O Sporting bateu o Paços de Ferreira por 2-0, deixando o Benfica a nove pontos de distância e colocando-se (ainda que à condição) a apenas três pontos do líder FC Porto na classificação da I Liga. Pablo Sarabia, a meio da primeira parte, na transformação de uma grande penalidade que começou por ser uma simulação, e Nuno Santos, já a meio da segunda, marcaram os golos do triunfo sobre o Paços de Ferreira, mas os campeões nacionais jogaram durante cerca de 60 minutos com uma intensidade muito abaixo daquela a que habituaram os adeptos nos últimos tempos. Ao ponto de estes terem chegado a assobiar a equipa...algo que há muito não se ouvia para os lados de Alvalade.
Foi no início da segunda parte. A vencer por 1-0 ao intervalo, depois de uns primeiros 45 minutos em que para além do lance do penálti que deu origem ao golo só por mais uma vez criou perigo, o Sporting viu mesmo o Paços de Ferreira instalar-se no seu meio-campo e acercar-se da baliza à guarda de Adán.
Ao verem os seus jogadores incapazes de reagir, a perderem a bola com tremenda facilidade e a terem vários lapsos de concentração, os adeptos sentiram a ansiedade a crescer. E foi então que surgiram os assobios. Primeiro tímidos, depois a subir um pouco de tom. Algo que Rúben Amorim ainda não tinha experimentado em Alvalade.
Mas o treinador soube reagir e do banco fez saltar Marcus Edwards e, sobretudo, Manuel Ugarte. Foi instantâneo: nos minutos seguintes o Sporting cresceu a olhos vistos em termos de intensidade e os lances de perigo, que escasseavam até então, começaram a surgir uns atrás dos outros até surgir o 2-0. Foram, talvez, 15 minutos a uma intensidade mais elevada que chegaram para justificar um triunfo justo, mas sem o fulgor de outros.
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O jogo: Amorim mexeu, mas só quando remexeu a vitória ficou garantida
Depois da paragem para as seleções, e com vários jogadores vindo dos compromissos com os respetivos países, Rúben Amorim optou por efetuar algumas mexidas no 'onze' que tinha vindo a apresentar nos últimos tempos. Na frente, Slimani, por exemplo, ficou no banco. E, no meio-campo, João Palhinha voltou a ser titular (não o era para a I Liga desde , de fevereiro) relegando Ugarte para o banco, mas esteve muito longe do nível a que se vinha exibindo até há não muito tempo atrás.
Os primeiros minutos foram de poucos ou nenhuns lances de perigo, apesar de o Sporting ter mais bola. O primeiro lance de destaque acabou por ser mesmo o da grande penalidade, aos 15 minutos. Paulinho surgiu isolado na cara do guarda-redes do Paços, André Ferreira, ladeou-o e caiu. O árbitro começou por considerar simulação, mas foi rever as imagens e considerou que, afinal, houve falta sobre o atacante. Sarabia não perdoou e fez o 1-0.
Pensou-se que, em vantagem, o Sporting iria, agora mais tranquilo, poder partir para uma exibição mais convincente. Puro engano. Apesar de Pedro Gonçalves até ter ameaçado o 2-0, foi o Paços que começou a crescer e a produzir alguns lances de requinte (ainda que sem nunca ameaçar verdadeiramente o empate) ao ponto de mandar por completo na posse de bola no arranque do segundo tempo. Até que Rúben Amorim fez, então, as tais mexidas: Ugarte substituiu Palhinha e retomou o lugar que tem vindo a ser seu no meio-campo, enquanto Edwards entrou para o lugar de um desinspirado Pedro Gonçalves no ataque.
Nos minutos que se seguiram o Sporting criou nada mais, nada menos do que cinco ocasiões flagrantes de golo (mais do dobro das que havia criado até aí), com a bola a bater nos ferros da baliza do Paços por três vezes e André Ferreira a brilhar noutras duas, antes de Nuno Santos fazer o 2-0, desmarcado por um passe fantástico de Ugarte. A história do jogo acabou aí, estavam decorridos 72 minutos.
O momento: Simulação ou grande penalidade?
Minuto 15: Paulinho cai na grande área do Paços de Ferreira e inicialmente o árbitro exibe amarelo ao avançado por simulação, mas depois de alertado pelo VAR vai ver as imagens e reverte a decisão. Retira o cartão a Paulinho, mostra-o a André Ferreira, guarda-redes do Paços, por considerar que houve toque, e assinala penálti a favor do Sporting. Sarabia não perdoou e desbloqueou o jogo para o Sporting.
Os melhores: Sarabia mostrou a classe do costume, Ugarte mostrou que, neste momento, tem mesmo de ser titular
Pablo Sarabia converteu com categoria a grande penalidade que abriu o ativo e chegou aos 16 golos de leão ao peito. A isso somou pelo menos mais uma mão cheia de pormenores de enorme classe e um remate de pé direito, em jeito, à trave, pouco antes do 2-0. Se - como tudo indica - não continuar por Portugal na próxima época, vai deixar saudades.
De quem os adeptos do Sporting também sentiram saudades - na primeira parte - foi de Manuel Ugarte. Quem diria...contratado para ser alternativa a Palhinha, o uruguaio provou (pelo que a equipa não fez sem ele e pelo que fez depois, com ele) que, neste momento, tem de ser titular indiscutível. Na retina, claro, ficou o passe para o segundo golo, mas não só.
O pior: Palhinha, onde estás?
Decisivo na temporada passada (ao ponto de passar a ser também peça importante na seleção nacional), imprescindível no início da presente época, João Palhinha não atravessa agora, claramente, um bom momento. Foi titular apenas pela segunda vez desde fevereiro na I Liga e não conseguiu, nem em termos defensivos nem em termos ofensivos, o que mostrava até há não muito tempo atrás. Coincidência ou não, quando ele saiu a equipa cresceu, e muito...
As reações
- César Peixoto: "É com este futebol que queremos continuar"
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