A impugnação da I Liga de futebol caso o Desportivo das Aves não dispute na Vila das Aves os jogos que restam como visitado foi hoje recusada pela SAD nortenha, contrariando a visão do líder do clube.
“Ainda aguardamos pelo regulamento da Federação Portuguesa de Futebol [FPF] e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional [LPFP], mas estamos a fazer um esforço para jogar em casa. Se determinarem que não reunimos as condições necessárias, teremos de jogar fora e os jogadores irão entrar em campo para acabar o campeonato”, assegurou à agência Lusa o administrador da sociedade anónima avense, o chinês Wei Zhao.
A Liga de clubes vai divulgar em breve os estádios que podem acolher as 10 jornadas finais da I Liga, que deve ser reatada à porta fechada a partir de 04 de junho, devido à pandemia de covid-19, dando preferência aos recintos considerados de nível 1, cujos requisitos não são cumpridos pelo estádio do CD Aves, alojado no terceiro patamar.
“Temos duas coisas na mão: ou lutar para jogar no nosso estádio ou procurar outra casa. Vários clubes têm estádios sem condições e não só o Desportivo das Aves. Estamos a estudar outras opções, olhando à proximidade com a Vila das Aves. Opção pelo Estádio do Bessa? Tem fundamento, mas não posso dar mais detalhes”, explicou.
Os relatórios da FPF e da LPFP sobre as vistorias às condições de segurança e higiene dos estádios de nível 2 e 3 foram encaminhados para a Direção-Geral da Saúde, que deliberará sobre o recomeço da I Liga, suspensa desde 12 de março, com os nortenhos na última posição, com 13 pontos em 24 jornadas, nove abaixo da zona de salvação.
“É uma boa altura para voltarmos, embora a saúde dos jogadores e das famílias possa estar exposta a maiores riscos. Como em tudo na vida há opiniões distintas e temos de pensar no todo. No fim de semana assistimos à retoma da Bundesliga e correu bem. As audiências aumentaram e o futebol português precisa de cativar as pessoas”, frisou.
Há três semanas, o Desportivo das Aves pediu esclarecimentos à FPF e à Liga sobre o regresso do principal escalão em plena pandemia, numa carta assinada pelo líder da SAD, em que levantou dúvidas sobre os contratos e a segurança dos atletas.
Consciente de que “tudo pode acontecer” nas últimas rondas, Wei Zhao afirmou “não ter conhecimento nem falado com ninguém” sobre uma eventual impugnação do campeonato, cenário levantado horas antes pelo presidente do clube, caso seja inviabilizada ao Desportivo das Aves a realização dos jogos caseiros no concelho de Santo Tirso.
“Não admitimos jogar fora da Vila das Aves. A I Liga tem de ser igual para todos. Os regulamentos têm de ser cumpridos. Se o Aves não jogar no seu estádio, que está homologado pela Liga para a presente época, vai de certeza impugnar o campeonato”, prometeu Armando Silva, em declarações reproduzidas pela imprensa desportiva.
A agência Lusa tentou ouvir o dirigente, que também integra a administração da SAD e lidera o clube desde a temporada 2010/11, mas sem sucesso até ao momento.
Os avenses recebem o Belenenses SAD logo no primeiro jogo após o reatamento da competição (25.ª jornada), defrontando ainda na condição de visitados o líder FC Porto (27.ª), o Moreirense (29.ª), o Vitória de Setúbal (31.ª) e o campeão nacional Benfica (33.ª e penúltima ronda).
Após duas semanas de trabalho individual em diferentes horários e espaços do estádio e do complexo desportivo, os 66 membros da estrutura do Desportivo das Aves testaram negativo no domingo na primeira bateria de testes ao novo coronavírus, levando o treinador Nuno Manta Santos a avançar para treinos coletivos a partir de hoje.
No plano de desconfinamento face à pandemia de COVID-19, o Governo autorizou a realização à porta fechada dos 90 jogos do campeonato, que é liderado pelo FC Porto, com um ponto de vantagem sobre o campeão Benfica, e da final da Taça de Portugal, entre ‘dragões’ e ‘águias’, tendo excluído a continuidade da II Liga.
Os nortenhos têm atravessado uma série de contrariedades desportivas, diretivas e financeiras desde agosto e podem perder dois a cinco pontos pelo atraso salarial verificado entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020, dívidas justificadas pela SAD com a paralisação da atividade económica na China, motivada pela covid-19.
O processo seguiu da LPFP para o Conselho de Disciplina da FPF em 03 de abril e resultou nas desvinculações unilaterais do guarda-redes francês Quentin Beunardeau e do avançado brasileiro Welinton Júnior nos dias posteriores, quando a SAD tinha começado a liquidar verbas de janeiro e fevereiro aos plantéis principal e sub-23.
Após a declaração de pandemia, em 11 de março, as competições desportivas de quase todas as modalidades foram disputadas sem público, adiadas – Jogos Olímpicos Tóquio2020, Euro2020 e Copa América -, suspensas, nos casos dos campeonatos nacionais e provas internacionais, ou mesmo canceladas.
Os campeonatos de futebol de França, Países Baixos, Bélgica e Escócia foram cancelados, enquanto outros países preparam o regresso à competição, com fortes restrições, como sucede em Inglaterra, Itália, Espanha e Portugal, que tem o reinício da I Liga previsto para 04 de junho, depois de a Liga alemã ter sido retomada no sábado.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 315.000 mortos e infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.
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