Rodrigo Battaglia falou pela primeira vez sobre as agressões que os jogadores do Sporting sofreram na Academia de Alcochete, no passado dia 15 de maio. O médio argentinou também foi um dos agredidos, num momento que nunca tinha visto na carreira.

"Foi um momento difícil. Na Argentina já tinha sido apertado, mas não tão pesado como desta vez. Pensamos que lá [em Portugal] não acontece, [...]. Passámos muito mal. Entraram no balneário, agrediram-nos.... Tive sorte, mas a um colega [Bas Dost] abriram-lhe a cabeça. Estávamos todos em pânico. Foi um momento estranho que não estávamos a perceber: encapuzados a entrar ali com uma atitude violenta. Foi duro. O que me passou imediatamente pela cabeça foi 'ir embora'", contou o médio, em entrevista à estação televisiva argentina 'TyC Sports'.

Sobre a possibilidade de alegar justa causa e deixar o Sporting, Battaglia lembrou que não será fácil.

"Não quero falar muito desse tema porque ainda há questões legais por resolver [...]. Agora estou de férias, quero limpar a cabeça. Não foi a primeira vez, já nos tinham 'avisado'... Depois verei o que fazer. Tenho contrato", terminou.

Questionado se as agressões dos adeptos do Sporting aos jogadores leoninos tinham sido 'encomendadas' por alguém, Battaglia escusou-se a dar a sua opinião sobre o caso, lembrando que o caso está nas mãos da justiça portuguesa.

"Estão a investigar isso. Não vou dar a minha opinião. Meteu-se o Governo, mexeu muito... Nunca tinha visto isto antes no Sporting, que é um clube fantástico. Pensei que jamais aconteceria algo assim. Ficámos surpreendidos e sem saber como reagir", contou, na entrevista à 'TyC Sports'.

Apesar das agressões a que foi alvo, das ameaças que sofreu e do clima atual no Sporting, o médio argentino mantém um pensamento positivo.

"Estou em Portugal há cinco anos, estou muito bem, gosto do país, estou num clube lindo, a jogar Liga dos Campeões e Liga Europa. Não posso pedir muito mais", atirou.

A atual crise leonina teve o seu foco inicial em 15 de maio, dia em que cerca de 40 alegados adeptos encapuzados invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns jogadores e elementos da equipa técnica.

A GNR deteve 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva depois de terem sido ouvidos no tribunal de instrução criminal do Barreiro.

Paralelamente, no âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o ‘team manager’ do clube, André Geraldes.

Na sequência destes acontecimentos, os elementos da Mesa da Assembleia Geral, a maioria dos membros do Conselho Fiscal e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.