Em entrevista à SIC Notícias, Bruno de Carvalho reagiu ao facto de a entrega da sua candidatura às eleições de 8 de setembro não ter sido aceite esta quarta-feira em Alvalade.
"Não existe nos estatutos esta figura de suspensão preventiva, eu não estou suspenso de sócio. Ao ouvir o presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), a decisão deve estar tomada porque ele chamou-me ex-sócio. O ato de rececionar uma candidatura, independentemente de cumprir ou não os requisitos, é um ato a que o ex-presidente da MAG não devia ter fugido. Garantidamente que nós neste momento somos sócios de pleno direito", começou por dizer.
"Os sportinguistas querem decidir livremente sobre o presidente. Alguém da candidatura ligou aos serviços e avisou que íamos lá e por coincidência Marta Soares estava a passear à frente do Multidesportivo, porque ele vai ao Sporting e nem entrou. Fez aquelas declarações e foi embora", frisou o presidente destituído dos 'leões', que diz mesmo que não tem dúvidas de que irá a votos a 8 de setembro.
"Tenho a certeza de que neste momento a entrega das listas será feita, estamos num país onde ainda reina a democracia. Se tenho dúvidas de que vá a votos? Nenhuma", referiu.
Sobre o processo disciplinar de que é alvo: "Não tem a ver com aceitação. A lei é que não vai aceitar essa decisão, não sou eu. Eu sou um mero cidadão cumpridor da lei. O Sporting só tem a ganhar com estas candidaturas. Que a partir do dia 9 haja um presidente para todos os sportinguistas. Temos de continuar a viver num clube democrático e moderno."
A candidatura de Carlos Vieira: "Fico contente que se considere que Carlos Vieira tem uma candidatura. Somos de facto candidaturas, sócios de pleno direito. Acredito sempre na vontade de as pessoas quererem ajudar e contribuir. Não retiro daqui mais nada, sei que há muito talento no Sporting, por isso refiz a equipa. Esta equipa neste momento permite-me estar muito mais protegido a fazer o que gosto, que é trabalhar e ter pensamento estratégico em relação ao Sporting."
O porquê de não contar com Elsa Judas: "É uma não questão. Apenas factualizei algo a que assisti, tive um sentimento de mágoa que me levou a sair e depois mal eu sabia que era a última vez porque depois me foi proibida a entrada na SAD. Tinha a ver com quotas e 10 mil euros, uma conversa que não percebi e não me agradou. Quando questionei, a pessoa não me explicou de forma convincente e comigo as coisas têm de ser muito claras."
Programa da candidatura: Pretendemos uma remodelação do estádio, adaptar a Academia para ter mais campos, dois laboratórios, um para a equipa profissional e outro para a formação, manter o investimento nas modalidades, queremos chegar aos 250 mil sócios. Que os sportinguistas se sintam confortáveis, que tenham uma Sporting TV cada vez mais moderna, que tenham orgulho do clube que é a maior potência desportiva nacional. E que já conseguimos ultrapassar a visão do nosso fundador de sermos tão grandes quanto os maiores da Europa, porque já somos como os maiores do Mundo."
Peseiro: "Não vou contribuir para atrapalhar".
Recorde-se que Jaime Marta Soares, presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting (MAG), recusou hoje receber formalmente a lista de candidatura liderada por Bruno de Carvalho, justificando com o facto de aquele se encontrar suspenso.
“Se aceitasse a entrega da candidatura do dr. Bruno de Carvalho estaria a cometer uma ilegalidade e uma irregularidade. Ele está suspenso de toda a atividade no Sporting, pelo que não poderei aceitar a sua candidatura”, disse Marta Soares aos jornalistas que se encontravam no estádio José Alvalade.
Questionado se também não irá receber a lista de candidatura encabeçada pelo ex-vice-presidente Carlos Vieira à presidência do clube, Marta Soares foi perentório: “Não aceitarei nenhuma lista de sócios que estejam suspensos ou alvo de sanções disciplinares.”
De resto, Marta Soares revelou que a sua presença em Alvalade se deveu a outro assunto que nada teve a ver com a entrega da lista do ex-presidente e alertou para a necessidade de o presidente da MAG ser avisado antecipadamente para a entrega de qualquer das candidaturas, para que possa estar à hora e no local previamente combinado para as receber formalmente.
O advogado Pedro Proença, sócio do Sporting e mandatário da candidatura de Bruno de Carvalho, a quem cabia entregar a candidatura com mais três associados, estava indignado com a atitude de Marta Soares: “Não compete ao intitulado presidente da MAG, que gosta de se arrogar arauto da legalidade, aceitar ou deixar de aceitar a entrega formal da candidatura. Tem de a receber e solicitar a quem ele considera competente que decida se a candidatura é ou não legal. A suspensão provisória com base na qual se arroga a vontade de não receber a candidatura é um disparate legal.”
“Não existe nos estatutos do Sporting essa figura da suspensão provisória, é um perfeito disparate legal”, alegou Pedro Proença, que apresentou queixa na PSP pelo facto de ter sido impedido de entregar a candidatura de Bruno de Carvalho, com um número de assinaturas correspondentes a 1.400 votos, nos serviços do clube.
O advogado foi muito cáustico com Marta Soares, acusando-o de “cobardia e desrespeito” a quatro sócios que comparecem no clube com uma missão específica, ao recusar-se recebê-los “cara a cara”, marcando uma diferença entre “sócios de primeira e sócios de segunda”.
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