O caso E-toupeira e as últimas incidências em torno do Benfica que colocaram o emblema da Luz no foco mediático pelas piores razões, nomeadamente o assessor jurídico Paulo Gonçalves, foram tema de debate no programa 'Universo Porto da Bancada' do Porto Canal.

"Já se percebeu que a estratégia do Benfica é desvalorizar o que eles entendem ser o baixo valor da contrapartida. Poderia nem haver contrapartida. A meu ver, o que está em causa é a tal organização tentacular. Não sei se ouviram as declarações do advogado do arguido José Silva, que está detido, eu fiquei perplexo ao ouvi-lo. Não percebi se estava a defender o cidadão José Silva ou o Benfica. Isso é estranho. Muito estranho. Aqui o que está em causa é um ataque como não há memória a um pilar fundamental da sociedade portguesa, do Estado português. Regemo-nos por regras que todos devemos respeitar. A justiça não permite interferências e depois há uma entidade, que é o Benfica, que através do seu diretor jurídico, contrata ou combina com funcionários judiciais e eles fazem uma entrada massiva no sistema. Não foi espreitar pelo buraco da fechadura, ao contrário do que Vieira disse todo pomposo, claro que não, o Benfica abre as portas todas e vai lá dentro mexer em tudo. Não só vai espiolhar como elimina objetos das buscas, espia processos dos rivais e pelos vistos vai alterar peças processuais. Há pormenores que podem transformar um potencial culpado num muito provável inocente. Isto é de uma gravidade enorme que ultrapassa e muito a questão futebolística. O FC Porto sente-se prejudicado por isto. É concorrente do Benfica, um clube que incorre em más práticas. Depois, tem acesso indevido à justiça portuguesa. Não pode ser. Ultrapassa a nossa capacidade de compreensão", começou por dizer o diretor de comunicação dos azuis e brancos no referido programa.

"A posição do Benfica é foram só uns bilhetes e umas camisolas. Até vinham com o limiar dos 150 euros de ofertas permitidos às equipas arbitragem e administração pública. O comportamento do Benfica não surpreende e está em linha com outros que temos vindo a denunciar. Este tem a particularidade de ferir o Estado português. A mim surpreende-me e lamento imenso ainda não ter ouvido ninguém do Governo falar sobre isso. Demasiado grave. Não podemos fingir não está a acontecer. Será incrível voltar aos processos em papel por não se confiar em quem tem acesso ao sistema. Mostra o poder tentacular do Benfica", acrescentou.

Francisco J. Marques afirmou ainda que, "só engole a tese de que isto era uma prática isolada do Paulo Gonçalves quem quiser fazer figura de totó. Estavam todos metidos nisso e beneficiavam da informação. Tendo o Benfica contratado uma série de sociedades de advogados, isso foi uma decisão da administração da SAD. Pelo menos uma delas teve aceso às informações irregulares de Paulo Gonçalves. A quem é que a sociedade Vieira de Almeida presta contas? É a administração, que sabia, e por maioria de razão sabia também o presidente do Benfica. Paulo Gonçalves é de facto o mau da fita, em muitas coisas e em todos os casos em que o Benfica está metido, mas não é o único, nem o único a estar em todas. Luís Filipe Vieira também está".

Em jeito de conclusão, o diretor de comunicação do FC Porto deixou ainda uma questão: "quais foram os advogados dentro das sociedades que tiveram a lata de cometer um crime desta dimensão? Pior só se tivessem atentado contra a vida de alguém. A Vieira de Almeida é das mais prestigiadas e caras do país. A sociedade portuguesa tem de fazer esta reflexão. Não é o Benfica que está em questão, mas sim estas pessoas do Benfica, dado que o clube pelos vistos caiu nas mãos de gente de mal, que não tem escrúpulos e faz coisas destas".