A direção do Vitória de Setúbal, liderada por Paulo Gomes, colocou o lugar à disposição na quinta-feira, entregando simbolicamente ao presidente da Mesa da Assembleia Geral, Cândido Casimiro, cartas de renúncia.
Num vídeo publicado hoje de madrugada no sítio oficial do clube, Paulo Gomes explicou que, após a descida do clube da I Liga ao Campeonato de Portugal (por incumprimento dos pressupostos financeiros), a direção, que continua a aguardar o resultado do recurso apresentado no Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), fê-lo de forma "simbólica".
“Por uma questão simbólica, achámos que devíamos dar ao presidente da mesa da AG [Cândido Casimiro] as nossas cartas de renúncia. Atenção: não são demissões. São cartas de renúncia para que, independentemente da decisão que viesse a ser dada pelo TAD [n.d.r.: clube tinha esperança que o veredicto chegasse antes do arranque da I Liga], a nossa posição fosse exatamente a mesma”, disse.
O dirigente entende que, perante os acontecimentos que relegaram o emblema setubalense ao Campeonato de Portugal, a direção que preside desde janeiro de 2020 deve ser legitimada pelos sócios.
“A queda abrupta para a terceira divisão, decretada pela Liga por não cumprirmos os três pressupostos, tornou-se um facto muito importante que fez esta direção pensar que, para poder continuar, teria obrigatoriamente de ser legitimada pelos sócios. Podia fazê-lo de várias formas: tentar fazer uma assembleia-geral, que neste caso não foi possível, mas teria de ser obrigatoriamente legitimada. Havia um processo em curso e fizemos os nossos recursos, essencialmente no TAD. Enquanto os processos não fossem decididos e não arrancasse a 1.ª jornada da Liga deveríamos dar a ideia de estarmos todos unidos em prol de uma decisão que fosse favorável”, explicou.
Paulo Gomes refere no vídeo, que tem a duração total de 20 minutos, que, após a entrega das cartas de renúncia, a decisão sobre a sua continuidade ou saída cabe agora a Cândido Casimiro e aos associados.
“Não sei qual é a melhor solução. Há quem diga que se sairmos é um ato de cobardia e quem diga que se ficarmos estamos agarrados ao lugar. O desgaste nesta fase é grande, porque tivemos seis meses muito difíceis por não haver receitas, o clube esteve completamente parado. De qualquer forma, fomos trabalhando nas soluções para o futuro próximo. A decisão estará na mão do presidente da AG e dos sócios”, vincou.
O presidente da direção admitiu que a gestão do clube, que vai participar na série H do Campeonato de Portugal, vai ser complicada nos próximos tempos.
“Vai ser difícil. Já tínhamos dois/três projetos em andamento para serem validados em assembleia. Tínhamos um protocolo fechado, assinado pela direção, com uma academia africana em que entraria no Vitória um valor acima de meio milhão de euros. Esse valor seria para tesouraria e melhoramento de estruturas do clube. Temos o plantel a trabalhar para lutar jogo a jogo por colocar o Vitória na II Liga. As decisões têm de ser feitas de forma célere para que no final deste mês já existam soluções para o clube”, disse.
Apesar das dificuldades que o Vitória de Setúbal vive, Paulo Gomes discorda da opinião dos que defendem que a SAD deveria declarar a insolvência.
“Ouvimos alguns sócios dizer que o melhor é ‘insolver’ a SAD. Esta direção acha que não deve ser esse o caminho e que a SAD se deve manter. Primeiro, o processo do recurso não terminou, pode ir para os tribunais administrativos e a decisão será, certamente, tomada a nosso favor. Depois, se a SAD se dissolver, o clube fica desprotegido. Acho também que devemos ter um parceiro/investidor que possa resolver os problemas financeiros do clube a curto prazo para que a SAD se torne funcional”, defendeu.
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