recebeu a bola de Hjulmand na direita, pouco depois da linha divisória, parou o esférico de costas para a grande área contrária e com um movimento repentino virou-se e arrancou em direção à baliza do FC Porto, surpreendendo por completo Otávio, que começou por ter uma má abordagem ao lance e depois, na tentativa de recuperar, fez ainda pior, acabando por cometer grande penalidade. Uma grande penalidade que abriria caminho ao triunfo do Sporting.

O destaque: sueco continua imparável

Não há como fugir a esta ideia: há muito tempo que não havia em Portugal um jogador que fizesse tanta diferença como Viktor Gyokeres. Foi bem evidente na temporada passada e continua a sê-lo nesta temporada. Uma vez mais foi dele a jogada e o golo que desataram o jogo, mas antes disso já o camisola 9 do Sporting tinha dado muitas dores de cabeça à defesa do FC Porto. Na primeira parte quase ofereceu um golo a Pedro Gonçalves e ainda atirou uma bola às malhas laterais. Depois, na segunda, antes da tal arrancada que abriu caminho à vitória, viu Alan Varela tirar-lhe um golo em cima da linha e depois do 1-0 ainda teve mais uma arrancada fulminante, plena de força, culminada com um remate que saiu ligeiramente ao lado. Mais uma grande exibição.

As reações

- Rúben Amorim analisa o clássico: "Fomos melhores mas temos um longo caminho a percorrer"

- Vítor Bruno explica derrota no clássico: "Encolhemos em demasia. O Sporting montou-nos uma teia em que foi difícil sair"

- Gyokeres e Diogo Costa concordam: vitória do Sporting foi justa

O resumo