Imparável e intratável. Calibrado e oleado. Foi um Sporting esfomeado aquele que goleou o Farense esta noite por 5-0 no Estádio do Algarve, no encontro que lançou a terceira ronda da I Liga de futebol. Gyokeres fez três à sua conta, Edwards entrou para fazer uma Edwardice (que golaço), num jogo onde Lucas Áfrico teve azar (penálti feito e autogolo).
Quem quiser acompanhar este Sporting na luta pelo título terá de dar à perna. A qualidade do futebol, à terceira jornada, deixa os adeptos leoninos com 'água na boca' pela inédita renovação do título.
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Leões em todo o lado
O Nacional avisou o Farense, o Farense pode não ter ouvido. Os 6-1 da semana passada aos alvinegros na Choupana foi o primeiro sinal deste Leão esfomeado, reforçado e calibrado, num futebol que entusiasma e que faz a massa adepta leonina acreditar na renovação do título.
O trabalho feito na Madeira foi tão bom que Rúben Amorim decidiu apostar nos mesmos que deram a meia dúzia ao Nacional. José Mota, um 'velho lobo do mar' que é esta Primeira Liga, tinha a tarefa de arranjar um plano para travar Gyokeres e companhia. O que quer que tenha planeado, deu para o torto.
Numa mesa cheia, à portuguesa, claro - jogo no Estádio do Algarve, quase lotado, com adeptos do Sporting em maioria - serviu-se futebol-champanhe, com os chefs Quenda, Daniel Bragança, Pote, Trincão, Catamo e Gyokeres a servirem iguarias em combinações fantásticas, que deixavam José Mota de braços no ar, sem saber o que dizer aos seus jogadores e entusiasmava a plateia.
Os Leões de Faro tentavam sair rápido, mas tão rápido que facilmente ofereciam a bola aos Leões de Lisboa.
Acelerando pelo meio, pelos flancos, em combinações curtas, passes longos, diagonais curtas e longas, fintas, pormenores técnicos acima da média, o Sporting vinha de todos os lados, em diferentes velocidades.
Pote, aos três e aos quatro minutos, chamou Ricardo Velho ao jogo, Gyokeres viu Lucas Áfrico cortar o seu remate de cabeça, aos sete e Ricardo Velho a sair bem, a fazer a mancha e a travar o seu 1-0. O sinal vermelho, de perigo, continuava a piscar, José Mota só conseguia pedir calma aos seus jogadores.
A dinâmica leonina obrigava os jogadores do Farense a recorrer a falta para travar os ataques. Tiago Martins teve de ir ao bolso para colocar alguma calma na agressividade dos algarvios.
Apoiado pelo fantástico público leonino que disse 'presente' no Estádio do Algarve, os campeões nacionais chegaram finalmente ao golo aos 27 minutos. A jogada é de alto quilate, com pormenores técnicos de equipa de Champions. Quenda, de 17 anos (parece jogar nos seniores há muitos anos), fletiu da direita para o meio, deixou em Pote que picou para Daniel Bragança disparar de primeira, todo no ar. Ricardo Velho cresceu para a defesa, mas Gyokeres estava no sítio certo para recolher e disparar para a baliza.
O primeiro era aviso de que ainda vinham mais. Aos 37 minutos, um centro para a área desviou em Pote e depois na barriga de Lucas Áfrico antes de bater no braço (estava aberto) de Lucas Áfrico. Os dois jogadores estavam colados, mas o árbitro Tiago Martins entendeu que era falta para grande penalidade. Mesmo depois de alertado pelo VAR e de rever o lance no monitor, manteve a decisão. Oportunidade para Gyokeres fazer o 2-0, aos 42 minutos e mostrar os dentes aos rivais: acabou como melhor marcador na época passada e esta época vai atacar novamente a Bota de Ouro. 5.º golo em três jogos e a liderança da tabela dos melhores marcadores.
Gyokeres imparável, Edwards de génio
José Mota, que sabe muito disto (treinador com mais jogos e épocas de Primeira Liga neste momento), trocou Neto por Rafael Barbosa para tentar ter bola e sair da teia montada pelo Sporting. Mas a noite era do campeão nacional.
Já com Nuno Santos no lugar do miúdo Geovany Quenda, o goleador da Liga voltou a espalhar terror, ao fazer o 3-0 aos 66 minutos. Perda de bola do Farense no meio-campo, ligação direita Danie Bragança-Gyokeres. Moreno, o homem que lhe dava marcação, não quis ir na queima (estava amarelado), deu-lhe o lado esquerdo e o sueco não se fez rogado: puxou para o pé menos forte, disparou forte, Ricardo Velho ficou pregado no relvado.
Ao Sporting tudo saía às mil maravilhas. Ao Farense, era ao contrário. Não conseguia ligar o jogo, não conseguia quatro passes seguidos. A sorte do Sporting (que deu muito trabalho) era tanta que nem precisava de rematar para marcar. Um livre do laboratório de Alcochete foi batido por Pote para Nuno Santos, que centrou de primeira em vôlei. A bola ia ter com Gyokeres ao segundo poste, mas Lucas Áfrico nem deixou que o sueco gastasse energias. Bola na cara, bola dentro da baliza e 4-0 para o Sporting. Muita infelicidade do antigo central do Marítimo, que já tinha estado no penálti do 2-0.
Rúben Amorim aproveitou para lançar Debast e Marcus Edwards, nos lugares de Daniel Bragança e Eduardo Quaresmas mas, quem entrava, parecia vir com mais fome dos que já lá estavam. Pedro Gonçalves tirou tinta ao poste aos 74, num remate cruzado, Catamo exagerou na força e não conseguiu servir Gyokeres perto da linha de bolo, aos 77.
As circunstâncias eram boas para a genialidade de Marcus Edwards. Perante um Farense desacreditado, goleado na sua casa, o pequeno inglês pegou a bola na zona central, passou por vários adversários, entrou na área, entortou um e atirou a contar, para o 5-0. Que golaço! O génio do extremo a sair da lâmpada.
Até ao final, ainda houve tempo para dois falhanços incríveis de Gyokeres.
Onze golos nas duas últimas saídas é o registo do Sporting neste início de campeonato. Na próxima ronda recebe o FC Porto em Alvalade. Oportunidade para a desforra leonina, após a derrota na Supertaça por 4-3, num jogo onde esteve a vencer por 3-0.
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